Relembrando Enguita
Em seu livro “A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo”, da editora Artes Médicas, 1989, na p. 203, Enguita escreve:
“A escola é um lugar no qual as crianças e jovens são constantemente avaliados por outras pessoas: ao final de seus estudos, de cada nível educacional, de cada ano escolar, de cada semestre, de cada mês … A avaliação é, de fato, um mecanismo onipresente na cotidianeidade das salas de aula, pois tem lugar formal ou informalmente – mas sempre com efeitos – cada vez que o aluno responde ou deixa de responder uma pergunta do professor, mostra-lhe seu trabalho ou torna visível seu comportamento, além da lista interminável de exercícios, provas testes e outros dispositivos específicos para esse fim”.
“Na escola aprende-se a ser constantemente preparado para ser medido, classificado e rotulado; a aceitar que todas nossas ações e omissões sejam suscetíveis de serem incorporadas ao nosso registro pessoal; a aceitar ser objeto de avaliação e inclusive desejá-lo. O agente principal do processo de avaliação é o professor, mas a ele se somam os corpos examinadores externos …”
“Mais importante ainda é a incorporação dos demais alunos à avaliação de cada um, pois dado que a interação entre o professor e o aluno se dá quase sempre em público, ninguém escapa à oportunidade de ser avaliado explícita ou implicitamente pelos demais nem se vê privado de lhes pagar na mesma moeda”.