Contribuições da dissertação “Autoavaliação na educação de jovens e adultos em uma escola pública do Paranoá-Distrito Federal: diferentes concepções que se entrecruzam”

Contribuições da dissertação “Autoavaliação na educação de jovens e adultos em uma escola pública do Paranoá-Distrito Federal: diferentes concepções que se entrecruzam”

Autora: LOPES, Reijane da Silva, 2019. 186 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

Benigna Villas Boas

Leda R. Bitencourt da Silva

 

O estudo de Reijane analisou as contribuições da autoavaliação para o desenvolvimento das aprendizagens de estudantes da terceira etapa do primeiro segmento da Educação de Jovens e Adultos – EJA – em uma escola pública do DF. Para isso ela analisou o processo avaliativo em uma turma da EJA na Escola Carandá-Guaçu (nome fictício da instituição), desenvolveu atividades de autoavaliação com os educandos, quando discutiu com eles como percebiam o avanço de suas aprendizagens.

Várias contribuições são oferecidas pela pesquisa realizada por Reijane. Uma delas é ter sido desenvolvida na EJA, etapa que ainda não recebe o apoio de que necessita e que requer muita dedicação dos educadores. Alia-se a isso o fato de a autoavaliação ter sido o foco do estudo, recurso avaliativo com potencial para auxiliar os estudantes da EJA a compreenderem o processo de aprendizagem que estão construindo e buscarem os meios de cobrarem seu direito de aprender.

Outra contribuição é o desenvolvimento de uma pesquisa-ação que propiciou a realização de intervenções autoavaliativas com os educandos para dar-lhes a oportunidade de vivenciarem momentos de reflexão sobre o ato de aprender. Reijane poderia simplesmente ter feito observações sobre a prática da autoavaliação pelos estudantes. Não. Ela foi além. Para uma escola que desenvolvia a avaliação em grande parte por meio de provas, como diz a pesquisadora, a autoavaliação pode ter aberto novas perspectivas avaliativas.

Os estudantes consideraram a autoavaliação importante para descobrirem o que eram capazes de fazer, o que já haviam aprendido e o que lhes faltava aprender. Como as intervenções aconteceram de forma coletiva, ao serem indagados sobre o que sentiram ao compartilhar suas intenções de aprendizagem, todos disseram sentirem-se gratificados por apresentá-las aos colegas, porque, juntos, puderam refletir sobre suas dificuldades, suas lutas e superações ao longo do seu caminhar, afirma Reijane.

Com sensibilidade a pesquisadora iniciou seu trabalho criando clima acolhedor e propício às interações porque em muitos casos elas eram dificultadas pelos próprios educandos, que se recusavam a sentar em duplas ou em grupos. Inicialmente eles relutaram contra as intervenções, por considerarem que conversar é perda de tempo. Preferiam continuar a atividade que estavam realizando anteriormente a falar das suas experiências ou ouvir as dos colegas. Não havia entendimento de que pudessem aprender com o outro. Muitos desses trabalhadores estudantes, apesar do convívio prolongado de mais de seis meses, desconheciam o nome de seus colegas e interagiam minimamente.

Durante as intervenções, Reijane esteve atenta para evitar que os estudantes fizessem julgamentos entre eles, o que poderia criar obstáculos à aprendizagem. Assim agindo, ela criou clima para a prática da avaliação informal positiva.

As intervenções autoavaliativas promoveram esclarecimentos e momentos de troca (entre a pesquisadora, os educadores e os educandos) e de fortalecimento da autoestima dos educandos, que puderam perceber as dificuldades de seus pares, considera a pesquisadora. Além disso, ressaltaram a importância de persistirem nos seus objetivos e continuarem estudando, apesar das dificuldades encontradas. Entusiasmada, uma educanda afirmou: “Eu amei. Porque a gente aprende mais, né?! Um pouco, uma coisa que a gente não tinha visto ainda, né, entendeu?! Isso aí é uma avaliação também!”

Reijane assim resume as percepções dos educandos sobre a autoavaliação: é importante para o educador; importante também para eles/as próprios/as verificarem se estão aprendendo; para dar continuidade ao processo; para o educador ajudá-los; para o educador aprender com eles; para melhorar; para aprender mais; para ver o que estão fazendo.

Finalmente, cabe destacar que o dessilenciamento dos estudantes proporcionado pelas intervenções autoavaliativas constitui outra das contribuições da pesquisa porque, além de lhes terem oferecido momentos de reflexão sobre suas aprendizagens, proporcionaram à escola exemplos de práticas de avaliação formativa. A pesquisadora relatou que o processo avaliativo da escola estava em construção. Portanto, sua pesquisa, que teve a participação de educadores da instituição, deve ter deixado marcas positivas.

 

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