Sentido!
Ainda a militarização de escolas públicas do DF
Benigna Villas Boas
Hoje, 12/03/2019, faz um mês da implantação da militarização de escolas públicas do DF e muitas dúvidas, incompreensões e controvérsias persistem. O Bom Dia DF de hoje dedicou um bom tempo a este tema. O que mais me chamou a atenção foi a declaração do Sub-Secretário de Educação, segundo o qual a falta de professores será suprida por militares. Aliás, cabe esclarecer que ele não estava à vontade para dar informações, estava até titubeante. Parecia não entender bem o que essa iniciativa significa. Equipes do governo estão usando o precioso tempo de aprendizagens dos estudantes das escolas públicas para ensaiar uma sistemática com vistas a moldar o seu comportamento. As imagens do programam mostram isso. Preencher o tempo de aulas por militares, quando faltam professores, é um descaso e um descompromisso com as aprendizagens dos estudantes das escolas públicas.
A reportagem mostrou estudantes sérios, que não demonstravam estar à vontade dentro da escola, circulando com as mãos para trás e policiais ocupando o tempo de aulas com preleções. As salas de aula mais pareciam “celas” de aula. Fiquei indignada com o que vi pela tv.
Um professor universitário, entrevistado, afirmou que os setores produtivos requerem profissionais “fora da caixa”, inovadores, e que esse modelo não condiz com essa necessidade.
Uma das dirigentes do Sindicato de Professores do DF alertou que a grande preocupação não é tanto a presença de militares nas escolas, mas “o investimento” que, em sua análise, deveria ser usado em todas as escolas, sem a necessidade da presença de militares. Como se pode perceber, o tema é controverso e dá margem a muitas interpretações.
Preocupo-me com a infiltração de policiais nas escolas porque este fato está dando a falsa impressão de que os problemas de “comportamento” dos estudantes serão resolvidos e os professores poderão “dar suas aulas”. A situação em que se encontram as escolas públicas do DF exige soluções mais amplas e comprometidas com as aprendizagens de todos os estudantes. Por enquanto, a Secretaria de Educação, os gestores escolares e os pais/responsáveis estão maravilhados com a “ordem” nas escolas.
Fala-se muito em disciplina, como se ela significasse apenas obediência e submissão, como é o caso do setor militar. Em educação, o enfoque é na imprescindível disciplina para o trabalho: cumprimento de horários; execução das atividades nos momentos definidos; aproveitamento do tempo escolar; atitudes de colaboração e de bom relacionamento com colegas e professores; entrosamento escola/famílias; ouvir respeitosamente opiniões contrárias etc.
Conclamo a Secretaria de Educação do DF e os cursos de formação de professores se unirem para análise aprofundada do que está sendo denominado de “gestão compartilhada”. De nada adianta ficarmos fazendo críticas e não agirmos.
VAMOS CONSTITUIR UM GRUPO DE ESTUDOS E ACOMPANHAMENTO DESSE TIPO DE GESTÃO? ESTÁ LANÇADO O DESAFIO.