CERCA DE 8,5 MILHÕES DE ESTUDANTES BRASILEIROS ESTÃO ATRASADOS DUAS SÉRIES NA ESCOLA

CERCA DE 8,5 MILHÕES DE ESTUDANTES BRASILEIROS ESTÃO ATRASADOS DUAS SÉRIES NA ESCOLA

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Publicado em http://gepa-avaliacaoeducacional.com.br

29/05/2014

 

Segundo dados do Censo da Educação Básica de 2013, mais de 8,5 milhões de estudantes brasileiros estão atrasados pelo menos dois anos na escola. Estão nessa situação 6,1 milhões de estudantes do ensino fundamental e 2,4 milhões do ensino médio.

As razões são várias: de ordem social, familiar e educacional. São crianças e adolescentes que foram reprovados, abandonaram a escola ou já foram alfabetizados com atraso.

O governo federal, o estadual e o municipal devem desenvolver duas ações simultâneas. A primeira consiste em oferecer, imediatamente, as melhores condições de aprendizagem a esse grupo que já apresenta descompasso entre a idade e o/a ano/série. Trata-se de uma ação urgente e obrigatória. Não se pode deixar que as necessidades de aprendizagem desses estudantes se avolumem. Contudo, não é o caso de se desenvolverem atividades de forma aligeirada para que eles sejam aprovados. Não seria justo para com eles. Em vez de serem simplesmente aprovados de um ano a outro, precisam aprender. Em lugar de receberem pacotes padronizados, com vistas à sua “aceleração de aprendizagem”, como se todos tivessem as mesmas necessidades, como tem sido feito, eles têm de ter respeitados o seu tempo, o seu ritmo e suas experiências. Nada lhes pode ser sonegado, pelo contrário, tudo o que lhes foi negado deve ser reposto.

A segunda ação, tão urgente e necessária quanto a primeira, é a realização de trabalho pedagógico no ensino fundamental e médio que impeça a ampliação desse grupo que se encontra em atraso com relação à idade e ao ano ou à série escolar. O funcionamento de escolas em tempo integral e a organização da escolaridade em ciclos podem ser aliados desse processo por serem espaços propícios à realização de intervenções pedagógicas constantes, em substituição à velha e rançosa “recuperação de estudos”.

O regime seriado e a sistemática de reprovação têm sido os facilitadores da criação desse grupo de estudantes considerados “excluídos do interior” da escola. São estudantes repetentes, o que significa que possuem em seu histórico escolar várias reprovações. Sobre eles incide o rótulo de fracassados. Mesmo na condição de excluídos das aprendizagens, eles continuam na escola, conferindo-lhe o certificado de promotora do fracasso, por não estar cumprindo o seu papel de contribuir para a conquista das aprendizagens por todos os estudantes.

 

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