Retratos do atraso educacional no Censo

JC Notícias – 20/05/2024

Taxa de analfabetismo brasileira em 2022 é superior à dos Estados Unidos em 1920 e igual à de Uruguai e Argentina em 1970. E ainda temos o desafio do analfabetismo funcional”, comenta o colunista do jornal O Globo, Antônio Gois

O fato de o IBGE ainda divulgar, em 2024, taxas de analfabetismo adulto no Brasil já é um demonstrativo de nosso atraso. Os dados do Censo 2022, divulgados na sexta-feira, mostram que 7% dos brasileiros com 15 anos ou mais não sabem ler e escrever um simples bilhete. Em perspectiva histórica, nossa defasagem é gritante. Os Estados Unidos, por exemplo, registravam em 1920, segundo o Centro Nacional de Estatísticas Educacionais (equivalente ao nosso Inep), um percentual de 6% de analfabetos. A partir de 1980, quando as taxas por lá ficaram inferiores a 1%, o foco nas divulgações passou a ser no analfabetismo funcional.

De acordo com o site Our World in Data, os 7% do Brasil atual foram verificados em 1970 na Argentina e no Uruguai. Uma base de dados da Harvard Business School mostra que a Coreia do Sul, que teve impressionante avanço no século passado, já em 1980 apresentava taxa inferior à do Brasil de 2022. De acordo com a mesma fonte, na França a barreira dos 7% foi ultrapassada entre 1920 e 1925. Em resumo, são 100 anos de atraso em relação aos EUA e França, 50 anos comparados a Uruguai e Argentina, e 40 ante a Coreia do Sul.

No caso brasileiro, o analfabetismo adulto está concentrado nas populações idosas. Na faixa de 65 anos ou mais, por exemplo, vai a 20%. Mas é preocupante constatar certa inércia demográfica nesse indicador, pois o principal motor de queda na taxa é meramente um efeito de substituição de uma geração mais velha por outra mais nova, e não o fato de mais adultos estarem aprendendo a ler e escrever.

Veja o texto na íntegra: O Globo

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