ENEM 2014: PERCEPÇÃO DO ÓBVIO

ENEM 2014: PERCEPÇÃO DO ÓBVIO

Profa. Mestre Enílvia Rocha Morato Soares

 

Estamos mais uma vez vivendo a costumeira avalanche de manchetes que acompanham a divulgação dos resultados do ENEM, que suscita sentimentos que transitam entre a indignação pela má qualidade do ensino brasileiro até a alegria de constatar que ainda é possível contar com escolas que, em meio ao caos, se destacam pelos bons resultados que alcançam.

A novidade deste ano fica por conta da nova roupagem dada aos rankings pelo MEC e pelo INEP, ao apresentarem fatores que podem estar influenciando os índices que colocaram escolas no “top 20”do ENEM, ou seja, que ficaram entre as 20 escolas que obtiveram as melhores notas no Exame realizado em 2014. Continue lendo “ENEM 2014: PERCEPÇÃO DO ÓBVIO”

 

O QUE (NÃO) REVELA O ENEM?

O QUE (NÃO) REVELA O ENEM?

Profa. Dra. Elisângela Teixeira Gomes Dias

Criado em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é um teste de caráter voluntário, oferecido anualmente aos estudantes que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio, e tem diferentes funções. Além de ser utilizado como forma de seleção unificada nos processos seletivos das universidades públicas federais e como requisito para obtenção de bolsas de estudos integrais ou parciais em cursos de graduação ou cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), este ano passou a possibilitar ou não o acesso do estudante ao Financiamento Estudantil – FIES. Pode ser utilizado ainda para fins de certificação de conclusão do ensino médio, ou mesmo como um instrumento de autoavaliação para quem deseja saber como está seu desempenho considerando o conjunto dos alunos.

O que revelam os dados gerados neste exame? Como são publicizados, interpretados e difundidos? Não temos a intenção de analisar em profundidade tais questionamentos, mas levantamos o debate em torno de alguns aspectos. Continue lendo “O QUE (NÃO) REVELA O ENEM?”

 

ESCOLA MAIOR TENDE A SER MELHOR PARA A FORMAÇÃO, DIZ MINISTRO

Folha de São Paulo, 9 de agosto de 2015

http://www.1.folha.uol.com.br

ESCOLA MAIOR TENDE A SER MELHOR PARA A FORMAÇÃO, DIZ MINISTRO

Entrevista com Renato Janine Ribeiro

Divulgados na semana passada, os resultados do Enem trazem atualmente diversas informações além das notas. Para o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, os pais devem estar especialmente atentos ao tamanho das escolas.

“Tendo a dizer: procure uma escola maior. Ali, seu filho terá contato com pessoas mais diferentes entre si”, disse o ministro à Folha.

A decisão não é simples, porque os colégios com as melhores notas no Enem costumam ser pequenos (os quatro primeiros têm entre 31 e 60 estudantes no final do ensino médio).

A seguir, a entrevista com o ministro, que falou também sobre medidas que devem ser adotadas para melhorar o ensino médio e o peso da desigualdade social nas notas. Continue lendo “ESCOLA MAIOR TENDE A SER MELHOR PARA A FORMAÇÃO, DIZ MINISTRO”

 

ENEM: PARA QUÊ?

ENEM: PARA QUÊ?

Profa. Dra. Sílvia Lúcia Soares

Presenciamos, mais uma vez, a divulgação do resultado do ENEM à sociedade, da qual emergiram opiniões, principalmente da mídia, atrelando o desempenho dos estudantes à qualidade da educação brasileira. Concomitantemente aos dados obtidos, propagaram-se análises que, na maioria das vezes, estão assentadas no senso comum sem o devido trato político-pedagógico e diálogo com a realidade das escolas e dos estudantes. Além do mais, vimos também veiculados pelos meios de comunicação depoimentos de gestores da área de educação com interpretações de cunho estatístico e suposições pedagógicas expostas de forma desconexa e desgarrada de uma análise mais ampla – os condicionantes sociais, políticos e econômicos que influenciam e são influenciados pela avaliação. Posturas como essas ajudam a reforçar concepções ingênuas e desprovidas de análise mais aprofundada sobre os aspectos nocivos e excludentes da avaliação. Continue lendo “ENEM: PARA QUÊ?”

 

REFLEXÃO SOBRE O ENEM

REFLEXÃO SOBRE O ENEM

Profa. Dra. Maria Susley Pereira

“DF tem apenas uma escola entre as 50 melhores do país”. Esta é a manchete do jornal Correio Braziliense, publicada em 05/08/2015, referindo-se ao ENEM.

O Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, segundo o Ministério da Educação, tem por objetivo avaliar o desempenho do aluno ao fim da educação básica. A cada aplicação desse exame vivenciamos uma enxurrada de publicações da mídia que nos obriga a refletir sobre, no mínimo, duas questões: em primeiro lugar, o ENEM é um instrumento de avaliação externa em larga escala incapaz de expressar, de forma verossímil, a quantas andam as aprendizagens dos alunos, especialmente, porque só participa dele quem quer, o que, entre outros fatores, inviabiliza termos uma noção mais objetiva acerca do que os alunos são ou não capazes após irem à escola por, pelo menos, 12 anos. Isso não quer dizer que o que atrapalha é fato o de o exame ser voluntário, mas sim porque a feição do exame passou a ser a de um grande concurso, um “vestibularzão”, e nada mais, e que, na prática, tem servido apenas para escolher quem vai participar de algum programa federal (SISU, FIES, etc.). Assim sendo, nem deveria ser considerado instrumento de avaliação educacional.

Em segundo lugar, é preciso pensarmos, com máxima reflexão crítica, acerca das manchetes midiáticas e das propagandas geradas a partir do ranqueamento nítido proveniente dos resultados desse exame. De que vale saber se uma unidade da federação ficou em 1º ou 68º lugar? O que isso significa em termos de “qualidade” da educação ofertada? O que isso nos mostra em relação ao que nossos alunos estão aprendendo ou não? O fato é que não se tem uma análise desses resultados que possa contribuir para o panorama geral da educação no país. Temos uma classificação que, naturalmente, desconsidera todos os fatores relacionados às características de cada escola, de cada profissional da educação envolvido, de cada aluno, de cada cidade. Enfim, como qualquer classificação, se exime do contexto real da educação no Brasil.

 

O ENEM PEDE REAÇÃO DO MEC

Editorial: O Enem pede reação do MEC

07 de agosto de 2015

“Resultados confirmam deficiência da escola pública”, afirma jornal

Fonte: Estado de Minas (MG)

O Exame Nacional do Ensino médio (Enem) foi criado em 1998 com o objetivo claro. Visava avaliar o desempenho dos estudantes que caminhavam rumo à universidade. Passados 17 anos, o teste tomou novos rumos. Pouco a pouco, tornou-se passaporte para ingresso no nível superior. Em outras palavras: substituiu o velho e criticado vestibular.

Apesar de não constar do DNA da prova, a análise da Escola ganhou espaço que desvia a atenção de pais, estudantes, especialistas e autoridades. A preocupação com o ranking levou para o segundo plano (ou para o esquecimento) ações impostas pelos resultados. O Ministério da Educação (MEC) deixa de fazer o que precisa ser feito.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) tem a função de avaliar os estudantes. Aplica a prova e divulga o resultado. A atribuição do órgão acaba aí. Cabe ao MEC ir adiante — conjugar o verbo interferir. Com o diagnóstico em mão, promover ações aptas a qualificar os Professores e melhorar o Ensino. Continue lendo “O ENEM PEDE REAÇÃO DO MEC”

 

A AGENDA URGENTE DO BRASIL

Renato Janine Ribeiro, Luiz Cláudio Costa e Binho Marques

Folha de São Paulo, 5/8/2015

A agenda urgente do Brasil

O MEC tem convicção de que a sociedade brasileira exige e merece uma cooperação federativa mais orgânica e efetiva para a educação

O Plano Nacional de Educação (PNE), amplamente debatido pela sociedade, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pela presidenta da República, determina a instituição do Sistema Nacional de Educação (SNE). O PNE determinou a instituição desse sistema justamente para articular e dar coerência à educação em nosso país.

Apesar dos avanços nas últimas décadas, ainda há muito que fazer. Descontinuidade, fragmentação e descompasso entre as esferas de governo, além de, principalmente, ausência de referenciais nacionais de qualidade capazes de orientar a ação supletiva da União são visíveis, especialmente na educação básica.

Alimentados pelos princípios ainda atuais do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, cujas linhas defendem uma educação de qualidade pública, gratuita e laica, chegamos aos dias de hoje premidos pela certeza de que a sociedade brasileira exige e merece uma cooperação federativa mais orgânica e efetiva para a educação. Continue lendo “A AGENDA URGENTE DO BRASIL”

 

DESEMPENHO ESCOLAR MELHORA, DIZ ESTUDO DA UNESCO

30.07.2015 – UNESCO Office in Brasilia

Desempenho escolar melhora, mas desigualdades afetam a aprendizagem na América Latina, revela estudo TERCE da UNESCO

A segunda entrega dos resultados desta pesquisa sobre o desempenho da aprendizagem indica avanços em quase todos os países participantes, mas a maioria dos estudantes ainda apresenta baixos níveis de habilidades em linguagem (leitura e escrita), matemática e ciências naturais.

 

O estudo inclui a influência de fatores associados à aprendizagem, como status socioeconômico, apoio das famílias, atendimento prévio à educação pré-escolar, pertencimento a populações nativas (autóctones), práticas de ensino, múltiplas formas de violência, entre outras circunstâncias que mais afetam a aprendizagem das crianças na região.

Uma nova rodada de divulgação de resultados do Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (TERCE), coordenado pelo Escritório Regional de Educação da UNESCO para América Latina e o Caribe (OREALC/UNESCO Santiago), apresenta, nesta quinta-feira (30/07/2015), dados sobre o processo de aprendizagem dos estudantes da região e um novo relatório sobre os fatores associados a esse processo. O estudo confirma os avanços e os desafios na superação da crise da aprendizagem que afeta, sobretudo, os mais vulneráveis nos países latino-americanos.

Os resultados provêm de uma grande amostra representativa que envolveu mais de 134 mil crianças do ensino fundamental (no Brasil, do 4º ao 7º ano; nos demais países, da 3a à 6a série) de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, bem como do estado mexicano de Nuevo León que, em 2013, realizaram os testes nas disciplinas de linguagem (leitura e escrita), matemática e ciências naturais. Continue lendo “DESEMPENHO ESCOLAR MELHORA, DIZ ESTUDO DA UNESCO”

 

PAIS INFLUENCIAM MAIS O DESEMPENHO DOS ALUNOS DO QUE A INFRAESTRUTURA DA ESCOLA

Pais influenciam mais o desempenho dos alunos do que a infraestrutura das escola

30 de julho de 2015
De acordo com estudo, no Brasil, o desempenho dos estudantes melhora quando os pais acompanham os resultados obtidos na escola, apoiam e chamam atenção dos filhos

 

Fonte: Agência Brasil

O envolvimento dos pais e o nível socioeconômico das famílias têm maior influência no desempenho dos estudantes do ensino fundamental no Brasil do que a infraestrutura das escolas e o fato de estarem localizadas no campo ou na cidade.

É o que aponta o Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Terce), lançado hoje (30) pelo Escritório Regional de Educação da Unesco para a América Latina e o Caribe. O estudo também considera a disponibilidade de material escolar e a pontualidade dos professores como fatores que melhoram o desempenho.

“Não se observam diferenças de desempenho entre escolas urbanas públicas, urbanas privadas, nem rurais, depois de considerar todos os fatores de contexto social, de aula e escolares. O mesmo acontece com a infraestrutura, que não mostra relações significativas com o desempenho”, diz o estudo.

O Terce avalia o desempenho escolar no ensino fundamental – do 4º ao 7º ano do ensino fundamental, no Brasil; e da 3º à 6º série, nos demais países – em matemática, linguagem (leitura e escrita) e ciências naturais. Os primeiros resultados do Terce foram divulgados no ano passado. Nesta divulgação, o estudo incluiu os fatores associados à aprendizagem em cada país.

De acordo com o estudo, no Brasil, o desempenho dos estudantes melhora quando os pais acompanham os resultados obtidos na escola, apoiam e chamam atenção dos filhos. O desempenho, no entanto, piora, quando os pais supervisionam e ajudam sempre nas tarefas escolares, tirando a autonomia dos filhos.

Os pais também são importante para incentivar, independentemente das condições sociais e econômicas. Segundo o estudo, os estudantes que vivem em regiões desfavorecidas têm desempenho pior, independentemente das condições da própria casa. No entanto, se os pais têm altas expectativas e incentivam os filhos quanto ao que será capaz de alcançar no futuro, ele obtém melhores resultados.

O Terce mostra ainda que frequentar a pré-escola, desde os 4 anos, também melhora o desempenho dos estudantes. Por outro lado, faltar à escola diminui o desempenho.

Em relação às novas tecnologias, os estudantes do 7º ano que utilizam computadores na escola com frequência tendem a conseguir pontuações menores em matemática. Já os que utilizam o computador fora do contexto escolar tendem a ter melhores resultados em todas as provas.

O Terce é um estudo de desempenho da aprendizagem em larga escala realizado em 15 países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai), além do estado de Nuevo León (México). Mais de 134 mil crianças do ensino fundamental participaram da avaliação.

Baixo desempenho

O desempenho dos estudantes brasileiros no ensino fundamental é igual à média dos demais estudantes de países avaliados pelo Terce em escrita e em ciências naturais em todos os níveis e em leitura no 4º ano e em matemática no 7º. O país supera a média em matemática, no 4º ano, e em leitura, no 7º ano.

Apesar de toda a região ter apresentado melhoras em relação à avaliação anterior, o estudo mostra que são poucos os alunos que estão no maior nível de desempenho. Ao todo, são quatro níveis. No Brasil, a maior porcentagem de alunos no nível mais alto de desempenho é 16,6% em leitura do 7º ano.

A maioria dos estudantes concentra-se nos níveis mais baixos, o que significa que não são capazes de interpretar e inferir o significado de palavras em textos escritos e nem de resolver problemas matemáticos que exigem interpretar informações em tabelas e gráficos.

O pior desempenho foi na prova de ciências naturais, aplicada pela primeira vez no país aos alunos do 7º ano. Apenas 4,6% estão no maior nível e 80,1% estão nos níveis mais baixos. Eles não são capazes de aplicar os conhecimentos científicos para explicar fenômenos do mundo.

Os países que estão acima da média regional em todos os testes e anos avaliados são Chile, Costa Rica e México.

Redação

Na prova escrita, o Brasil está na média dos demais países. A prova avalia os estudantes quanto a três competências: domínio discursivo (adequação ao gênero e tipo textual); textuais (coerência, concordância oracional e coesão); e convenções de legibilidade (segmentação de palavras, ortografia e pontuação).

O Brasil ficou acima da média do bloco apenas na última competência. Em domínio discursivo, o Brasil ficou abaixo da média. No 4º ano, os estudantes tiveram que escrever uma carta a um amigo e, no 7º, uma carta a uma autoridade escolar.

Em ambos os anos, e em quase todos os domínios avaliados, com exceção do dircursivo no 4º ano, a maior parte dos estudantes está nos níveis mais altos de proficiência.

 

 

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PUNIÇÃO AOS PAIS QUE NÃO ACOMPANHAREM O DESEMPENHO ESCOLAR DOS FILHOS

Será este o caminho? Nossas escolas ainda não estão preparadas para trabalhar com os pais e acolhê-los como eles merecem. Além disso, não valorizam a sua capacidade de envolvimento no trabalho escolar. Por que tanto “palpite” por parte dos que não são educadores profissionais? Por que querer estender aos pais/responsáveis a punição que sempre foi dirigida aos estudantes? Punição não conduz à aprendizagem. Cabe à escola ajudar os pais/responsáveis a acompanharem o trabalho que desenvolve e não, puni-los. Não é este o caminho da educação.

 

JORNAL DA CIÊNCIA, 31/07/2015

Pais que não acompanharem o desempenho escolar dos filhos poderão ser punidos

Segundo projeto proposto pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte, os pais terão que ir às escolas pelo menos uma vez a cada dois meses, sendo que o encontro pode se dar por meio das reuniões de pais e mestres ou por de diálogo individual com os professores

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) retorna aos trabalhos na terça-feira (4) com 18 itens na pauta. Entre eles, o relatório do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) sobre o projeto (PLS 189/2012) de Cristovam Buarque (PDT-DF) que estabelece punições aos pais que não acompanharem pessoalmente o desempenho escolar de seus filhos.

Pela proposta, os pais terão que ir às escolas pelo menos uma vez a cada dois meses, sendo que o encontro pode se dar por meio das reuniões de pais e mestres ou por de diálogo individual com os professores.

Quem não cumprir a regra da presença mínima estará sujeito a uma série de sanções. Entre elas, a proibição de se inscrever em concursos públicos, receber salários caso seja servidor público, participar de concorrências na área pública e obter empréstimos em bancos e nas caixas econômicas federais ou estaduais. O descumprimento da norma também impedirá a obtenção de passaporte ou de carteira de identidade. As medidas deverão ser automaticamente revogadas a partir do retorno dos pais ou responsáveis às reuniões escolares.

– A participação dos pais na vida escolar é apresentada pelos especialistas como um dos fatores mais relevantes no sucesso escolar. A criança se sente acolhida – disse Bezerra.