Trabalho pedagógico colaborativo no ensino fundamental

Trabalho pedagógico colaborativo no ensino fundamental

Benigna Villas Boas

Sempre atento às produções sobre organização do trabalho pedagógico e avaliação, o Grupo de Pesquisa Avaliação e Trabalho Pedagógico – GEPA, em seu encontro do dia 06/10/2018, analisou o texto “Trabalho pedagógico colaborativo no ensino fundamental”, um dos capítulos do livro Ensino fundamental: da LDB à BNCC, organizado por Ilma P. A. Veiga e Edileuza Fernandes da Silva, publicado pela Papirus, em 2018. O livro trata de temas relevantes, como o capítulo sobre o qual teço algumas considerações: “Trabalho pedagógico colaborativo no ensino fundamental”.

As autoras, Enílvia Rocha Morato Soares, do GEPA, e Rosana César de Arruda Fernandes, magistralmente conduzem os leitores à compreensão do foco do texto, trabalho pedagógico colaborativo, iniciando por considerações sobre a organização do trabalho da escola nos moldes da produção fabril, quando se desenvolviam atividades, muitas vezes, de forma acrítica. O caráter político dessa forma de atuação, cujos resquícios ainda podem ser encontrados, é destacado, assim como a necessidade de se repensar a atual organização do trabalho pedagógico no ensino fundamental, da qual faça parte o compromisso de seus profissionais com a democratização do saber.

O objetivo do capítulo é analisar as perspectivas de profissionais acerca do trabalho pedagógico realizado em duas escolas públicas do DF, uma escola classe do ensino fundamental I e um centro de ensino fundamental II.

O trabalho pedagógico é apresentado em duas dimensões: uma ampla, voltada para o que se realiza na escola, como um todo, e outra restrita, voltada para o interior da sala de aula, onde se dá a interação de professores e estudantes. Com propriedade, uma das docentes participantes da pesquisa entende o trabalho em sala de aula norteado pelo “objetivo de promover as aprendizagens de todos, alunos e professores”. Contudo, foi observada ausência dos pares na organização do trabalho pedagógico, seja na sala de aula e na escola. O trabalho colaborativo ainda é um desafio para a escola básica, alertam as autoras.

A discussão sobre o trabalho pedagógico põe em destaque a gestão democrática, a avaliação, a organização curricular, a formação docente e a coordenação pedagógica. Em função da limitação de páginas imposta a um capítulo, cada um desses elementos é tratado brevemente, porém, deixando a possibilidade de os leitores ampliarem suas leituras por meio dos autores citados.

Segundo minha percepção, o tema avaliação poderia ter sido o primeiro colocado, com a justificativa de ser o carro-chefe da organização do trabalho pedagógico, de modo a assegurar sua função formativa de promotora das aprendizagens de todos os sujeitos e não somente os estudantes. A avaliação não apenas se articula aos demais elementos: ela dá início a cada um deles, o acompanha e o conclui. A redação abaixo traduz este entendimento das autoras, embora tenha ficado subentendido:

Nessa direção a avaliação intenciona a promoção das aprendizagens dos estudantes e de toda a escola, porque informa aos sujeitos participantes do ato educativo as aprendizagens conquistadas, o que ainda falta ser aprendido e como essas aprendizagens podem ser construídas visando não só ao progresso contínuo dos estudantes, mas também à melhoria da qualidade do trabalho realizado por toda a escola (p. 87).

Sendo assim, a avaliação está sempre presente no processo de gestão democrática, na organização curricular, nas atividades de formação docente e da coordenação pedagógica. Cada um deles cumpre objetivos específicos, tendo na avaliação uma companheira inseparável. Objetivos e avaliação, bem atrelados, fortalecem a dinâmica de trabalho, incluída a agenda a ser atingida.

Ainda temos um longo caminho a percorrer para ter implantada essa concepção de avaliação como mola propulsora das atividades escolares. Ela terá de abandonar suas práticas competitivas e excludentes para contribuir para a construção da democracia escolar. Os integrantes do GEPA têm trabalhado com afinco para difundir esta compreensão.

As sinalizações finais do capítulo costuram muito bem os elementos do trabalho pedagógico colaborativo, “com vistas à construção de uma escola de qualidade social para todos” (p. 96). É o que almejo ardentemente.

Parabenizo as duas estimadas autoras, desejando que o capítulo de sua autoria penetre nas escolas e nos cursos de licenciatura.

 

 

 

 

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