JC Notícias – 22/05/2020
Em meio à rotina de aulas remotas, professores relatam ansiedade e sobrecarga de trabalho
Com jornadas duplas e até triplas, educadores das redes pública e privada enfrentam desafios técnicos e emocionais para cumprir seu ofício em tempos de pandemia
Em meio a uma pandemia que confinou um terço da humanidade em casa e criou novas dinâmicas de relações afetivas e profissionais virtuais, à distância, o ofício dos professores e educadores foi um dos que sofreu mudanças mais profundas. Tendo como instrumentos essenciais de seu trabalho o próprio corpo e a própria voz, eles agora têm como ferramentas imprescindíveis os celulares, computadores e redes sociais. Em meio à adaptação a essa nova forma de trabalho, eles enfrentam maiores responsabilidades e cobranças em suas tarefas. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Península com 2.400 professores da educação básica de todo o Brasil, das redes privada e pública, desde a educação infantil até o ensino médio, incluindo diferentes modalidades como a EJA (Educação de Jovens e Adultos) mostrou que, desde o início da pandemia, esses profissionais relatam ansiedade perante as aulas remotas e sobrecarga de trabalho. “Eles tiveram que transformar toda a sua rotina, em jornadas duplas ou até triplas, se somarmos os trabalhos domésticos e a educação em casa dos próprios filhos”, explica Heloísa Morel, diretora do Instituto Península.
“Acabamos dando aula para as crianças, para os pais e para os coordenadores pedagógicos, somos a ponte entre todo o sistema escolar”, relata Mari Souza, professora do ensino básico em uma escola particular de Salvador. Em 21 anos de carreira na educação, esta é a primeira vez que ela perdeu o contato direto com seus alunos. Além da saudade das crianças, Mari lamenta os problemas técnicos que as aulas remotas acarretam. “Outro dia mesmo tinha uma aula por Skype, mas perdi a conexão. Agora, gasto mais tempo para preparar as aulas, porque o que antes era passado presencialmente, de modo mais fácil, tem que ser preparado em powerpoint, em outras linguagens”.
Leia na íntegra: El País Brasil