REFLEXÃO SOBRE O ENEM

REFLEXÃO SOBRE O ENEM

Profa. Dra. Maria Susley Pereira

“DF tem apenas uma escola entre as 50 melhores do país”. Esta é a manchete do jornal Correio Braziliense, publicada em 05/08/2015, referindo-se ao ENEM.

O Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, segundo o Ministério da Educação, tem por objetivo avaliar o desempenho do aluno ao fim da educação básica. A cada aplicação desse exame vivenciamos uma enxurrada de publicações da mídia que nos obriga a refletir sobre, no mínimo, duas questões: em primeiro lugar, o ENEM é um instrumento de avaliação externa em larga escala incapaz de expressar, de forma verossímil, a quantas andam as aprendizagens dos alunos, especialmente, porque só participa dele quem quer, o que, entre outros fatores, inviabiliza termos uma noção mais objetiva acerca do que os alunos são ou não capazes após irem à escola por, pelo menos, 12 anos. Isso não quer dizer que o que atrapalha é fato o de o exame ser voluntário, mas sim porque a feição do exame passou a ser a de um grande concurso, um “vestibularzão”, e nada mais, e que, na prática, tem servido apenas para escolher quem vai participar de algum programa federal (SISU, FIES, etc.). Assim sendo, nem deveria ser considerado instrumento de avaliação educacional.

Em segundo lugar, é preciso pensarmos, com máxima reflexão crítica, acerca das manchetes midiáticas e das propagandas geradas a partir do ranqueamento nítido proveniente dos resultados desse exame. De que vale saber se uma unidade da federação ficou em 1º ou 68º lugar? O que isso significa em termos de “qualidade” da educação ofertada? O que isso nos mostra em relação ao que nossos alunos estão aprendendo ou não? O fato é que não se tem uma análise desses resultados que possa contribuir para o panorama geral da educação no país. Temos uma classificação que, naturalmente, desconsidera todos os fatores relacionados às características de cada escola, de cada profissional da educação envolvido, de cada aluno, de cada cidade. Enfim, como qualquer classificação, se exime do contexto real da educação no Brasil.