UNIFICAR E INTERNACIONALIZAR AS LUTAS PARA BARRAR A MERCANTILIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

Fonte: clipping da ADUNB, DE 10/08/2014

 

Unificar e internacionalizar as lutas para barrar a mercantização da Educação

Esta foi a síntese da mesa que debateu “Conjuntura, lutas sociais e educação”, na abertura do Encontro Nacional de Educação, no sábado pela manhã

A conferência que abriu os trabalhos do Encontro Nacional de Educação (ENE), no sábado (9), pela manhã tinha como objetivo subsidiar os grupos de debates que aconteceriam à tarde. A mesa com o tema “Conjuntura, lutas sociais e educação” foi composta pela professora mexicana Maria Luz Arriaga, pelo professor do Instituto Federal de São Paulo, Valério Arcary, e pelo professor da UFRJ, Roberto Leher.

A mediação feita pela presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira, elencou os eixos centrais que permeariam a mesa e todas as discussões do Encontro: privatização e mercantilização, financiamento, precarização das condições de trabalho, acesso e permanência, democratização da educação, passe livre e transporte público. “Esse Encontro foi aprovado nas entidades nacionais e a partir das discussões e acúmulos feitos pela base. O nosso objetivo central e construir a unidade com os movimentos populares em defesa da educação pública”, disse Marinalva.

Ataque é internacional, as lutas também são A professora Mariluz Arraiga, da Universidad Nacional Autónoma de Mexico (UNAM)  chamou de “tsunami neoliberal” a série de contrarreformas impostas à educação, como os critérios de produtividade e “qualidade” impostos pelas empresas que ganham cada vez mais espaço no ramo educacional. “Está em jogo o que conhecemos como educação pública e a continuidade da nossa profissão como professores e professoras. Querem nos roubar conceitos fundamentais. Temos que trabalhar coletivamente”, ressaltou.

Segundo a professora, a educação na última década tem sido vista como negócio em várias partes do mundo. Os ataques recorrentes à educação e a movimentos que se opõem à mercantilização da educação têm dois claros objetivos: “Primeiro, porque é um grande negócio. E depois porque necessitam se apropriar dos valores que temos para expandirem a agenda do capital”, alega.

A professora que integra a coalizão internacional em defesa da educação pública da qual participam estudantes, professores e representantes sindicais do México, EUA e Canadá, frisou que diante de tais ataques a defesa da educação pública é tarefa de professores, estudantes e de todos os trabalhadores da educação. “Por isso, este encontro é estratégico”.

De acordo com Mariluz, o desafio é encontrar meios de atuar localmente, mas em uma perspectiva internacional, avançando na constituição de um plano de lutas com uma agenda definida. Sobretudo neste momento de criminalização dos movimentos sociais. “Para isto”, diz a docente, “se faz urgente e necessária a unificação das lutas”.

Novo patamar de mobilização O professor Roberto Leher, da Faculdade de Educação da UFRJ, traçou um perfil dos novos setores que operam na educação. De acordo com o docente, os objetivos desses grupos são classistas: “Há um entendimento de que a educação é necessária para socializar as novas gerações, de maneira que os indivíduos entendam que a sociedade é um organismo, onde alguns são braços e pernas. Os que serão o cérebro desse organismo receberão outra educação. Este é o primeiro objetivo, diferenciar a educação entre quem manda e quem executa. É uma ação de classe”.

O segundo objetivo, para Leher, seria o de converter a educação em uma atividade de serviço, “uma nova fronteira para o capital”. “A principal ofensiva dos setores dominantes foi exatamente no campo da educação, atualmente corporações financeiras estão assumindo o controle da educação. O grupo Kroton domina 1,5 milhão de estudantes – mais do que as 60 universidades federais do país juntas”.

O terceiro eixo é difundir para a sociedade que este projeto de educação é para todos, não deixando transparecer que é somente para poucos.

O Encontro Nacional de Educação, para Roberto Leher, demonstra que estamos no momento de construirmos nosso próprio projeto de educação e é preciso unir esforços com essa perspectiva. Vamos começar a dar materialidade a esse novo marco da educação pública”, finalizou.

Ações do Banco Mundial Valério Arcary, do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), chamou a atenção para as ações globalizadas de ataques à educação e aos trabalhadores. “O vocabulário é o mesmo em todo o mundo: meritocracia, produtividade, avaliações constantes. É um pacote do Banco Mundial que está sendo implementado. A diferença está apenas na velocidade em que esses pacotes se desenvolvem nos diferentes lugares”.

Arcary afirmou que há uma disputa ideológica em jogo e que é preciso que os movimentos sociais organizados entrem nessa disputa: “Os governantes responsabilizam a população pelos fracassos dos serviços essenciais. É como se os governantes fossem iluminados e que o povo não prestasse. Isto é uma guerra ideológica. Podemos ganhá-la, mas é preciso fazê-la. Caso contrário, nossa juventude vai assimilar o discurso opressor e achará que a responsabilidade pelos fracassos é individual, quando sabemos que é um problema social”.

Ele conclamou os presentes a somarem esforços para transformar essas ideias em ação. “Nosso princípio deve ser muito objetivo e claro: nenhum centavo de dinheiro público para a educação privada”, sentenciou.

 

 

 

 

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