A formação de professores pós-pandemia: limites e possibilidades

Sílvia Lúcia Soares

A situação conflituosa e o cenário inimaginável, ora descortinado, fazem aflorar inúmeras incertezas em nossa trajetória pessoal e profissional. E essas dúvidas vão para muito além da questão em voga:   como retomar as atividades pedagógicas na escola após a pandemia?  No bojo dessa questão, surgem muitas outras necessidades. Uma coisa é certa: não voltaremos os mesmos. Nem nós, tampouco os estudantes. A crise nos modificou, alterou nossas prioridades e necessidades e gerou um panorama de indeterminação, inclusive em relação à formação dos profissionais da educação que, durante a crise, foram e estão requisitados a desempenhar tarefas para as quais não tiveram a devida formação.  E, a partir do experienciado, como se organizará, a partir de então, o processo de formação desse professor frente às novas demandas? Como deve ser reorganizada a dinâmica curricular e pedagógica nos cursos de formação? Como se dará o retorno do professor dos cursos de formação e do estudante às atividades pedagógicas? Com prosseguir com o processo de formação do educador?

 Primeiramente, temos que ser cuidadosos com o acolhimento do professor e do estudante em formação. Precisamos ser compreensíveis   e atentos às mudanças ocorridas no sujeito educativo e, nesse processo de transição, precisamos exercitar a escuta sensível e o olhar compreensivo. Nesse momento, o diálogo entre pares, a troca e a elaboração de projetos coletivos constituirão estratégias relevantes para a geração de novas possibilidades e alternativas de fazer e refazer as ações pedagógicas. No caso das licenciaturas, as reuniões pedagógicas com toda a equipe docente serão fundamentais para a reestruturação do trabalho do curso, de forma geral, e das disciplinas/áreas de formação, em particular.  Na verdade, não cabem mais isolamentos pedagógicos no campo da formação, seja ela inicial ou continuada. Posturas coletivas sempre foram necessárias, no entanto, agora, são urgentes!

Todavia, outros pontos exigem também nossa atenção na remodelação da formação, como por exemplo: a urgência do abandono do modelo tradicionalista das aulas dos cursos com a utilização, por meio de metodologias ativas e de processos de avaliação mais participativos. Os professores em formação têm vivenciado novas perspectivas de ensino e de aprendizagens. Com isso, apresentarão, a partir desse momento, novas exigências e outras reivindicações. Têm percebido que, em tempo de avanço tecnológico, a mídia pode ser uma ferramenta de grande valia no desenvolvimento de metodologias interativas e na efetivação de novos espaços pedagógicos. Certamente têm repensado os papeis dos sujeitos do processo de ensinar e aprender.

Necessário se torna o repensar dos tempos e espaços da formação, a organização da carga horária e a noção de presencialidade que o perpassa. Os tempos de emergência mostram que novas dinâmica são possíveis, por meio do ensino híbrido, que se constitui na da combinação de aulas presenciais e a utilização de ferramentas tecnológicas online em atividades online e offline.

Outro ponto a ser repensado refere-se à carga horária destinada ao estágio, componente curricular considerado como campo de conhecimento próprio que se consolida em um momento de investigação, reflexão e intervenção na realidade das escolas.  Sua organização em horas presenciais deve ser retomada, visto que a participação dos estudantes nas aulas remotas e em atividades online e offline podem e devem ser contabilizadas como atividade pedagógica da formação.

Por fim, diante do exposto, deixo alguns questionamentos para o desencadeamento da discussão e da reflexão a respeito do tema em questão: Quais seriam as alternativas possíveis para o redimensionamento e prosseguimento dos cursos de formação inicial e continuada dos professores, por ocasião do retorno às aulas?   

 

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