JC Notícias – 05/11/2020
A professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, apresentou a conferência “Formação de professores para a era da informação e das tecnologias digitais” nessa quarta-feira, 4 de novembro, durante a 72ª Reunião Anual da SBPC
Com a pandemia provocada pelo novo coronavírus, a falta de preparo tecnológico dos professores e de instituições para as aulas remotas ficaram em evidência, afirma Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, professora associada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), durante sua conferência “Formação de professores para a era da informação e das tecnologias digitais”, realizada nessa quarta-feira, 4 de novembro. A atividade foi apresentada pelo professor adjunto do Instituto Metrópole Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Charles Andryê Galvão Madeira.
Para ela, a pandemia deixou claro que os professores necessitam maior domínio das tecnologias para aplicarem no aprendizado, mas, para isso, precisam de capacitação. “O professor precisa ter não só fluência digital, mas entender as contribuições que as tecnologias trazem para os processos de ensinar, aprender e desenvolver o currículo para poder discernir qual tecnologia usar em cada situação. E como as tecnologias estão em contínua evolução, esse professor terá de ter o desenvolvimento profissional. Ou seja, aprendizagem ao longo da vida.”
Para ela, as tecnologias não estavam incorporadas no currículo dos cursos, inclusive nos de licenciatura. “Essa integração transversal no currículo não acontecia”, observa.
“Quando se olha para trás e falamos de tecnologias e formação de professores é possível enxergar uma trajetória percorrida, mas que há muitos desafios. A cultura digital afeta todas as instâncias da educação e para a prática pedagógica oferece potencialidades, ganhos, riscos e dificuldades”, comenta. Para ela, essa cultura não substitui, mas afeta todas as instâncias da educação e traz grandes potencialidades para a melhoria da educação, mas que, para isso, requer ressignificar o currículo e reconfigurar a formação dos professores.
Outro problema apontado pela especialista é que as diretrizes usadas nas aulas remotas são baseadas em teorias que constam em currículos da Finlândia e Singapura, muito distantes da realidade da educação brasileira. “Estamos diante de contradições, por isso, precisamos nos posicionar para que este momento possa inspirar mudanças na formação de professores.”
Ela avaliou a decisão do Ministério da Educação (MEC), que autorizou a realização de estágio a distância até dezembro de 2020. “Os alunos de licenciatura vão poder acompanhar professores de educação básica no ensino remoto, o que antes não acontecia. Ou seja, esse aluno está tendo a oportunidade de enxergar que os cursos não os preparavam para isso. Essa pandemia está mostrando o caminho que iremos percorrer nos próximos anos. Está claro que a instituição formadora terá de implantar novas diretrizes até o final do ano que vem”, explica.
Assista aqui à conferência na íntegra.
Vivian Costa – Jornal da Ciência