SP: Estado cria prova de recuperação semestral obrigatória

Publicado em 06/06/2024 por Luiz Carlos de Freitas

Militarização das escolas, exames bimestrais, provas de recuperação obrigatórias, Saresp, IDEB, simulados, plataformização das escolas e suas telas sem limites, gestão privada de escolas etc, instituem um verdadeiro massacre da juventude. Neste ritmo, não tardaremos a assistir a volta da reprovação nas escolas.

Cada vez mais uma combinação de pressão em vários aspectos da vida (estética, social, econômica, escolar, familiar), com mais meritocracia, concorrência e consequente segregação está adoecendo a juventude. Na base deste processo, está uma sociedade que comercializa todas as relações sociais e organiza a vida a partir da busca pelo lucro incessante. Como afirma Huws, a comunicação entre as pessoas foi sequestrada e agora só se processa se mediada por uma empresa de tecnologia que cobra por esta mediação.

O papel da escola está reduzido a “ensinar” um punhado de competências e habilidades na “idade certa” e a fazer com que se saiam bem nos exames e simulados de forma a gerar mais dinheiro do FUNDEB e dos governos, prêmios e elogios para as redes escolares e para as escolas. O magistério é cada vez mais precarizado e chamado a deixar de lado aquele prazer de ver seu aluno avançar e crescer, e subtitui-lo por pensar sua atuação em base a salários adicionais obtidos a partir do desempenho de seus estudantes nos exames.

Os sinais de saturação da juventude são evidentes e estão vindo dos consultórios dos psicólogos, das escolas (há um aumento das agressões ao magistério e entre os estudantes) e de outras fontes e que estão sendo processados equivocadamente com adição de mais pressão ainda.

Jonathan Haidt “demonstra como a “infância baseada no brincar” entrou em declínio na década de 1980 e foi substituída pela “infância baseada no celular”, acompanhada por uma hiperconectividade que alterou o desenvolvimento social e neurológico dos jovens e tem causado privação de sono, privação social, fragmentação da atenção e vício.”

Veja aqui.

Antes ainda, em 2021, Michel Desmurget, em “A fábrica de cretinos digitais” também advertia: “Por que os grandes gurus do Vale do Silício proíbem seus filhos de usar telas? Você sabia que nunca na história da humanidade houve um declínio tão acentuado nas habilidades cognitivas? Você sabia que apenas trinta minutos por dia na frente de uma tela são suficientes para que o desenvolvimento intelectual da criança comece a ser afetado?”

Veja aqui.

O que governos, pais e professores estão dispostos a fazer para proteger a juventude do excesso de telas, da meritocracia e da competição nas escolas e de pressões desnecessárias e nocivas em seu interior? Ou vamos continuar acreditando que estas são “habilidades necessárias para o século XXI”?

Em relação ao magistério é fundamental que as lutas dos sindicatos incorporem não apenas os interesses diretos do magistério, mas incluam a defesa dos interesses formativos da juventude. É urgente que se debatam outras finalidades educativas para as escolas, para além de disciplinar ou treinar estudantes para que se saiam bem nas avaliações, no Saresp ou no IDEB.

 

SP: Estado cria prova de recuperação semestral obrigatória

Publicado em 06/06/2024 por Luiz Carlos de Freitas

Militarização das escolas, exames bimestrais, provas de recuperação obrigatórias, Saresp, IDEB, simulados, plataformização das escolas e suas telas sem limites, gestão privada de escolas etc, instituem um verdadeiro massacre da juventude. Neste ritmo, não tardaremos a assistir a volta da reprovação nas escolas.

Cada vez mais uma combinação de pressão em vários aspectos da vida (estética, social, econômica, escolar, familiar), com mais meritocracia, concorrência e consequente segregação está adoecendo a juventude. Na base deste processo, está uma sociedade que comercializa todas as relações sociais e organiza a vida a partir da busca pelo lucro incessante. Como afirma Huws, a comunicação entre as pessoas foi sequestrada e agora só se processa se mediada por uma empresa de tecnologia que cobra por esta mediação.

O papel da escola está reduzido a “ensinar” um punhado de competências e habilidades na “idade certa” e a fazer com que se saiam bem nos exames e simulados de forma a gerar mais dinheiro do FUNDEB e dos governos, prêmios e elogios para as redes escolares e para as escolas. O magistério é cada vez mais precarizado e chamado a deixar de lado aquele prazer de ver seu aluno avançar e crescer, e subtitui-lo por pensar sua atuação em base a salários adicionais obtidos a partir do desempenho de seus estudantes nos exames.

Os sinais de saturação da juventude são evidentes e estão vindo dos consultórios dos psicólogos, das escolas (há um aumento das agressões ao magistério e entre os estudantes) e de outras fontes e que estão sendo processados equivocadamente com adição de mais pressão ainda.

Jonathan Haidt “demonstra como a “infância baseada no brincar” entrou em declínio na década de 1980 e foi substituída pela “infância baseada no celular”, acompanhada por uma hiperconectividade que alterou o desenvolvimento social e neurológico dos jovens e tem causado privação de sono, privação social, fragmentação da atenção e vício.”

Veja aqui.

Antes ainda, em 2021, Michel Desmurget, em “A fábrica de cretinos digitais” também advertia: “Por que os grandes gurus do Vale do Silício proíbem seus filhos de usar telas? Você sabia que nunca na história da humanidade houve um declínio tão acentuado nas habilidades cognitivas? Você sabia que apenas trinta minutos por dia na frente de uma tela são suficientes para que o desenvolvimento intelectual da criança comece a ser afetado?”

Veja aqui.

O que governos, pais e professores estão dispostos a fazer para proteger a juventude do excesso de telas, da meritocracia e da competição nas escolas e de pressões desnecessárias e nocivas em seu interior? Ou vamos continuar acreditando que estas são “habilidades necessárias para o século XXI”?

Em relação ao magistério é fundamental que as lutas dos sindicatos incorporem não apenas os interesses diretos do magistério, mas incluam a defesa dos interesses formativos da juventude. É urgente que se debatam outras finalidades educativas para as escolas, para além de disciplinar ou treinar estudantes para que se saiam bem nas avaliações, no Saresp ou no IDEB.

 

Acho pouco”, diz Lula sobre meta de alfabetizar 80% das crianças até 2030

JC Notícias – 31/05/2024

O presidente participou nessa terça-feira, 28 de maio, de solenidade que divulgou o Índice Criança Alfabetizada, no Planalto. Indicador atingiu 56% de crianças alfabetizadas na idade certa, superando patamar pré-pandemia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta terça-feira (28/5) a meta do Ministério da Educação de atingir 80% das crianças alfabetizadas na idade certa em 2030 como “pouco”, mas afirmou que o índice leva em conta o histórico do ensino público no país. Apesar de ter celebrado o retorno do índice ao patamar pré-pandemia, o petista destacou que número “não é motivo de orgulho”.

O Planalto divulgou hoje o Indicador Criança Alfabetizada, criado em 2023 e que traz uma nova metodologia para avaliar a alfabetização. O indicador do ano passado chegou a 56%, enquanto o antigo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) atingiu 55% em 2019 e chegou a 36% em 2021, após o fechamento das escolas por conta da covid-19. O levantamento considera crianças da rede pública que estão no 2º ano do ensino fundamental, considerado o momento correto para a alfabetização.

Veja o texto na íntegra: Correio Braziliense,  28/05/2024

Leia também:

CNN, 28/05/2024 – MEC estabelece meta de 80% das crianças alfabetizadas até 2030; Lula diz que ambição não é “gloriosa”

 

Mais de 60% dos professores reclamam de falta de disciplina e interesse dos alunos

JC Notícias – 29/05/2024

Em pesquisa, docentes brasileiros apontam também como desafio o pouco envolvimento das famílias dos estudantes

A falta de disciplina e interesse dos alunos é, para 63% dos professores brasileiros, um dos principais desafios da educação básica. Além disso, 59% dos docentes reclamam da falta de envolvimento das famílias dos estudantes no seu processo de aprendizagem.

Os dados são da pesquisa Perfil e Desafio dos Professores da Educação Básica no Brasil, realizada pelo Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras do Ensino Superior) entre 18 e 31 de março deste ano com uma amostra de 444 docentes de escolas públicas e particulares de todas as regiões do país. Para responder às questões, o professor precisava estar trabalhando com educação básica entre 2019 e 2023.

Veja o texto na íntegra: Folha de S. Paulo

O Grupo Folha não autoriza a reprodução do seu conteúdo na íntegra. No entanto, é possível fazer um cadastro rápido que dá direito a um determinado número de acessos.

 

Só 19% se formam na educação básica na idade certa e com a aprendizagem suficiente

JC Notícias – 28/05/2024

Novo índice evidencia também a enorme desigualdade educacional do Brasil; os formados com qualidade minimamente satisfatória vão de 6,5%, no Amapá, a 27%, em SP

Um novo índice joga luz no drama educacional brasileiro: apenas 2 de cada 10 (ou 19%) dos jovens do país se formam no ensino médio na idade certa e com o aprendizado considerado suficiente.

Os dados evidenciam também a enorme desigualdade do país, com os piores desempenhos educacionais concentrados nas regiões Norte e Nordeste.

A taxa dos que se formam com a aprendizagem suficiente varia de 6,5%, no Amapá, estado com o pior desempenho, a 27%, em São Paulo, que tem a melhor performance. Ou seja, mesmo a educação paulista, líder no ranking, não forma nem um terço dos jovens na idade correta e com a aprendizagem minimamente satisfatória.

Veja o texto na íntegra: Folha de S. Paulo

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Entidades da Educação repudiam militarização de escolas em São Paulo

JC Notícias – 27/05/2024

Além de sinalizarem riscos inerentes à proposta, como a transposição de princípios que regem a área de segurança para a escola, as organizações que assinam a nota criticam a violenta repressão praticada pela polícia contra estudantes que queriam acompanhar a votação na Assembleia Legislativa paulista

Um grupo de entidades da área da educação, entre elas a ANPEd, divulgou uma nota contrapondo-se à aprovação do projeto de lei que institui as escolas cívico-militares na rede estadual de ensino de São Paulo, na última terça-feira (21/5).

Além de sinalizarem riscos inerentes à proposta, como a transposição de princípios que regem a área de segurança para a escola, as organizações que assinam a nota criticam a violenta repressão praticada pela polícia contra estudantes que queriam acompanhar a votação na Assembleia Legislativa paulista.

Leia a nota a seguir ou baixe o documento:

NOTA DAS ENTIDADES CONTRA O PROGRAMA DAS ESCOLAS CÍVICO-MILITARES DE SÃO PAULO

As entidades abaixo assinadas repudiam e comunicam sua indignação com a aprovação do PL que cria escolas cívico-militares na rede estadual de São Paulo.

A medida, além de ineficaz para a melhoria da educação, conforme demonstram análises e pesquisas sobre a implementação desse tipo de programa em outros estados, transpõe para o ambiente escolar princípios que regem a área da segurança e as corporações militares, criando uma ilusão de segurança e disciplina.

No entanto, o que se observa com a militarização é o controle sobre e as/os estudantes, impendindo-as/os de expressarem suas identidades étnico-culturais e suas organizações. Controle que se estende às/aos profissionais da educação, limitando a liberdade de cátedra. Contraria, portanto, os princípios constitucionais que regem a educação brasileira, os quais preconizam o direito à educação para todas/os em condições de igualdade de acesso e permanência na escola, liberdade de aprender e ensinar, pluralismo de ideias e a valorização das/os profissionais das escolas.

Também são questionáveis as motivações citadas pelo secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, para justificar a proposta – o “enfrentamento da violência” e a “promoção da cultura de paz” –, bem como a adoção do “índice de vulnerabilidade social” como critério de seleção das escolas candidatas ao programa. Essas justificativas sinalizam para o direcionamento da iniciativa às escolas das regiões periféricas, podendo reforçar os estigmas e preconceitos que envolvem as comunidades vulneráveis.

Com mais esta medida, que abandona os objetivos de melhoria da qualidade da educação em troca de um discurso populista e ineficiente, se implementadas as escolas cívico-militares apenas aumentarão a exclusão escolar, a violência e a desvalorização de duas categorias profissionais: de um lado, perdem os profissionais da educação pública que perderão recursos, que deveriam ser destinados exclusivamente a sua valorização e para despesas que possam melhorar a formação ofertada pelas escolas. De outro, também perdem os policiais militares da reserva que, ao invés de serem valorizados com salário e condições dignas de trabalho quando estão na ativa, são iludidos com desvio de função, do trabalho precário/”bico”, além de assumirem responsabilidades para as quais não possuem qualquer preparo.

A educação pública brasileira tem uma história e merece respeito! Além disso, senhor governador e secretário de educação exigimos apuração e providências quanto à força excessiva e violência que marcaram a atuação da polícia na Assembleia Legislativa durante a votação da lei que deu origem ao programa de escolas cívico-militares.

Assinam:

  1. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPEd
  2. Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais – ABECS
  3. Associação Nacional de Política e Administração da Educação – ANPAE
  4. Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação – ANFOPE
  5. Associação Brasileira de Currículo – ABdC
  6. Associação Brasileira de Ensino de Biologia – SBEnBio
  7. Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação – Fineduca
  8. Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências – Abrapec
  9. Adufscar Seção Sindical – ANDES SN
  10. Associação dos Docentes da UNIFESP – ADUNIFESP- Seção Sindical
  11. Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial – ABPEE
  12. Campanha Nacional pelo Direito à Educação – Campanha
  13. CAJUEIRO – Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude
  14. Centro de Estudos Educação e Sociedade – CEDES
  15. Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB
  16. Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE
  17. Fórum Nacional de Diretores de Faculdades, Centros de Educação ou Equivalentes das Universidades Públicas Brasileiras – FORUMDIR
  18. Fórum Nacional de Coordenadores Institucionais dos Programas Pibid e Residência Pedagógica – Forpibid-rp
  19. Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico – PROIFES-Federação
  20. Grupo de Estudos e Pesquisas em Política Educacional – GREPPE
  21. Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Educacionais e Juventude – GEPEJ/UFG
  22. Observatório do Ensino Médio da UFPR
  23. Observatório Juventudes na Contemporaneidade
  24. Rede Nacional EMPesquisa
  25. Rede Nacional de Pesquisa sobre Militarização da Educação – RePME
  26. Rede Escola Pública e Universidade – REPU
  27. Sindicato de Trabalhadores das Universidades Federais do ABC – SinTUFABC
  28. Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior – ANDES – SN
  29. Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE / SP)
  30. Sociedade Brasileira do Ensino de Química – SBEnQ

Anped

 

Militarização de escolas põe São Paulo na retaguarda do atraso

JC Notícias – 24/05/2024

“Entregar educação a PMs da reserva é desistir de criticidade e inovação”, comentam Salomão Ximenes, professor da UFABC, Catarina de Almeida Santos, professora da UnB e coordenadora da Rede Nacional de Pesquisa sobre Militarização da Educação (REPME), e Miriam Fábia Alves, presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), em artigo para a Folha de S. Paulo

Quem acompanha o debate de políticas educacionais no país sabe bem das dificuldades do consenso quanto aos rumos da educação, decorrente da pluralidade de concepções possíveis sobre os objetivos da escola e sobre os meios de realizá-los.

Apesar da legislação estabelecer as balizas, há uma miríade de interpretações sobre o que significam “qualidade”, “gestão democrática”, “avaliação” etc. A crítica à crescente militarização da educação básica é um fato raro, pois tem sido capaz de formar consenso no campo, reunindo de um mesmo lado entidades científicas, organizações sindicais e estudantis, filantropia empresarial, ONGs, pesquisadores e educadores que parecem discordar sobre todo o resto.

Veja o texto na íntegra: Folha de S. Paulo

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Retratos do atraso educacional no Censo

JC Notícias – 20/05/2024

Taxa de analfabetismo brasileira em 2022 é superior à dos Estados Unidos em 1920 e igual à de Uruguai e Argentina em 1970. E ainda temos o desafio do analfabetismo funcional”, comenta o colunista do jornal O Globo, Antônio Gois

O fato de o IBGE ainda divulgar, em 2024, taxas de analfabetismo adulto no Brasil já é um demonstrativo de nosso atraso. Os dados do Censo 2022, divulgados na sexta-feira, mostram que 7% dos brasileiros com 15 anos ou mais não sabem ler e escrever um simples bilhete. Em perspectiva histórica, nossa defasagem é gritante. Os Estados Unidos, por exemplo, registravam em 1920, segundo o Centro Nacional de Estatísticas Educacionais (equivalente ao nosso Inep), um percentual de 6% de analfabetos. A partir de 1980, quando as taxas por lá ficaram inferiores a 1%, o foco nas divulgações passou a ser no analfabetismo funcional.

De acordo com o site Our World in Data, os 7% do Brasil atual foram verificados em 1970 na Argentina e no Uruguai. Uma base de dados da Harvard Business School mostra que a Coreia do Sul, que teve impressionante avanço no século passado, já em 1980 apresentava taxa inferior à do Brasil de 2022. De acordo com a mesma fonte, na França a barreira dos 7% foi ultrapassada entre 1920 e 1925. Em resumo, são 100 anos de atraso em relação aos EUA e França, 50 anos comparados a Uruguai e Argentina, e 40 ante a Coreia do Sul.

No caso brasileiro, o analfabetismo adulto está concentrado nas populações idosas. Na faixa de 65 anos ou mais, por exemplo, vai a 20%. Mas é preocupante constatar certa inércia demográfica nesse indicador, pois o principal motor de queda na taxa é meramente um efeito de substituição de uma geração mais velha por outra mais nova, e não o fato de mais adultos estarem aprendendo a ler e escrever.

Veja o texto na íntegra: O Globo

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Papel do professor no ensino superior cresce e influencia seleção de faculdade

JC Notícias – 20/05/2024

Para 97% dos estudantes, a faculdade de seus sonhos une ensino e pesquisa e se espera que os docentes dela também sejam pesquisadores, mostra o Instituto Semesp

O modelo ideal de universidade, na visão dos estudantes, tem corpo docente com perfil múltiplo, que possui atuações que vão além da docência. Este é um dos resultados apontados por uma pesquisa realizada pelo Instituto Semesp no ano passado. O levantamento mostrou que a maioria dos universitários (60,8%) espera que os professores também sejam pesquisadores, e outros 15% apontaram que têm uma expectativa de que os docentes possam aconselhá-los. Outro dado é que, para 97% dos estudantes, a faculdade de seus sonhos une ensino e pesquisa.

Para Gabriela Fonseca, coordenadora e professora da graduação em Economia da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (EESP), quando os professores se dedicam à pesquisa, seja acadêmica ou aplicada, concomitantemente à sala de aula, trazem muitas vantagens para o ambiente universitário. “Os professores que estão próximos às pesquisas ajudam a manter as ementas dos cursos atualizadas. Muitas inovações e resultados de pesquisas chegam primeiro aos artigos científicos e conferências, e demoram para afetar as universidades.”

Gabriela atua como coordenadora e professora de graduação, mas pesquisa a área da Economia da Educação, se concentrando em estudar como a expectativa dos professores afeta efetivamente o desempenho escolar. Para ela, quando o professor segue carreira como pesquisador, isso proporciona benefícios para toda a sua sala de aula, mesmo que a maioria dos alunos queira ir para o mercado de trabalho e não para a vida acadêmica.

Veja o texto na íntegra: Estadão

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Professores fazem mobilização contra uso de plataformas digitais em SP

JC Notícias – 13/05/2024

Sistema foi implementado nas escolas no ano passado

Os professores da rede pública estadual de São Paulo fazem a partir de segunda-feira (13) uma mobilização contra as plataformas digitais nas escolas. No ano passado, o governo estadual implementou um sistema de ensino baseado em aplicativos, com conteúdo e atividades pré-estabelecidas.

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) afirma que o método tira autonomia dos professores e convocou os profissionais a não usarem as plataformas ao longo da próxima semana. O sistema, no entanto, registra se o material foi usado ou não em sala de aula. Os acessos à plataforma se tornaram um dos fatores medidos para avaliar escolas e profissionais.

Falta de autonomia

“Você não pode padronizar uma rede do tamanho do estado de São Paulo, com a diversidade e com a especificidade que cada escola, cada região tem. O aplicativo faz isso. E o professor, se ele não estiver seguindo o aplicativo, o próprio sistema já comunica à direção da escola e o diretor é obrigado a ir até a sala de aula, chamar a atenção do professor”, critica o presidente da Apeoesp, Fábio Moraes.

O método, segundo ele, provocou praticamente o abandono dos livros didáticos e impede que o professor busque formas diferentes de abordar os conteúdos em sala de aula. “Nós queremos tecnologia, escolas estruturadas, profissionais valorizados e nós queremos resguardar a nossa liberdade de cátedra. Se eu achar que a plataforma é melhor, eu uso a plataforma. Se eu achar que aquele assunto, o livro, aborda melhor, eu uso o livro. Se eu quiser, eu elaboro o meu material com os meus alunos. Quantas vezes não fizemos isso? Então hoje, esse direito do professor está sendo ceifado”, acrescenta o sindicalista.

Material com erros

Em 2023, o governo de São Paulo chegou a anunciar que iria deixar de participar do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) do Ministério da Educação (MEC), que fornece gratuitamente livros para serem usados pelas redes de ensino. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirmou à época que não usaria livros físicos em sala de aula e que os alunos teriam apenas material digital.

Após a repercussão negativa e uma decisão judicial contrária à saída da rede estadual do PNLD, o governo informou que continuaria a receber os livros do programa nacional. Na ocasião, também foram identificados erros grosseiros de informação no material elaborado pela secretaria estadual.

Em um dos trechos, era dito que, em 1888, Dom Pedro II assinou a Lei Áurea, quando, na verdade, a lei que encerrou a escravidão institucionalizada no Brasil foi assinada pela filha do monarca, a Princesa Isabel. Em outro trecho se afirmava, também de forma equivocada, que o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade é transmissível pela água.

Moraes diz que a falta de qualidade continua sendo uma crítica ao material didático que tem sido oferecido pela secretaria de educação. “Nós temos material melhor. Nós podemos criar material melhor. Nós temos livros didáticos melhores que a rede”, diz.

Neste ano, o governo de São Paulo anunciou que vai usar ferramentas de inteligência artificial para elaboração do material didático para a rede estadual. “As aulas que já foram produzidas por um professor curriculista, e já estão em uso na rede, são aprimoradas pela IA [inteligência artificial] com a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação prática do conhecimento e informações adicionais que enriqueçam as explicações de conceitos-chave de cada aula”, afirmou a secretaria de educação em abril.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação sobre a mobilização contras plataformas digitais e aguarda resposta.

Agência Brasil