Alunos e professores opinam sobre aulas remotas

JC Notícias – 04/08/2020

Pesquisa com comunidade acadêmica começou em julho; um dos objetivos é entender a percepção dos alunos e professores sobre a nova rotina de aulas e estudos

O Ministério da Educação (MEC) ampliou o prazo da pesquisa com a comunidade acadêmica sob a nova rotina de aulas e estudos diante da pandemia de Covid-19. Alunos e professores de todas as instituições de ensino superior das redes pública e privada que estavam matriculados ou lecionaram no primeiro semestre deste ano, em cursos presenciais, têm até o dia 14 de agosto para participar, respondendo a um questionário on-line a respeito das experiências com as aulas nesta época de restrições e isolamento social.

A iniciativa é um desdobramento da publicação da Portaria nº 544, de 16 de junho de 2020, que trata da substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais durante a circulação do novo coronavírus. O objetivo é entender a percepção dos alunos e professores sobre a nova rotina de aulas e estudos, bem como obter informações sobre as ferramentas e tecnologias utilizadas no caso das substituições ocorridas nos cursos presenciais com a utilização de TICs, além de utilizar as informações para melhorar as políticas regulatórias e de supervisão do sistema federal de ensino superior.

Questionários
O MEC trabalha em parceria com a organização social, Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), para a elaboração da pesquisa, o cruzamento de dados e a consolidação das respostas. Foi criado um formulário específico para cada grupo: um para as instituições de ensino (para checar a adesão às aulas remotas e dados sobre evasão escolar, por exemplo), outro para os professores e um terceiro para os alunos – esses dois últimos têm perguntas a respeito da suspensão das aulas e da oferta de ferramentas adequadas para as aulas em meios digitais. Das cerca de 3.000 instituições de ensino superior credenciadas pelo MEC, 1.339 responderam ao questionário, o que corresponde a 44,6% do total. Aos alunos e professores, os questionários foram disponibilizados no dia 15 de julho. Se você é professor do ensino superior, poderá acessar e responder ao questionário aqui. Ou se você é aluno de qualquer instituição do ensino superior, poderá clicar aqui para acessar e responder ao questionário. De toda a forma, alunos e professores também receberam o questionário por meio do e-mail cadastrado junto à instituição de ensino.

MEC

 

Posicionamento da Associação Brasileira de Alfabetização (ABAlf) sobre aulas remotas em tempos de pandemia

A Abalf chama a atenção para a necessidade de as redes de ensino, as escolas, os docentes e as famílias, conjuntamente, comprometerem-se com amplo debate sobre a garantia do efetivo direito de aprendizagem da leitura e da escrita das crianças, jovens, adultos e idosos durante e no pós-pandemia, como instrumento político que contribui para a inserção social e cultural de todas e todos como cidadãs e cidadãos.

A OMS e o Ministério da Saúde preveem um tempo longo de isolamento social, o que trará prejuízos para o ano escolar. Em vista disso, alguns estados e municípios estão implantando propostas de atividades remotas para a Educação Básica. Embora se entenda a responsabilidade e compromisso que estão envolvidos nessas ações, elas se apresentam um tanto açodadas e homogeneizantes, pela ânsia de minimizar possíveis prejuízos de um longo período sem atividades escolares, entende a Abalf. A Medida Provisória, editada pelo governo federal em 1º de abril do presente ano, ao permitir que escolas e redes de ensino não cumpram o mínimo legal de 200 dias letivos de aulas presenciais, mas mantenham a carga horária de 800 horas, dá margem para a ampliação de propostas de atividades remotas, mesmo que as redes e os estudantes não tenham condições para tal.

A Abalf alerta para o fato de que “essas ações/orientações deslocam para professores e famílias responsabilidade que é da administração dos sistemas educacionais, sejam eles públicos ou privados. Além disso, estratégias desse tipo requerem dos professores domínio de ferramentas de comunicação virtual e digital, de mídias específicas e suas linguagens, que não se resolvem meramente do ponto de vista técnico. O uso delas aplicado à Educação requer formação específica e aprofundada, sob risco de ampliar e agravar as disparidades já existentes no sistema Educacional do país”. A associação propõe para reflexão: “é preciso considerar que trabalho/aulas/atividades remotas, a dita “educação a distância”, requer tutores on-line, formação docente específica, plataformas on-line, material didático específico e público com conhecimento mínimo e condições de acesso a rede de Internet e dispositivos didáticos virtuais, o que não cabe nem na legislação nem nas realidades da maior parte dos alunos da Educação Básica no Brasil. A isso soma-se a etapa da alfabetização, que requer processo específico de interação constante entre professores e alunos, de modo que as ferramentas digitais apresentam limitação nesse sentido”.

A Abalf acrescenta suas preocupações: “1) como o docente irá planejar um ensino de emergência/remoto para as mais diversas realidades sociais de crianças, jovens, adultos e idosos, sobretudo àqueles cujo acesso à tecnologia inexiste ou é precário? 2) Como planejar e ressignificar as estratégias próprias de aulas presenciais, garantindo o acesso e a aprendizagem de todos? Alfabetizar exige afetividade, interação entre pares, jogos, brincadeiras, leituras, conversas, dramatizações, registros diversos, livros e outros materiais, portanto, como garantir que essas atividades ocorram de modo à distância? 3) Muitas dessas atividades, associadas às interações entre as crianças e entre as crianças e os professores, requerem a observação, participação complementação e intervenção dos professores, para se garantir e ampliar o processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, a aula remota é um padrão que não permite este gerenciamento pedagógico e essa observação fundamental para se avançar no processo de alfabetização”.

A estas preocupações cabe acrescentar que, por estar em quarentena e supostamente em casa, a maioria dos pais está preocupada com a sua sobrevivência e que grande número deles não possui equipamentos eletrônicos, rede wifi, nem níveis de escolarização e letramento elementares. Além disso, “conduzir processos de ensino e didatizar saberes requerem formação específica, sendo de responsabilidade de professores”.

Finalmente, a quais grupos sociais tais ações beneficiarão?   

http://abalf.org.br/?page_id=69
 

Pais e professores: ensino remoto não é dia letivo

Pais e professores: ensino remoto não é dia letivo

por Luiz Carlos de Freitas

Pais e professores estão se organizando para impedir na justiça que aulas remotas possam contar como dias letivos. “É com essa preocupação que começam a surgir ações do Ministério Público e projetos de lei para impedir que o ensino remoto na educação básica seja contabilizado como parte das horas letivas obrigatórias estipuladas pelo Ministério da […]

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Luiz Carlos de Freitas | 03/05/2020 às 1:31 PM | Tags: Pandemia, Resistência | Categorias: Segregação/exclusão, Weintraub no Ministério | URL: https://wp.me/p2YYSH-7dW, no blog do Freitas