Educação: mais de uma em cada dez crianças e adolescentes não frequenta escola no Brasil, revela estudo da Unicef

JC Notícias – 15/09/2022

Cerca de 2 milhões jovens entre 11 e 19 anos estão fora da escola

Nadi Pereira Mendes é coordenadora pedagógica da Escola Cidadã Integral Mestre Júlio Sarmento em Sousa, no interior da Paraíba, desde 2017. Boa parte do seu trabalho nos últimos anos foi dedicado ao combate à evasão escolar.

Ela afirma se sentir muito orgulhosa todas as vezes que reencontra um ex-aluno que se formou no Ensino Médio na instituição após receber apoio e ser incentivado a não desistir da escola.

“Os alunos que encontram dificuldades para permanecer na escola precisam de ajuda. E essa ajuda pode vir por meio de uma palavra de incentivo e da elevação da auto-estima, mas às vezes o que faz a diferença são as condições materiais e sociais mesmo”, afirmou a coordenadora à BBC News Brasil.

Leia na íntegra: BBC

Leia também:

G1- 11% das crianças e adolescentes estão fora da escola no Brasil, aponta pesquisa do Unicef

Folha de S. Paulo – Metade dos jovens que saíram da escola na pandemia foi trabalhar

O Globo – De cada dez crianças e adolescentes brasileiros, uma está fora da escola, aponta pesquisa da Unicef

 

Comemoração dos 60 anos do Conselho de Educação do DF

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Ontem, 17/08/2022, o Conselho de Educação do DF realizou a XVII Conferência de Educadores do DF, abordando o tema “Os 60 anos de participação na educação do DF”. Na ocasião foi entregue o Diploma Jubileu de Diamante a educadores/as que prestaram serviços à Educação Distrital. Fui uma delas. Mas não é sobre isso que quero falar.

Durante o evento, foi lançado o ebook Conselho de Educação do DF e realizada a premiação do concurso de desenhos que o ilustram. Participaram do certame estudantes de escolas públicas e privadas. Aqueles cujos desenhos fazem parte do livro foram convidados. Os três primeiros lugares receberam prêmio em dinheiro. Um fato merece reflexão. Um dos estudantes que tiveram seus desenhos selecionados justificou sua ausência pelo fato de ter prova no mesmo horário e de seu professor não tê-lo liberado. Não conheço detalhes da situação, mas o argumento causa preocupação: qual o significado da prova para esse mestre e para a escola? É o principal recurso de avaliação? O estudante não poderia fazê-la em outro momento? Ou ser avaliado por outros meios? Não seria enriquecedor para o estudante o seu comparecimento? Será que isso não foi considerado? Como em situações de avaliação o estudante está aprendendo, a que conclusões ele poderá ter chegado por meio da decisão do seu professor? Obediência? Desconsideração da sua iniciativa e conquista? Avaliação é aprendizagem. Quem aprende avalia e quem avalia aprende. Não nos esqueçamos disso.

Enguita, no livro A face oculta da escola (Artes Médicas, 1989, p. 203), afirma: “ Na escola aprende-se a estar constantemente preparado para ser medido, classificado e rotulado; a aceitar que todas nossas ações e omissões sejam suscetíveis de serem incorporadas a nosso registro pessoal; a aceitar ser objeto de avaliação e inclusive desejá-lo”.    

 

A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO FORMATIVA NA RETOMADA DAS AULAS PRESENCIAIS

Rose Meire da Silva e Oliveira

Na retomada das aulas presenciais, no segundo semestre letivo deste ano, é natural que os professores se indaguem, entre outros aspectos, sobre o processo de aprendizagem dos estudantes. Será que alguma aprendizagem não ficou consolidada? Como irei planejar o trabalho pedagógico? Como avaliar para recompor as aprendizagens?

Primeiramente, para subsidiar a organização do trabalho pedagógico no início e no decorrer do ano letivo, entra em cena a avaliação diagnóstica, como complementar à formativa, no intuito de situar a aprendizagem de cada estudante e identificar suas reais necessidades. Abrange, sobretudo, o mapeamento das condições dos estudantes para a continuidade e aprimoramento de suas aprendizagens pela recolha de informações sistemáticas obtidas por diferentes procedimentos, seja pela aplicação de atividades desenvolvidas em sala de aula ou pelas observações e registros diários acerca do desempenho escolar visando (re)orientar o planejamento docente.

E nesse sentido não podemos desconsiderar que a escola ainda se depara com as desigualdades nas condições de aprendizagem dos estudantes, decorrentes da pandemia, gerando certa preocupação e inquietude para os professores, pais ou responsáveis. Indiscutivelmente, não há como ensinar pressupondo que todos possuem os mesmos conhecimentos sem antes reunir informações consistentes sobre suas aprendizagens. O enfretamento dessa realidade exigirá planejamento e desenvolvimento de ações coletivas, pautados por um processo avaliativo intencional e institucional.

Assegurar o direito à aprendizagem de todos os estudantes implica, portanto, reavaliar, coletivamente, os princípios e compromissos assumidos no Projeto Político e Pedagógico da escola, sendo profícua esta prática nas primeiras semanas, após o reiníciodas aulas. Para tanto, é preciso ponderar acerca dos indicadores de qualidade do trabalho pedagógico, analisando quais objetivos de aprendizagem foram alcançados, as possíveis causas dos que não foram alcançados e ou atingidos, parcialmente, pelos estudantes e pela própria escola. Projetos e ações que alavancaram a aprendizagem dos estudantes podem ser aprimorados e ajustados, tendo em vista o almejado pelo coletivo escolar.   

Sordi et al (2021, p. 360) afirmam que “a avaliação formativa se destina a iluminar o olhar dos sujeitos sobre os processos de forma a que se possa tomar decisões que propulsionem as aprendizagens dos estudantes e, nesse sentido, tem por fim promover aprendizagens, considerando os (não)progressos do estudante em vários momentos e situações”.  Assim, a escuta sensível dos que fazem parte do cotidiano da escola propicia tal ação. Ouvir os pais/responsáveis e os estudantes para conhecer e compreender as adversidades que os afetaram, direta ou indiretamente, e que ainda interferem na aquisição de suas aprendizagens pode auxiliar na busca de soluções que estejam ao alcance de toda a escola e dos profissionais da educação.

Outro desafio com que a escola, geralmente, se depara para promover a avaliação formativa é a ausência do feedback sistemático pelos professores para que as aprendizagens não sofram interrupções. Desenvolvido de forma ética, este recurso avaliativo favorece o automonitoramento pelos estudantes e possibilita que reconheçam lacunas existentes em suas aprendizagens, bem como o uso mais efetivo de estratégias de estudo.

Quanto ao processo de recomposição das aprendizagens, vale esclarecer quea avaliação diagnóstica é o seu ponto de partida (VILLAS BOAS, 2022), identificando quais aprendizagens ainda não foram adquiridas e ainda estão em processo de assimilação, necessitando ser retomadaspor meio de intervenções pedagógicas bem planejadas e alinhadas ao ritmo e necessidades de aprendizagens de cada estudante, para serem consolidadas.

Dessa forma, “avaliar o aprendido exigirá nova lente e o exercício de pensar o percurso formativo dos estudantes demandará que consideremos o vivido em vias de planejar o futuro possível” (SORDI et al, 2021, 375). Como prosseguir com o ensino, sem atentar para as diferentes necessidades e singularidades dos estudantes? Assim sendo, a prática dialógica e includente promoverá possibilidades para recompor e potencializar as aprendizagens.

É certo que a escola, ao comprometer-se com a avaliação na perspectiva formativa, assume prática pedagógica potencializadora de novas aprendizagens, tornando-a descomplicada e acessível. Gera ações propositivas, fortalece o processo e contribui para a formação integral e multidimensional dos estudantes.

REFERÊNCIAS

SORDI, Mara Regina Lemes de; JÜRGENSEN, Bruno Damien da Costa Paes; SANTOS, Marcos Henrique Almeida dos [Orgs.]. Qualidade da escola pública: perspectivas e desafios. São Carlos: Pedro & João Editores, 2021.

VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Recomposição das Aprendizagens. Disponível em https://www.benignavillasboas.com.br/. Acesso em: 06 agosto de 2022.

 

Recomposição das aprendizagens

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Publicado em benignavillasboas.com.br em 04/08/2022

A expressão “recomposição das aprendizagens” é oportuna neste ano de 2022, quando o trabalho pedagógico escolar volta a ser presencial. A ideia não é nova. A novidade é a ênfase que está recebendo. Recompor significa tornar a compor o que pode ter ficado fragmentado ou incompleto. Pressupõe a existência de aprendizagens iniciadas, interrompidas e necessitando ser retomadas. Neste ano ela cumpre função adicional: distensionar o reinício do trabalho escolar, quando ainda estão presentes as dificuldades e temores vivenciados por todos nós durante o período da pandemia da covid 19. Por isso, cabe conduzi-la com leveza e sem pressa.

Muitas aprendizagens foram iniciadas e não puderam ser concluídas. As escolas estão aprendendo a conviver com uma nova situação: acolher os estudantes e os profissionais que nela atuam e diagnosticar a situação de aprendizagem de cada estudante para dar continuidade às atividades. Esse recomeço não tem sido fácil porque a pandemia deixou marcas em cada um de nós. Portanto, não devemos ir com muita sede ao pote: em primeiro lugar, é importante cuidarmos da saúde física e mental.

A avaliação diagnóstica é desenvolvida ao longo do ano letivo, para complementar a formativa, sendo praticada pelos próprios professores, de formas diversas: pela observação diária, participação nas diversas atividades e, eventualmente, por provas, desde que não conduzam a nenhuma classificação.

A partir das informações constantemente coletadas, recompõem-se as aprendizagens. Esta figura da recomposição sempre esteve presente no meio escolar. Está sendo destacada neste ano pelo fato de as escolas terem ficado fechadas durante dois anos e de o trabalho remoto ter enfrentado muitas dificuldades. Houve estudantes que deram continuidade às aprendizagens e outros que não conseguiram. Com a retomada das aulas presenciais, os professores têm observado que cada estudante apresenta diferente situação de aprendizagem.

Neste ano em que a escola se depara com situações especiais, fica mais evidente que a avaliação é um componente estratégico, sensível e ético. Estratégico porque inicia, acompanha e conclui o trabalho pedagógico, da escola e da sala de aula. A avaliação diagnóstica é a que fornece informações contínuas acerca do progresso dos estudantes de modo que intervenções pedagógicas possam ser realizadas imediatamente.

A avaliação é também um componente sensível por incluir pessoas, com suas diferenças, anseios e necessidades. Neste ano em que as atividades escolares estão sendo retomadas, novos anseios e necessidades ainda poderão estar em curso, o que requer apoio e tempo para o engajamento de todos nas tarefas curriculares. A sensibilidade e não a pressa em “cumprir o currículo” e em “obter resultados” é que indicará aos professores e às famílias o rumo a seguir.   

Quanto à ética, contamos com as contribuições de Luckesi (2011), que  reconhece a existência de três pactos éticos que o educador mantém com a avaliação das aprendizagens: o profissional, com o cumprimento do currículo e com a verdade. O pacto profissional inclui o seu compromisso com a sociedade, o sistema de ensino, a escola, os pais e os estudantes, em busca das aprendizagens. Cabe ao educador ser solidário com os estudantes, completa o autor, para que aprendam da melhor forma possível.

O segundo é o pacto com o cumprimento do currículo, de modo que o educador não se contente com o desempenho “médio” do estudante, mas com o seu desempenho “pleno” (Idem, p. 394). Acrescento: com o desempenho pleno de todos os estudantes. O grande compromisso ético da avaliação é estar a serviço das aprendizagens de todos eles. Lembremo-nos de que ainda poderão estar fragilizados. O sucesso do desenvolvimento curricular depende de cuidados éticos e emocionais. 

O terceiro pacto é com a verdade na elaboração dos instrumentos de coleta de dados segundo regras de cientificidade na sua aplicação, correção e devolução dos resultados. Este pacto envolve clareza de ações, informações e orientações não apenas quanto à maneira de se desenvolverem atividades avaliativas, mas também, quanto aos conteúdos selecionados e à abordagem, levando em conta o nível de maturidade dos estudantes. Costumamos ler comandos de itens de provas que conduzem a respostas errôneas. A ética recomenda a aplicação de instrumentos avaliativos em ambiente acolhedor e tranquilo, destinando-se tempo suficiente para sua finalização.

A correção de atividades requer cuidados, tanto na sua forma escrita quanto oral, sem que se penalize o estudante pelas não aprendizagens e sem colocá-lo em situação de competição com os colegas.

A devolução de resultados também merece atenção. Esta prática pode incomodar os estudantes quando o professor chama cada um deles e expõe oralmente suas fragilidades. Cria desconforto e impede o estreitamento de laços entre eles.

Cuidados éticos são necessários em todos os momentos do trabalho pedagógico. Facilitam a construção de laços afetivos, o desenvolvimento do trabalho colaborativo e, consequentemente, a conquista de aprendizagens por todos os estudantes e professores, que com eles aprendem sempre. Mas é na avaliação que  a ética se abriga e se difunde.  

Afirmei, inicialmente, que a avaliação diagnóstica é o ponto de partida do processo de recomposição das aprendizagens. No início deste ano letivo, quando os professores estavam imersos nesse processo, um fato ocorrido em março destoou do esforço que as escolas vinham empreendendo. O Ministério da Educação tomou a iniciativa de realizar avaliação diagnóstica em alguns estados, cometendo alguns equívocos. O primeiro deles foi a aplicação de “avaliações” diagnósticas, depois de dois meses de iniciadas as aulas, quando já deveria estar em curso a verdadeira avaliação diagnóstica, realizada pelos professores, por meios diversos e não apenas por uma prova. Alia-se a isso a decisão infeliz de adoção de prova, em alguns casos longa, quando as escolas viviam situação de fragilidade, em função do retorno às aulas presenciais depois de dois anos de um turbulento trabalho online.  

O segundo equívoco foi o formato em larga escala. A avaliação diagnóstica que subsidia o trabalho pedagógico e fornece informações rapidamente é feita continuamente em cada escola, por cada professor.

O terceiro foi a elaboração de provas por grupos estranhos à escola e uso de uma plataforma que nem sempre funcionou. Tudo isso consumiu tempo, quando as instituições escolares estavam vivenciando o início de um ano letivo atípico: seus profissionais estavam se habituando a uma nova situação, voltados para o acolhimento dos estudantes e suas famílias. A avaliação diagnóstica não se resume à aplicação desse instrumento mas, principalmente, pelas observações diárias, pelo acompanhamento das atividades e pelas conversas com pais, produzindo resultados imediatos.

O quarto equívoco é de ordem conceitual. Não foram aplicadas “avaliações” diagnósticas mas, sim, provas diagnósticas. Recebi a informação de que a avaliação diagnóstica é inicial e de que as “avaliações” formativas possibilitam o acompanhamento do estudante em relação ao seu desenvolvimento ao longo do ano. Ainda segundo informações, são formativas as “avaliações” do 1º ao 5º ano e de ciências e língua inglesa do 6º ao 9º ano. O entendimento, então, parece ser de que são diagnósticas as provas aplicadas no início do ano e formativas as aplicadas no seu decorrer, o que desorganiza os saberes dos professores sobre trabalho pedagógico e avaliação. Em primeiro lugar, a avaliação diagnóstica não se realiza somente no início do ano letivo, nem somente por meio de prova. Faz parte do dia a dia da sala de aula. Em segundo lugar, a avaliação formativa é um processo desenvolvido permanentemente em cada escola para analisar o que os estudantes aprenderam e o que ainda não aprenderam. Neste último caso, intervenções pedagógicas são oferecidas imediatamente.

 O MEC está prestando um desserviço ao difundir entendimento de avaliação diagnóstica e formativa que contradiz estudos e pesquisas sobre avaliação.  

Resumindo, o processo de recomposição das aprendizagens decorre da avaliação diagnóstica realizada pelos professores, de formas variadas, no dia a dia, para que se identifiquem as necessidades de intervenção pedagógica. Essa avaliação subsidia a formativa, cujo propósito é potencializar as aprendizagens.

Referência

LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico. SP: Cortez, 2011.     

 

Tutores: a “grande” reconversão

Publicado em 24/07/2022 por Luiz Carlos de Freitas, no blog do Freitas

Os tutores são a próxima “grande coisa” diz Nancy Bailey que analisa o porquê e quem está torcendo por eles. Em meio à crise de falta de professores, os estados americanos correm para trocar professores por “tutores”: ao invés de melhorar as condições e elevar a profissão docente.”

E claro, a moda já está sendo copiada por aqui.

A introdução dos tutores visa “cumprir o objetivo de longa data de acabar com os professores profissionais e migrar os estudantes para os computadores. Por favor, não argumente que os tutores são essenciais ou que eles apoiam os professores. A transformação de professor para tutor/técnico é um esforço conjunto para remover os professores da sala de aula. Pouco se fala sobre em como atrair professores.”

Leia a íntegra aqui

Por aqui, as bases nacionais curriculares, para o estudante e para o magistério, já estão fazendo a primeira tarefa, ou seja, a simplificação do que será ensinado, reduzindo o conteúdo a competências e habilidades; a introdução destas em plataformas de aprendizagem on line deverá completar a tarefa transformando o magistério em tutoria e o estudante irá parar na frente da tela do computador, “assistido” por um tutor. As avaliações “embarcadas” nos softwares vão se somar às de larga escala e fechar o cerco sobre a escola. Chamam isso de “inovação”, mas é uma disputa pelo controle da escola.

 

Carta da CONAPE 22

Publicado em 21/07/2022 por Luiz Carlos de Freitas, no blog do Freitas

A Conferência Nacional Popular de Educação terminou sua reunião com a divulgação de uma Carta, bem como com o cronograma de divulgação de seu documento final. O texto reúne as principais medidas necessárias para iniciar um processo de reconstrução da educação nacional. Entre elas está a recusa a todas as formas de privatização da educação.

Baixe a Carta aqui.

 

SBPC Vai à Escola reúne alunos do ensino básico nos campi da UnB

JC Notícia – 19/07/2022

Universidade disponibilizará transporte e ajuda de custo para professores trazerem estudantes da rede pública ao evento

Universidade também é lugar de criança. Pensando nisso, a 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) terá uma programação especial para os futuros cientistas e seus professores: a SBPC Vai à Escola, que ocorrerá de maneira presencial nos dias 26, 27 e 28 de julho, nos campi da Universidade de Brasília de Ceilândia (FCE), Planaltina (FUP) e Gama (FGA).

A iniciativa ocorre desde 2015 e busca promover a divulgação científica, despertar o interesse de estudantes da educação básica e promover a formação de professores do ensino fundamental e médio. Ao todo, serão 30 palestras ao longo dos três dias, com pesquisadores de 17 instituições públicas de ensino, entre elas a UnB.

Até o momento, 20 unidades de ensino do Distrito Federal já garantiram a participação no evento. Juliana Petrocchi Rodrigues é professora do curso de Engenharia de Energia da UnB e coordenadora da SBPC Vai à Escola. Ela explica que, como muitas instituições das redes pública e privada estão em período de férias, foram estabelecidas ações de divulgação e articulação com a Secretaria de Estado da Educação do DF.

“A UnB disponibilizará ônibus e lanches para os alunos e professores, e uma ajuda de custo para o professor que levar sua turma para a visita”, afirma Juliana. A chamada pública com as regras para o auxílio e o formulário de inscrição das turmas está disponível na página do Decanato de Pesquisa e Inovação.

A coordenadora destaca que a SBPC Vai à Escola é um momento importante para promover a integração entre a academia e as instituições de ensino básico: “É importante diminuir o abismo entre o conhecimento científico e a aprendizagem escolar, aumentando a interação entre pesquisadores e acadêmicos e a comunidade de forma geral”, afirma Juliana.

“Desenvolver a curiosidade e incentivar os alunos a pensar na ciência como base para o desenvolvimento de uma sociedade pode contribuir para a popularização do conhecimento científico”, conclui a professora.

>> Confira a programação completa da SBPC Vai à Escola

PALESTRA

O físico Ennio Candotti, coordenador geral do projeto do Museu da Amazônia (Musa), é um dos palestrantes da programação. Ele presidiu a SBPC por quatro mandatos, e foi na sua gestão que surgiu a ideia de preparar um evento na reunião anual com foco no público infanto-juvenil.

Assim surgiu a SBPC Jovem, cuja primeira edição foi realizada em Recife, em 1993, lembra Ennio Candotti. “E desde então foi repetida com sucesso. Eu mesmo já dei palestras para crianças e jovens em várias oportunidades.” O físico participou da criação da revista Ciência Hoje e sua versão para os pequenos cientistas, Ciência Hoje das Crianças, em 1986.

No próximo dia 28, Ennio Candotti estará na FGA para ministrar sua palestra Nas asas do balanço para alunos do ensino básico. A descrição do tema, em forma de versos, deixa o público curioso: “Quais segredos esconde o balanço? Revelar segredos. Perguntar. Vamos conversar de embalos e balanços Juntos”.

O professor explica que a conversa será sobre “a experiência fundadora da ciência moderna”: o balançar do pêndulo. “Galileu descobriu que o tempo de oscilação (o vai e volta do pêndulo) não depende da amplitude do voo e nem do peso. Então esses fenômenos: tempo de oscilação, comprimento do pêndulo e massa/peso da pedra são os três personagens da minha palestra”, conta.

Para ilustrar a descoberta de Galileu, ele gostaria de utilizar um balanço para que as crianças visualizem o experimento na prática. Ele afirma que é importante apresentar esse mundo aos pequenos desde cedo. “Tem criança que gosta de ciência sim, e muito. O importante é que cada um se divirta com aquilo que faz, que o faça com emoção, que se dedique e procure ser muito habilidoso”, conclui Ennio Candotti.

EXPOSIÇÕES

A programação da 74ª Reunião Anual contará com outros eventos paralelos dedicados à comunidade escolar e às crianças. A SBPC Jovem será realizada entre os dias 25 e 30 de julho, no campus Darcy Ribeiro, com exposições voltadas para estudantes e professores do ensino básico, além do público em geral.

No dia 30 de julho, é a vez do campus receber pais, mães, filhos, tios, sobrinhos, avós e demais familiares no Dia da Família na Ciência. O evento terá uma programação específica para mostrar como a ciência faz parte do dia a dia das pessoas – muitas vezes de maneira imperceptível.

A programação do Dia da Família na Ciência é gratuita, não precisa de inscrição e ocorrerá nas tendas da SBPC Jovem e ExpoT&C.

SBPC

A 74ª Reunião Anual da SBPC será realizada entre os dias 24 e 30 de julho, em formato híbrido, com atividades nos campi da UnB e pela internet. Interessados em participar podem se inscrever pelo site do encontro.

O evento é realizado desde 1949 ininterruptamente, com a participação de representantes de sociedades científicas, autoridades e gestores do sistema nacional de ciência e tecnologia. O objetivo é debater políticas públicas nas áreas de ciência, tecnologia, inovação e educação e difundir os avanços científicos nas diversas áreas do conhecimento para toda a população.

>> A UnB está em clima de SBPC! Baixe, compartilhe e divulgue a identidade visual da 74ª Reunião Anual!

UnB Notícias

 

LEI Nº 14.407, DE 12 DE JULHO DE 2022

Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para estabelecer o compromisso da educação básica com a formação do leitor e o estímulo à leitura.

     O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
     Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

     Art. 1º O art. 4º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XI:


“Art. 4º ………………………………………………………………………………………………
……………………………………………………………………………………………………………

XI – alfabetização plena e capacitação gradual para a leitura ao longo da educação básica como requisitos indispensáveis para a efetivação dos direitos e objetivos de aprendizagem e para o desenvolvimento dos indivíduos.” (NR)

     Art. 2º O art. 22 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:


“Art. 22. …………………………………………………………………………………………….

Parágrafo único. São objetivos precípuos da educação básica a alfabetização plena e a formação de leitores, como requisitos essenciais para o cumprimento das finalidades constantes do caput deste artigo.” (NR)

     Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

     Brasília, 12 de julho de 2022; 201º da Independência e 134º da República.

JAIR MESSIAS BOLSONARO
José de Castro Barreto Junior
Cristiane Rodrigues Britto

Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União – Seção 1 de 13/07/2022

Publicação:

  • Diário Oficial da União – Seção 1 – 13/7/2022, Página 1 (Publicação Original)
 

Como fazer a avaliação formativa?

Enílvia Rocha Morato Soares

Sempre que reflexões acerca da avaliação formativa são apresentadas ou discutidas com profissionais da educação são comuns posicionamentos que, no afã de colocar em prática essa forma de avaliar, dissociam-na da teoria, questionando: Isso que foi dito (ou debatido) nós já sabemos, queremos saber é como fazer a avaliação formativa.

É certo que não há um modelo de ação a seguir ou uma regra técnica aplicável que garanta sua presença, uma vez que os diferentes contextos em que a avaliação se desenvolve (incluindo os sujeitos que o integram) demandam diferentes instrumentos, procedimentos e estratégias. É certo também que a função formativa da avaliação é definida muito mais pela intenção do avaliador do que por suas práticas observáveis, o que lhe confere uma dimensão utópica, ou seja, sua existência concreta jamais poderá ser assegurada (HADJI, 2001), tendo em vista a impossibilidade de se conhecerem integralmente os reais propósitos dos indivíduos.

No entanto, algumas iniciativas sinalizam que a busca por uma prática avaliativa formativa está em curso. Vamos a elas:

  • Relação de ajuda com o estudante: “é a vontade de ajudar que, em última análise, instala a atividade avaliativa em um registro formativo” (HADJI, 2001, p. 22, grifos do autor).
  • Variabilidade didática: uma avaliação que não é seguida por uma modificação das práticas do professor tem poucas chances de ser formativa (HADJI, 2001).
  • Análise dos avanços de um mesmo estudante em diferentes momentos , sem estabelecer comparação entre ele e os colegas: a classificação, que conduz à exclusão, é contrária à avaliação formativa, que tem a inclusão como princípio fundamental.
  • Feedback constante: os estudantes devem ser informados sobre o desenvolvimento de suas aprendizagens, assim como orientados de modo que suas necessidades sejam atendidas. Abre caminho para que os estudantes desenvolvam o automonitoramento, processo em que eles próprios identificam suas necessidades de aprendizagem, ou seja, se autoavaliam e buscam os meios para atendê-las
  • Avaliação informal encorajadora: acontece quando o professor dá ao estudante a orientação de que necessita, no momento exato; manifesta paciência, respeito e carinho ao atender suas dúvidas; demonstra interesse pela aprendizagem de cada um; atende a todos com a mesma cortesia, sem demonstrar preferência; elogia o alcance dos objetivos; não penaliza o estudante pelas aprendizagens ainda não adquiridas; não comenta em voz alta suas dificuldades ou fragilidades; não faz comparações. Atitudes de interesse, disponibilidade e aceitação, que ajudam o estudante a se desenvolver e avançar, integram a avaliação informal formativa.
  • Variação de atividades/procedimentos de avaliação formal: diversificar os recursos para a coleta de informações sobre os estudantes possibilita uma análise mais criteriosa e aproximada de suas reais condições de aprendizagem. Prova, portfólio, observação, entrevista, autoavaliação, avaliação por colegas, relatórios, etc., são válidos, desde que as informações obtidas por meio deles sejam utilizadas em favor de melhorias no trabalho desenvolvido e, em decorrência, nas aprendizagens dos estudantes.
  • Diagnósticos e intervenções sistemáticas: é essa a dinâmica que permite aos estudantes avançarem continuamente, mantendo em dia suas aprendizagens.
  • Atitude investigativa: as intervenções que se seguem aos diagnósticos não se estabelecem sem um criterioso processo de pesquisa. Buscar caminhos que possibilitem auxiliar os estudantes na superação de dificuldades requer aprendizado constante.
  • Letramento em avaliação: aprender a avaliar na lógica formativa é um desafio permanente e, portanto, uma fonte inesgotável de aprendizagens. As formações inicial e continuada têm muito a contribuir para uma atuação docente que incorpore uma prática avaliativa parceira das aprendizagens.
  • Participação no processo autoavaliativo da escola: a avaliação do trabalho escolar requer a colaboração entre docentes, estudantes, pais/responsáveis e demais profissionais. Vale lembrar que a avaliação não acontece somente em sala de aula, mas no âmbito de toda a escola. É esse o momento em que informações advindas da sala de aula e dos exames externos se conectam com as percepções dos integrantes da escola sobre o trabalho realizado, possibilitando um olhar mais aprofundando e crítico sobre a realidade escolar. Conduzida com ética pelo coletivo, promove não só as aprendizagens dos estudantes, mas o desenvolvimento de toda a escola.

Mesmo diante das adversidades impostas por uma organização social pautada na individualidade, competitividade e, portanto, por processos que excluem os menos favorecidos cultural e economicamente, avaliar na perspectiva formativa constitui prática que se reveste de singular importância, por contribuir para que a escola constitua espaço de acolhimento, solidariedade e, sobretudo, de aprendizagens capazes de impulsionar melhorias educativas e, quiçá, sociais.

Referências:

HADJI, Charles. Avaliação desmistificada. Trad. Patrícia C. Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2001.

 

Estudantes com ideias criativas podem se inscrever na maior feira brasileira de ciências

JC Notícias – 05/07/2022

Febrace está com inscrições abertas até 24 de outubro para estudantes de todo o Brasil

A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), movimento nacional de estímulo ao jovem cientista liderado pelo Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica (Poli) da USP, está com inscrições abertas para a 21a edição da mostra de projetos, com etapas de participação on-line e presencial. Os projetos devem ser submetidos até o dia 24 de outubro pela plataforma Minha Febrace no endereço minha.febrace.org.br.

Podem participar estudantes matriculados no 8º ou 9º ano do ensino fundamental, no ensino médio ou técnico de instituições públicas e privadas de todo o Brasil. Os estudantes devem ter no máximo 20 anos. Os projetos podem ser realizados individualmente ou em grupos de até três estudantes autores, com participação obrigatória de um professor orientador. Os projetos submetidos devem enquadrar-se nas áreas das Ciências (Exatas e da Terra, Biológicas, da Saúde, Agrárias, Sociais e Humanas) e Engenharias.

Na primeira etapa de seleção, centenas de professores universitários e pesquisadores de diferentes universidades e centros de pesquisa do Brasil irão avaliar os inscritos e selecionar cerca de 500 projetos semifinalistas para participarem da apresentação e avaliação ao vivo via plataforma Zoom. A partir dessa avaliação, serão indicados 200 projetos finalistas para participação, em março de 2023, na Mostra Presencial de Projetos, na USP, Campus Butantã. Os critérios utilizados serão: criatividade e inovação; conhecimento científico do problema; forma de levantamento de dados e condução do projeto; profundidade da pesquisa, clareza na apresentação da documentação do projeto e na apresentação oral.

Na semana de 20 a 24 de março de 2023, acontecerão simultaneamente a Mostra Virtual de todos os projetos selecionados como semifinalistas e a Mostra Presencial dos 200  projetos finalistas em São Paulo no campus da USP. Durante essa semana também acontecerão palestras e workshops com transmissão das atividades pela internet. Na Mostra Virtual, os estudantes autores de aproximadamente 500 projetos semifinalistas terão a oportunidade de divulgar seus projetos, para professores e pesquisadores, participar de palestras e expor suas ideias ao público por meio da mostra on-line de projetos. Os participantes selecionados para a Mostra Presencial terão também a oportunidade de interagir presencialmente, em São Paulo, com professores, pesquisadores, patrocinadores e visitantes.

Durante a Mostra Presencial, os projetos finalistas serão avaliados, e identificados os primeiros, segundos, terceiros e quartos lugares de cada categoria – esses contemplados com troféus, medalhas e certificados na cerimônia de premiação prevista para o dia 24 de março de 2023.

Diversas instituições públicas e privadas também oferecerão prêmios como estágios, bolsas de estudo, equipamentos eletrônicos, visitas técnicas e credenciais para participação em outras feiras nacionais e internacionais. Serão ainda selecionados nove projetos, cujos autores irão representar o Brasil na maior feira pré-universitária do mundo: a Regeneron Isef (International Science and Engineering Fair), que em 2023 será realizada no mês de maio nos EUA.

De acordo com a coordenadora geral da Febrace, professora Roseli de Deus Lopes, a nova edição da mostra de projetos abre espaço para que mais jovens brasileiros possam apresentar suas inovações, on-line ao vivo, para cientistas de diversas áreas do conhecimento e de diversos países, além de oferecer a oportunidade para que jovens cientistas conheçam a USP e possam interagir com professores, pesquisadores, patrocinadores e visitantes.

A Febrace envolve, a cada ano, mais estudantes e professores no desenvolvimento de projetos investigativos. Em sua primeira edição, em 2003, foram enviados 300 projetos, e selecionados 93 finalistas. Mesmo diante das dificuldades e restrições impostas pela pandemia, em sua última edição, realizada em março de 2022, a Febrace envolveu diretamente mais de 29.875 estudantes de 27 unidades da Federação, que desenvolveram projetos investigativos e os submeteram diretamente ou através de uma das 97 feiras afiliadas. A mostra de projetos, realizada a distância em função da pandemia, contou com a participação de 1.081 estudantes finalistas acompanhados por 626 professores orientadores/coorientadores.

Acompanhe a Febrace pelo site www.febrace.org.br ou pelas redes sociais FacebookTwitter, YouTube e Instagram.

Jornal da USP