USP dará bônus de até R$ 30 mil a professor para evitar perda de jovens talentos

JC Notícias – 27/03/2023

Gratificação será para docentes que estão há menos de 20 anos na universidade. Cerca de 70 profissionais saem por ano para instituições privadas e do exterior

A Universidade de São Paulo (USP) vai dar um bônus de até R$ 30 mil para os professores que estão há menos de 20 anos na instituição, numa tentativa de evitar saídas de profissionais. Nos últimos anos, cerca de 70 docentes deixaram a universidade mais conceituada do País anualmente para trabalhar na iniciativa privada ou no exterior. Segundo o reitor Gilberto Carlotti Junior, 75% deles eram jovens e estavam há pouco tempo na USP.

“A gente quer que eles fiquem na universidade e não peçam demissão”, disse o Carlotti. Caso o docente saia da USP em menos de dois anos, ele precisa devolver o dinheiro. Não há uma avaliação específica do profissional para receber o bônus, os valores variam conforme o tempo de serviço. Segundo o reitor, a perda de professores é mais presente em áreas como Economia, Administração de Empresas, Tecnologia da Informação, mas também recentemente em Medicina e nas humanidades. “Acreditamos que tem um forte componente salarial.”

O valor máximo, de R$ 30 mil, é para quem começou a trabalhar na USP depois de 2018. O mínimo é de R$ 27 mil para os que entraram entre 2008 e 2003. Cerca de 3 mil dos 5,2 mil professores da universidade serão beneficiados. Funcionários técnico-administrativos que entraram nos últimos 20 anos também ganharão a gratificação, com valor que varia de R$ 4,5 mil a R$ 5 mil.

Veja o texto na íntegra: O Estado de S. Paulo

O Estado de S. Paulo não autoriza a reprodução do seu conteúdo na íntegra. No entanto, é possível fazer um cadastro rápido que dá direito a um determinado número de acessos.

 

Inep avalia alfabetização de crianças do 2º ano do ensino fundamental

JC Notícias – 23/03/2023

Pesquisa vai ouvir 341 alfabetizadores de 291 municípios em abril

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) vai realizar a pesquisa Alfabetiza Brasil para verificar como está o nível de alfabetização das crianças estudantes do segundo ano do ensino fundamental. A realização da pesquisa foi anunciada nesta quarta-feira (22), na sede do Ministério da Educação (MEC), em Brasília.

Os resultados deste levantamento vão servir para definição de diretrizes que ajudem a formular uma política pública nacional de alfabetização e, também, para o estabelecimento de um padrão nacional de avaliação da alfabetização dos estudantes.

O ministro da Educação, Camilo Santana, quer que o Brasil tenha um padrão para alfabetizar crianças na idade certa, até o fim do segundo ano do ensino fundamental. “A partir de experiências já exitosas em vários estados e municípios do Brasil, teremos uma grande política de alfabetização na idade certa de nossas crianças. Estamos construindo essa política ouvindo todos os setores educacionais desse país. Vai ser construída com os municípios e estados. Isso porque qualquer política pública precisa ser fortalecida no regime de colaboração. O MEC tem a responsabilidade de coordenar esse processo.”

A pesquisa será aplicada entre 15 e 23 de abril e contará com 341 professores alfabetizadores de todas as capitais e 291 municípios populosos. As aplicações da pesquisa estarão concentradas em cinco capitais-sede, uma por região do país: Belém (PA), Recife (PE), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS).

Critérios

Para definir o que vai ser avaliado na alfabetização dos alunos, o MEC se orientou pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que determina as normas e currículos pedagógicos para as redes de ensino públicas e privadas no que diz respeito à educação infantil e ensinos fundamental e médio no Brasil.

O MEC entende que a alfabetização está completa quando o aluno domina os três eixos da alfabetização: a escrita, a leitura de palavras e frases e a produção de textos. Esta pesquisa analisará como são desenvolvidas com autonomia 10 habilidades destes três eixos, conforme parâmetros avaliados no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), nas edições de 2019 e 2021.

Para serem considerados alfabetizados, os alunos do 2º ano, com idade média de 7 e 8 anos, deverão, por exemplo:

  • Conhecer o alfabeto e dominar convenções gráficas, como letras maiúsculas e minúsculas e cursiva (letras em escrita continua);
  • Compreensão da escrita;
  • Saber ler, reconhecendo globalmente as palavras. Leitura de frases e localização de informações explícitas em textos;
  • Compreender porções maiores de texto;
  • Ter fluência e rapidez de leitura;
  • Ter domínio de grafemas e fonemas, relacionando elementos sonoros de uma palavra com a representação escrita dela;
  • Escrever um texto.

Pontuação

As habilidades medidas terão oito níveis de pontuação, sendo o nível 1 o mais básico (com desempenho de 650 a 675 pontos) e o oitavo, o mais alto da escala (desempenho igual ou maior que 825 pontos). O Inep acrescentou ainda o nível abaixo de 1, quando os estudantes demonstram probabilidade menor que 65% de dominar as habilidades testadas alfabetização.

A coordenadora-geral do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica do Inep, Clara Alarcão, que coordenada a pesquisa Alfabetiza Brasil, destaca a importância desta análise da educação, sobretudo no contexto da pandemia do covid-19. “Neste momento crítico para educação brasileira, o monitoramento da alfabetização na idade certa se faz indispensável. É fundamental definir, com parâmetros claros, quem é a criança alfabetizada, o que ela é capaz de fazer, que habilidades caracterizam essa criança como alfabetizada, para que a gente possa estabelecer diretrizes de uma política nacional de alfabetização de todas as crianças.”

Professores alfabetizadores

Para participar do estudo, os professores alfabetizadores precisam atender aos seguintes critérios: ter graduação em pedagogia, experiência docente mínima de cinco anos em turmas de alfabetização, atuação em turma de 2º ano do ensino fundamental no ano letivo de 2023 e ser reconhecido pela comunidade escolar pela qualidade do trabalho desenvolvido como alfabetizador.

Antes da pesquisa ser aplicada em abril aos professores alfabetizadores representantes de todo o país, um levantamento piloto foi aplicado no Distrito Federal, com a colaboração de professoras que lidam diariamente com alunos do 2º ano do ensino fundamental.

A secretária da Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, comemorou o fato de a pesquisa ouvir a opinião de quem está em sala de aula. “Todos os professores alfabetizadores têm de, realmente, serem ouvidos neste país. Porque a construção começa com quem implementa. Nunca de cima pra baixo”. E cita problemas da alfabetização incompleta. “Nós precisamos avançar muito nas políticas públicas, principalmente, nesse problema que é do país. Problema de uma criança chegar ao segundo ano e não estar alfabetizada. Chegar ao quinto ano e não estar alfabetizada. Chegar ao ensino médio sem estar alfabetizada. Então, é um problema que tem que cortar na origem”.

Professora do ensino fundamental desde 2007, Adriana Brito de Oliveira participou da pesquisa piloto no Distrito Federal. Com a experiência de ensino em uma escola de Santa Maria (DF), Adriana pôde analisar em primeira mão o que vai ser avaliado pelo restante do país. “Foi a primeira vez que eu pude ter essa chance de participar e dar minha opinião. Esse tipo de prova sempre chegou pronta para os professores, sem poder dar a nossa palavra. Mas, agora, a gente pôde avaliar se aquelas questões que vão ser aplicadas aos alunos estavam no nível deles, se conseguiriam responder. Na ocasião, avaliamos se os textos são adequados e também sugerimos outras questões que poderiam ser feitas e que não estavam abrangidas naquele momento”.

Ensino Médio

No lançamento da pesquisa Alfabetiza Brasil, o ministro da Educação ainda falou sobre a necessidade de avançar na revisão da reforma do ensino médio. A lei de 2017 estabeleceu um novo currículo para o ensino médio, que passou a ser implementado obrigatoriamente em 2022 nas escolas de todo o país.

Para rever a qualidade do ensino médio, Camilo Santana relata que foi criada uma comissão que deve fazer uma consulta pública para ouvir representantes do Fórum Nacional da Educação e do Conselho Nacional de Educação.

O ministro adianta que o MEC vai, por meio de pesquisas, saber a opinião de alunos, professores e especialistas do setor para promover mudanças que melhorem o ensino médio.

“Reconhecemos que não houve, à época, um diálogo, uma construção que envolvesse os atores, os protagonistas que são alunos e os professores, que estão no chão da sala de aula, no dia a dia. É preciso fazer correções e nada melhor do que o diálogo e o debate para a gente possa fazer as correções necessárias e urgentes”.

Agência Brasil

 

ENTREVISTA | DESAFIOS DA DESNATURALIZAÇÃO DO MACHISMO NA ESCOLA

 JORNALISTA: MARIA CARLA  22 DE MARÇO DE 2023

SINPRO-DF

“Não me testa, que eu vou te dar um ‘bombril’. Não me testa. Se você apelar, vai ficar ruim para ‘tu’.”   Essa foi a resposta-ameaça dada pelo estudante que “presenteou” sua professora negra com um pacote de palha de aço da marca Bombril diante dos(as) colegas que reprovaram sua atitude. O fato, protagonizado por um estudante do Centro de Ensino Médio 09 de Ceilândia (CEM 09), aconteceu em pleno 2023, em uma escola pública do Distrito Federal, no Dia Internacional da Mulher.

Desde então, o Sinpro tem reforçado sua atuação na categoria no sentido de estimular todas as escolas a promoverem atividades de conscientização política sobre o racismo estrutural e a misoginia (ódio às mulheres) e reforçado a defesa de uma educação pública, gratuita, democrática, libertadora, inclusiva e socialmente referenciada. Nesse sentido, realizou, na semana passada, uma aula pública no CEM 09 de Ceilândia com envolvimento de toda a escola na atividade.

Na ocasião, o sindicato presentou os(as) professores(as), orientadores(as) educacionais, a direção com o caderno “É preciso ser antirracista” para subsidiar o planejamento pedagógico da escola. Confira aqui a matéria. O caderno segue as diretrizes do Artigo 2ª da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e da Lei nº 10.639/2003, que, há 20 anos, incluiu o ensino de história e cultura afro-brasileiras nos currículos oficiais da educação do País. Na avaliação da diretoria do Sinpro, é preciso atuar pedagogicamente e aplicar a lei antirracista nas escolas para mudar, definitivamente, esse tipo de atitude.

No entanto, como afirma Márcia Gilda, coordenadora da Secretaria de Raça e Sexualidade, o fato em si constitui “crime de racismo porque atingiu e ofendeu a toda uma coletividade”. Embora a professora-alvo da situação tenha tratado o fato com serenidade e maturidade, não conseguiu esconder a gravidade do problema.  O Bombril utilizado como arma pelo estudante apenas explicita, em uma de suas formas mais cruéis, o sarcasmo, o que está enraizado na estrutura da nossa sociedade e que, nos últimos anos, retomou proporções de dois séculos atrás: o machismo.

O Bombril tira do armário e coloca uma lupa sobre um monstro que mesmo estando lá dentro já fazia muitas vítimas e, agora, perdeu o constrangimento de se expor. A misoginia e a cultura do ódio incitadas nos últimos anos no país publicamente, tirou o pudor das manifestações de intolerância, racismo, machismo, misoginia que passaram a alvejar os mais vulneráveis, principalmente as mulheres.

E o que já é inadmissível em qualquer esfera ou setor da sociedade, torna-se emblemático quando acontece na escola; que é locus próprio da esperada mudança das pessoas para a transformação social. É que a escola também sofre dos males do machismo estrutural, sobretudo ao reforçar um processo pedagógico, que se inicia na primeira infância.

Nesta entrevista exclusiva para o site do Sinpro-DF, a professora Olga Freitas fez uma análise da situação. Pedagoga, doutora em Educação, mestra em Neurociência do Comportamento, especialista em Neuropsicologia, Neuropisicopedagogia, Gestão Escolar, Libras e em Educação Inclusiva, Olga é professora aposentada da Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal (SEE-DF). Confira a entrevista.

ENTREVISTA | Olga Freitas

Professora, como esse caso da agressão do estudante do CEM 09 da Ceilândia contra a sua professora pode ser fruto de um  “machismo pedagógico? 

Olga Freitas – Bem, pedagógicos são todos os processos que têm por objetivo promover relações significativas entre a/o aprendiz e o conhecimento social e historicamente produzido pela humanidade. Esses processos tanto podem ser intencional e deliberadamente desenvolvidos para possibilitar a aprendizagem

como podem ocorrer de forma não intencional e assistemática, mas é igualmente relevante e eficaz, na perspectiva da produção e assimilação do conhecimento. 

Nesse sentido, a escola, seja por meio de currículos e práticas que reproduzem as características do modelo da sociedade patriarcal, seja pela ação generalizada, expressa em comportamentos e atitudes aprendidos e naturalizados, tanto em  homens quanto em mulheres, reverbera a estrutura que enaltece os valores considerados masculinos, em detrimento, desproporcional, dos valores considerados femininos. E isso vale também para as identidades de gênero e orientações sexuais que não são heteronormativas.

Basta ver que boa parte das rotinas escolares é estabelecida a partir daquilo que é considerado próprio de menina e o que é próprio de menino, como a organização do espaço social, dos agrupamentos, dos símbolos, da proposição dos jogos, brinquedos, conteúdos, atividades recreativas, práticas de esportes,  expectativas de comportamento, entre outros.

 Esses aspectos separam meninas e meninos apenas com base nos estereótipos de gênero e ocorrem de forma tão natural que dificilmente percebemos o quanto contribuímos para uma educação sexista para nossas crianças e jovens.

Podemos dizer que isso revela a necessidade de a educação estar conectada com a política? 

Olga – Sim. A educação não pode estar desconectada da política, pois, como nos ensina Paulo Freire, educar implica, necessariamente, perguntar-se a todo tempo, que tipo de sujeito queremos ajudar a formar e para que tipo de sociedade. E isso é um ato político. Se queremos viver em um mundo mais justo e mais igual, em que mulheres e homens tenham as mesmas oportunidades, a educação deve ser, intencionalmente, livre de toda e qualquer forma de discriminação e preconceito e, para isso, a escola deve desenvolver planos, programas, ações que eduquem meninas e meninos para essa igualdade.

Importantíssimo também que professoras e professores, diretoras e diretores, merendeiras e merendeiros, secretárias e secretários, agentes de portaria, orientadoras e orientadores educacionais, mães e pais, enfim, toda a comunidade escolar se perceba como referência para as crianças e os jovens e que o exemplo educa muito mais do que as palavras.

Esse caso expõe o fato de a escola ser um ambiente tóxico para as mulheres? 

Olga – O ambiente escolar ainda é tóxico tanto para meninas quanto para meninos porque tende a reproduzir ideias e estereótipos de gênero, que valorizam mais o masculino em detrimento do feminino. Para citar um exemplo, o estudo da fisiologia humana não aborda a menstruação, como o que ela é: uma evidência da natureza; é biológica, fisiológica.

Ao contrário, a escola assume uma posição de aparente “neutralidade”,  para responder à parcela conservadora da sociedade, tratando o tema  como um assunto delicado e, portanto, privado. Dessa forma, a menstruação é mais um conteúdo que fica armazenado na nuvem, sem ser abordado nem na escola nem no âmbito familiar.

Na escola, quando abordada, a menstruação é assunto apenas nas aulas de genética,  quando o sistema reprodutor é explicado,  de forma professoral, asséptica e hermética. Além disso, muitas de nós,  professoras (que, em geral, também menstruamos), abordamos o assunto de forma inadequada, na maioria das vezes como algo nojento, por se tratar da expulsão de sangue. Essa é uma atitude que faz com que, em vez de se sentirem confortáveis com seus corpos, as meninas sintam vergonha dele; têm vergonha de fazerem parte da natureza. Mais um ponto para o machismo pedagógico.

Além disso, o descaso com o tema também contribui para a pobreza menstrual, que impede muitas meninas de irem à escola quando estão menstruadas, por falta de condições financeiras para comprarem absorventes higiênicos.

A discriminação, o bullying e outras práticas criminosas disfarçadas em piadas, por exemplo, têm uma relação estreita com a estereotipização das pessoas. Há décadas as sociedades lutam contra isso. O que é preciso fazer? 

Olga – É necessário implementar ações para desconstruir os estereótipos de gênero e remover as barreiras baseadas neles por meio de currículos inclusivos, antissexistas e que transformem impedimentos construídos, culturalmente, em oportunidades. 

Essa desconstrução passa, necessariamente, pela ampliação da participação feminina nos espaços de poder, seja pela política ou pela carreira profissional, principalmente, nas instâncias legislativas. Quanto maior o número de mulheres ocupando esses espaços, maior sua representatividade na priorização das agendas e na regulação das relações sociais. A construção de normas e regras sociais também deve incluir as mulheres, que, geralmente, são negligenciadas em razão da sua sub-representação nesses espaços.

Basta ver que, na rede pública de ensino do Distrito Federal, as mulheres são mais de 80% do corpo docente, mais de 70% na carreira assistência, mas de 70% como responsáveis legais pelos estudantes e mais de 50% do alunado, mas estão sub-representadas tanto na gestão central quanto nas gestões escolares. Nas escolas, as mulheres só são maioria nas equipes diretivas porque a maioria das escolas está direcionada à educação da primeira infância, segmento ainda fortemente associado à extensão dos cuidados maternos.

Esse “machismo pedagógico” se reflete nas relações internas da categoria do Magistério? 

Olga – Sim. Reflete. O processo de escolha das equipes diretivas é um exemplo claro. Mesmo com todos os segmentos da comunidade escolar compostos, majoritariamente, por mulheres, que também são as que votam e são votadas, o fato de as mulheres serem eleitas massivamente para as unidades que contemplam a educação infantil e anos iniciais, e preteridas em relação aos homens em unidades que incluem estudantes maiores e mais autônomos, é sintomático e revela a força do machismo estrutural com seus elementos inseridos na cultura feminina.

Professora, nesse sentido, qual o papel da escola e o que é preciso ser feito para isso ser erradicado do ambiente escolar? 

Olga –  O papel da escola não é outro senão o de  proporcionar, às meninas, condições para a superação e transformação da realidade imposta às mulheres de cuidar de coisas consideradas “menos importantes”, de serem  as únicas responsáveis por cuidar de suas casas, dos filhos, e de assumirem atividades cujo salário é menor, ou que, mesmo exercendo o mesmo cargo, recebam salários inferiores aos dos homens.

A escola precisa ser um ambiente seguro, intencionalmente estruturado para garantir, principalmente às meninas, a liberdade de ir e vir, de se expressar, de ser; um ambiente em que os sonhos são incentivados e fortalecidos, em que meninos e meninas desfrutam e exercem condições iguais, quer seja na tomada de decisões, quer seja nas rotinas estabelecidas no cotidiano.

Em outras palavras, se o machismo é pedagógico, reproduzido de forma naturalizada, por meio da transmissão de um sistema de valores, pensamentos e atitudes sexistas que reforçam o submetimento da mulher e a supervalorização do homem, a igualdade de gênero também pode e deve ser, o que requer uma intencionalidade educativa crítica nesse sentido.

É preciso transpor o teto de vidro que impede a mulher de avançar profissional e socialmente, incluindo a ruptura com os estereótipos de gênero e seus papéis sociais, a autopercepção imposta que as próprias mulheres têm sobre suas habilidades, a associação natural do poder com o masculino, a desvalorização do trabalho das mulheres e a desvalorização de suas capacidades intelectuais, entre outros. Precisamos, mulheres e homens, junt@s, lutar por uma educação para a igualdade de gênero.

Fonte: SINPRO-DF

 

MEC promove primeira reunião sobre a política nacional do ensino médio

Inicialmente serão definidos processos, calendário e metodologias relacionadas à consulta pública sobre o tema

A coordenação do processo de avaliação e restruturação da política nacional de ensino médio se reunirá, pela primeira vez, na próxima terça-feira (14), no Ministério da Educação (MEC). O objetivo é definir processos, calendário e metodologias relacionadas à consulta pública sobre o tema, que foi estabelecida pela Portaria nº 399, publicada nesta quinta-feira (9/3), no Diário Oficial da União (DOU).

Ao instituir a consulta pública para avaliação e reestruturação da política nacional de Ensino Médio, o MEC tem como objetivo abrir o diálogo com a sociedade civil, a comunidade escolar, os profissionais do magistério, as equipes técnicas dos sistemas de ensino, os estudantes, os pesquisadores e os especialistas do campo da educação para a coleta de subsídios para a tomada de decisão relacionados aos atos normativos que regulamentam o Novo Ensino Médio.

Na reunião da próxima semana estarão presentes representantes do MEC, do Conselho Nacional de Educação (CNE), do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação (Foncede) e do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). A consulta pública será coordenada pela Secretaria de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino (Sase).

A consulta pública será implementada por meio de audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas nacionais com estudantes, professores e gestores escolares sobre a experiência de implementação do modelo nas 27 unidades da federação. A consulta terá o prazo de duração de 90 dias, podendo ser prorrogado.

Após o término do prazo, a Secretaria de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino terá 30 dias para elaborar o relatório final a ser encaminhado ao ministro de Estado da Educação. Camilo Santana afirmou a importância de ouvir entidades, especialistas da área, estudantes e professores. “Para que possamos com grande responsabilidade tomar decisões que possam melhorar o modelo”, avaliou.

MEC

 

O plágio encoberto em textos do ChatGPT

JC Notícias – 13/03/2023

Estudos mostram como modelos de linguagem natural podem ser fonte de má conduta acadêmica e indicam formas de prevenir o problema

Pesquisadores da Universidade do Estado da Pensilvânia (Penn State), nos Estados Unidos, investigaram até que ponto modelos de linguagem natural como o ChatGPT, que usam inteligência artificial para formular uma prosa realista e articulada em resposta a perguntas de usuários, conseguem gerar conteúdo que não se caracterize como plágio. Isso porque esses sistemas processam, memorizam e reproduzem informações preexistentes, baseadas em gigantescos volumes de dados disponíveis na internet, tais como livros, artigos científicos, páginas da Wikipédia e notícias.

O grupo analisou 210 mil textos gerados pelo programa GPT-2, da startup OpenAI, criadora do ChatGPT, em busca de indícios de três diferentes tipos de plágio: a transcrição literal, obtida copiando e colando trechos; a paráfrase, que troca palavras por sinônimos a fim de obter resultados ligeiramente diferentes; e o uso de uma ideia elaborada por outra pessoa sem mencionar sua autoria, mesmo que formulada de maneira diferente.

A conclusão do estudo foi de que todos os três tipos de cópia estão presentes. E, quanto maior é o conjunto de parâmetros usados para treinar os modelos, mais frequentemente a má conduta foi registrada. A análise utilizou dois tipos de modelos – os pré-treinados, baseados em um amplo espectro de dados, e os de ajuste fino, aprimorados pela equipe da PennState a fim de concentrar e refinar a análise em um conjunto menor de documentos científicos e jurídicos, artigos acadêmicos relacionados à Covid-19 e solicitações de patentes. A escolha desse tipo de conteúdo não foi ocasional – nesses textos, a prática de plágio é considerada muito problemática e não costuma ser tolerada.

No material gerado pelos pré-treinados, a ocorrência mais prevalente foi de transcrições literais, enquanto nos de ajuste fino eram mais comuns paráfrases e apropriação de ideias sem referência à fonte. “Constatamos que o plágio aparece com diferentes sabores”, disse um dos autores do trabalho, Dongwon Lee, cientista da computação da Faculdade de Tecnologia e Ciências da Informação da Penn State, de acordo com o serviço de notícias Eurekalert. Os achados serão divulgados com mais detalhes na Web Conference, um evento da ACM que acontece entre 30 de abril e 4 de maio na cidade de Austin, nos Estados Unidos.

O ChatGPT é um entre vários sistemas baseados em inteligência artificial e ganhou grande notoriedade porque foi disponibilizado para uso público. Desde novembro, já foi testado por mais de 100 milhões de pessoas e impressionou por sua capacidade de gerar textos coerentes que mimetizam a escrita dos seres humanos (ver Pesquisa FAPESP n° 325). Uma das polêmicas que levantou envolveu justamente a originalidade de suas respostas e o receio de que se transforme em uma fonte de má conduta acadêmica.

“As pessoas perseguem grandes modelos de linguagem porque, quanto maior um modelo fica, mais suas habilidades aumentam”, disse o autor principal do trabalho, Jooyoung Lee, estudante de doutorado na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Informação da Penn State. Ferramentas de escrita de inteligência artificial conseguem criar respostas únicas e individualizadas a perguntas apresentadas por usuários, mesmo extraindo as informações de um banco de dados. Essa habilidade, contudo, não livra a ferramenta de ser uma fonte de plágio, mesmo em formatos mais difíceis de detectar. “Ensinamos os modelos a imitar a escrita humana, mas não os ensinamos a não plagiar”, afirmou Lee.

Várias ferramentas estão sendo desenvolvidas para detectar conteúdo gerado por softwares de inteligência artificial. A própria OpenAI desenvolveu um programa capaz de apontar textos feitos por robôs, (disponível em openai-openai-detector.hf.space/). Há outras do gênero na internet, como o Writer AI Content Detector (writer.com/ai-content-detector/) e o Content at Scale (contentatscale.ai/ai-content-detector/). Como os sistemas de linguagem natural estão em desenvolvimento, também será necessário atualizar continuamente a tecnologia para rastrear sua produção.

Uma equipe da Escola de Engenharias e Ciências Aplicadas da mesma PennState mostrou que é possível treinar as pessoas para identificar esses textos, sem precisar depender exclusivamente de programas detectores. Apresentado em fevereiro em um congresso da Associação para o Avanço da Inteligência Artificial realizado em Washington, Estados Unidos, o estudo liderado pelo cientista da computação Chris Callison-Burch mostrou que essas ferramentas já são muito eficientes em produzir prosa fluente e seguir as regras gramaticais. “Mas eles cometem tipos distintos de erros que podemos aprender a identificar”, disse ao blog Penn Engineering Today o cientista da computação Liam Dugan, aluno de doutorado da Penn State e um dos autores do artigo.

O experimento utilizou um jogo disponível na internet, chamado Real or Fake Text (Texto real ou falso). O grupo apresentou aos participantes do estudo, todos eles alunos de graduação ou pós-graduação de um curso de inteligência artificial da Penn State, sentenças cujo início foi escrito por seres humanos, mas que, a partir de certo ponto, reproduziam respostas formuladas por modelos de linguagem. Os textos selecionados provinham de notícias publicadas na imprensa, discursos presidenciais, histórias de ficção e receitas culinárias. Os jogadores eram convidados a apontar em que ponto começava o trecho escrito por inteligência artificial e explicar por que apostavam naquela localização. Quando acertavam, eles recebiam pontos. As principais razões apontadas eram o surgimento de conteúdo irrelevante, de erros lógicos, de sentenças contraditórias, de frases muito genéricas e de problemas com a gramática. Foi mais fácil acertar nas receitas culinárias do que nas outras narrativas.

A pontuação dos participantes foi significativamente maior do que se as respostas fossem feitas ao acaso, mostrando que os textos gerados por robôs são detectáveis. Embora as habilidades dos jogadores variassem bastante, o desempenho deles melhorava com o uso do jogo – em um sinal de aprendizado. “Cinco anos atrás, os modelos não conseguiam se concentrar no assunto ou produzir uma frase fluente”, afirmou Dugan. “Agora, eles raramente cometem erros gramaticais. Nosso estudo identifica tipos de erros cometidos por chatbots, mas é importante ter em mente que eles continuarão a evoluir. As pessoas deverão seguir treinando para reconhecer a diferença e trabalhar com o software de detecção como um complemento.”

Pesquisa Fapesp

 

“Sindicatos, grupos de pesquisa, associações científicas e de classe do campo educacional defendem que não há remendo possível para a reforma”

JC Notícias – 07/03/2023

Pressionado, MEC monitora a fervura do debate e prepara a convocação de um grupo de discussão sobre o tema

Desintegradora, antipopular, autoritária, perversa, precarizante, privatizante, engodo, antidemocrática, desigual, fragmentadora, desregulamentadora, desescolarizadora, potencialmente catastrófica, sem qualidade. É extensa a lista de apupos que qualificam negativamente a reforma do Ensino Médio na carta aberta, assinada por mais de 300 entidades, que pede a revogação da política pública.

Sindicatos, grupos de pesquisa, associações científicas e de classe do campo educacional defendem que não há remendo possível para a reforma, enquanto seus formuladores falam em “revanchismo”. Pressionado, o Ministério da Educação (MEC) monitora a fervura do debate e prepara a convocação de um grupo de discussão sobre o tema.

Leia na íntegra: Ecoa

 

Falta apoio a professores novatos

JC Notícias – 06/03/2023

“Atribuição de turmas mais desafiadoras a docentes inexperientes agrava o problema”, afirma o colunista do jornal O Globo, Antônio Gois

A maioria (56%) dos professores brasileiros não recebeu formação ou qualquer tipo de orientação específica da secretaria para apoiá-lo em seu primeiro ano na carreira. O dado consta de uma pesquisa de opinião divulgada na semana passada, realizada pelo Ipec por encomenda do Movimento Todos Pela Educação, Itaú Social, Profissão Docente e Instituto Península. No recorte apenas de docentes de redes estaduais, o percentual chega a 65%.

A estatística é preocupante pois os primeiros anos de atuação de um professor são cruciais para seu desenvolvimento profissional. Esta constatação não difere muito do verificado em outras carreiras, mas o trabalho docente tem uma complexidade adicional: a maior parte do tempo de trabalho acontece em sala de aula, longe dos olhos de outros colegas mais experientes.

Veja o texto na íntegra: O Globo

O Globo não autoriza a reprodução do seu conteúdo na íntegra. No entanto, é possível fazer um cadastro rápido que dá direito a um determinado número de acessos.

 

Um jardim florido

Rose Meire da Silva e Oliveira

Em um jardim florido, essas seriam minhas palavras.

Foi a primeira vez que vi alguém envolta por tantas flores. Acredito que cada uma delas representava um pouco do que Vânia deixou na vida das  pessoas com as quais conviveu.

Sinônimo de grandeza, humildade, sensibilidade, criatividade, superação, comprometimento, vontade de viver, força e de fé. Estas são as palavras com as quais posso descrever nossa colega de trabalho e amiga, Vânia.

Relendo as mensagens que compartilhamos em privado, na mais recente ela lamentou não ter condições de ir ao primeiro encontro do GEPA neste ano, por conta de uma dor abdominal que a deixou debilitada por tanta medicação prescrita e nos desejou “Abraços e beijos floridos para todos e um excelente encontro!”  

Os desafios pelos quais passou na sua vida não foram suficientes para que ela deixasse de se preocupar com os compromissos assumidos e com as pessoas mais próximas. Cuidava de sua mãezinha, Lindaura, foi filha dedicada e compassiva. O lado maternal pulsava com tanta veemência que vibrava a cada conquista de seus filhos Allan Luiz, Alex Leonan e Arthur Laio.

Perfeita, não! Mas a imperfeição a fazia mais humana, na essência da palavra, buscava a harmonia, ser luz e presenteava os que estavam à sua volta com arranjos florais de Ikebana que ela mesma montava. Sua forma de ser e de viver justificou a quantidade enorme de pessoas que estiveram presentes para homenageá-la. 

Abraços e beijos floridos eram suas palavras quando se comunicava com os integrantes do GEPA. Eis sua marca!  

Vânia, que você esteja junto ao Pai como uma “flor viva” cercada por tantas outras flores que a precederam no céu, iluminando nossa jornada.