PREPARANDO-SE PARA UMA RENASCENÇA NA AVALIAÇÃO

Preparando-se para uma renascença na avaliação: pela Pearson

Publicado em 27/12/2014 por Luiz Carlos de Freitas no blog do Freitas

Uma das maiores corporações mundiais no campo da educação e da avaliação divulga texto em que desenha como será o futuro: “Preparando-se para uma renascença na avaliação”. Em um texto de 88 páginas (em inglês), a Pearson mostra seus planos para modificar a educação em escala mundial.

Peter Greene comenta (em inglês) o documento em várias postagens de seu blog: Parte 1Parte 2Parte 3Parte 4.

 

 

CRÍTICA AO REGIME DE RESPONSABILIZAÇÃO

Acredite se quiser…

Publicado em 20/12/2014 por Luiz Carlos de Freitas, no blog do Freitas

As alternativas para não entrarmos no desastre educacional americano estão disponíveis. Hoje em todas as vertentes de avaliação encontramos críticos da situação americana – até mesmo os amantes da accountability pensam em fazer algo mais light no Brasil – alguns pelo menos. O que eles não consideram é que ninguém controla o mercado. Só o próprio mercado. E quem comanda a abordagem americana é o mercado educacional apoiado no mercado empresarial. Não há versão light para o mercado, há apenas o lucro. Aquele país tem hoje muito claro o que deve fazer para apagar a amarga experiência da accountability baseada em testes padronizados. Abaixo o caminho é apontado por um grupo de professores.

Do Blog de Diane Ravitch

A sabedoria dos professores: uma nova visão da accountability

Qualquer um que critique o actual regime de responsabilização baseado em teste é inevitavelmente questionado: Pelo que você o substituiria? A responsabilização com base em testes falha porque está baseada na falta de confiança nos profissionais. Ele falha porque confunde a medição com instrução. Nenhum médico diz a um paciente doente, “Vá para casa, tome a sua temperatura de hora em hora, e me chame daqui um mês.” A medição não é um tratamento ou uma cura. É medição. Não fechar as lacunas: mede-as. Continue lendo “CRÍTICA AO REGIME DE RESPONSABILIZAÇÃO”

 

INGLATERRA, USA, SÃO PAULO: MESMA POLÍTICA, MESMOS RESULTADOS

Inglaterra, USA, São Paulo: mesma política, mesmos resultados

Publicado em 10/12/2014 por Luiz Carlos de Freitas no blog do Freitas

Mergulhada em políticas de reformas empresariais na educação, a Inglaterra amarga consequências que aparecem no recente lançado relatório dos Inspetores de Escolas. O Chefe dos Inspetores deu a seguinte entrevista ao The Guardian:

“O chefe dos inspetores de escolas, alertou que bons professores estão em falta nas áreas de maior necessidade e revelou detalhes do fracasso crescente das escolas secundárias na Inglaterra, com dezenas de milhares de alunos frequentando escolas consideradas inadequadas.

Ao lancar seu relatório anual, Michael Wilshaw disse que o país deve ficar preocupado com a crescente divisão entre as escolas primárias e secundárias. Continue lendo “INGLATERRA, USA, SÃO PAULO: MESMA POLÍTICA, MESMOS RESULTADOS”

 

DEAR TEACHER, YOU ARE NOT THE MOST IMPORTANT THING IN THE WORLD

Education in Two Worlds

Dear Teacher, You Are Not the Most Important Thing in the Universe

Posted: 02 Dec 2014 11:53 AM PST

The Arizona Republic has a very conservative Editorial Board for a very conservative newspaper in a very conservative state. So when they address the subject of teacher preparation, it’s no surprise that they parrot folk wisdom about schools and teachers.

In addressing Arne Duncan’s new guidelines on teachers colleges, the Editorial Board strikes its closing notes by perpetrating one of the more pernicious myths about teachers and schools.

Plenty of research has come to a common-sense conclusion: Nothing is more important to the success of a student than a highly qualified teacher. But we don’t have enough of them, nor will we as long as teacher colleges are not held accountable.

Now that’s a statement that packs a big load of deceit into just 43 words. First, it’s highly doubtful that the Arizona Republic Editorial Board has made itself familiar with “plenty of research” about education. Second, in their review of “plenty of research,” apparently their faith in the ability of test scores to hold teachers colleges “accountable” was never shaken?* But worst of all is the repeat of that tired wheeze that nothing is more important than a teacher.

What makes the All-Important-Teacher myth so pernicious is that teachers themselves occasionally and the general public usually take it as a compliment when in fact it is an attack on teacher tenure and professional autonomy.

The facts of the matter are that teachers are not the most important thing determining what a child gets out of school. What a child brings to school is much more important. Jim Coleman showed this in 1966 in Equality of Educational Opportunity, and though he softened his position slightly in 1972 when he accorded a bit more important to schooling that he had 6 years prior, out-of-school influences remained dominant in determining how much kids learned during their years in school. Parents, home and neighborhood conditions, physical health, language use and language complexity in the home, whether the student lives in a psychologically and physically healthy environment with access to competent medical care, access to books, games and activities that prepare the student for school, and even genetic endowment can greatly contribute to or restrict a child’s development. What walks in the door on Day #1 has more to do with what leaves on Day #2340 (180 X 13) than what transpires during the few hours of students’ lives that they are in the classroom, attentive, and capable of absorbing what that teacher is talking about.

Teachers are wonderful human beings. For many children, teachers are the most caring and competent individual whom they will encounter during their lifetime. But teachers cannot undo the damage inflicted on youngsters by a society in which nearly half of all births are to unwed mothers and in which more than 20% of children live below the poverty level (income below $23,000 for a family of 4).

So, my fellow teachers, beware. Don’t fall for the false compliment that you are so important — so important that you should be fired if your students’ test scores are lagging behind, so important that your school’s graduation rate is a moral and a civil rights issue, so important that you should be replaced by an inexperienced liberal arts major on a two-year resume building junket.

*Just take a look at Bruce Baker’s analysis of the absurdity of judging teachers by their students’ test scores.

Gene V Glass Arizona State University National Education Policy Center University of Colorado Boulder

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54% DOS JOVENS CONCLUEM O ENSINO MÉDIO ANTES DOS 19 ANOS

Educação

 

 

08 de dezembro de 2014 • 07h40

Em 2013, 54,3% concluem ensino médio até os 19 anos

Apesar do índice baixo, ele vem apresentando melhora ao longo dos anos

 

Levantamento divulgado hoje (8) pelo movimento Todos pela Educação mostra que, em 2013, apenas 54,3% dos jovens brasileiros conseguiram concluir o ensino médio até os 19 anos. O indicador foi calculado com base nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2013. O índice, no entanto, vem apresentando melhora ao longo dos anos. Em 2007, 46,6% dos jovens concluíram o ensino médio até os 19 anos. Em 2009, foram 51,6% e, em 2012, 53%.

Uma das metas propostas pelo Todos pela Educação para que se garanta educação de qualidade é que até 2022 pelo menos 90% dos jovens concluam o ensino médio até os 19 anos.

A coordenadora-geral do movimento, Alejandra Meraz Velasco, diz que os dados mostram que as melhorias feitas no ensino fundamental não se traduziram em melhoria automática no ensino médio. Ela defende a reformulação do ensino médio, de forma a tornar essa etapa mais atrativa aos jovens. Continue lendo “54% DOS JOVENS CONCLUEM O ENSINO MÉDIO ANTES DOS 19 ANOS”

 

A AVALIAÇÃO E O USO DA AVALIAÇÃO

A avaliação e o uso da avaliação

Uma das discussões que ocorrem na área da avaliação de larga escala diz respeito ao desenho desta avaliação. Há países bem sucedidos no PISA que adotam avaliação em larga escala amostral e há outros que adotam avaliação de larga escala censitária (todas as escolas e alunos são avaliados).

Em geral adotam avaliação censitária países comprometidos com a teoria da responsabilização, ou seja, que querem identificar o aluno, o professor e a escola para poder estabelecer algum tipo de responsabilização (leia-se algum tipo de contingência) que leve, em sua visão, estes atores a melhorarem. Sua filosofia educacional baseia-se no entendimento de que a escola vai mal porque os professores e gestores não realizam seu trabalho adequadamente. Daí o controle.

Este é o problema: a teoria que informa a avaliação em larga escala. E não a existência da avaliação em larga escala, a qual se for feita de forma amostral cumpre sua função de orientar política pública tanto quanto a censitária.

Para quem quer uma alternativa, mesmo usando larga escala, aí há uma: avaliação de larga escala amostral. Neste tipo de avaliação o real objetivo dela fica preservado, ou seja, apoiar a política pública. Impedem-se no entanto pressões sobre a escola, o que não deve fazer parte do objetivo em si de uma avaliação, pois diz respeito aos usos dos resultados da avaliação.

Para nós, que não somos contra avaliação, esta é uma alternativa plausível. Receio no entanto que os reformadores empresariais não vão concordar com a proposta. O fato é que escondem seu objetivo de responsabilização e controle no discurso da avaliação.

Continue lendo “A AVALIAÇÃO E O USO DA AVALIAÇÃO”

 

ENEM EM DEBATE

ENEM em debate

Toda vez que os reformadores falam em melhorar uma de suas ideias é preocupante. Não raramente, o que para eles é uma melhoria, para nós é um aprofundamento de decisões sem respaldo nas tendências das pesquisas. Isso advém do fato de que os reformadores têm duas crenças: uma na avaliação, em si, não importa do que; e outra no progresso da tecnologia. Assim, qualquer erro de concepção, dificuldade de implementação, efeito colateral etc. é tratado como uma questão de melhorar a técnica usada. A velha crença acrítica no progresso da ciência que confunde objetividade com neutralidade.

Na verdade, há outras crenças, mas abordar todas seria muito longo, como por exemplo, a crença de que todos os problemas apresentados na prática pelas suas teorias se devem a que estas não foram bem aplicadas ainda. Também tem aquela de que se você é contra uma de suas ideias tem que apontar alternativa, mas a “alternativa” tem que levar aos mesmos objetivos, ou seja, tem que ser uma maneira diferente de fazer o mesmo proposto por eles.

Quando os Estados Unidos naufragou com o No Child Left Behind, o presidente Bush, pai do programa, deu uma entrevista dizendo que ele havia sido aplicado pela metade e que havia faltado mais testes e mais responsabilização. Quando a Argentina naufragou com o neoliberalismo, os defensores disseram que ela não havia feito a lição de casa direito. E por aí vai. Um reformador é antes de tudo guiado pela fé.

Agora os jornais Folha de SP e Estadão, arautos dos reformadores empresariais, começaram a criticar o ENEM – e até estão fazendo uso de uma análise do próprio INEP.

Antes da “versão vestibular” do ENEM, ele destinava-se somente a avaliar o ensino médio. Com o atrelamento do ENEM ao ingresso dos estudantes nas Universidades, o exame começou a ter que servir a dois senhores: como avaliação do ensino médio e como vestibular para a Universidade. Foi criticado por isso, mas não adiantou. Agora, os arautos dos reformadores aceitaram parcialmente a crítica e a estão repercutindo com atraso de anos em suas mídias. Por que será?

Falam até em estreitamento curricular. É um fenômeno bem descrito na pesquisa educacional o efeito do “estreitamento curricular” gerado pelos exames. Já tratei disso aqui e há até uma seção neste blog que reúne a literatura disponível sobre isso. A Folha de SP menciona este efeito.

“No plano da política pública, a prova funcionaria como ferramenta de avaliação do ensino médio. Como tal currículo inexiste, todavia, deu-se uma inversão de papéis. O exame ocupou este vácuo, transformando-se na prática, em um guia usado pelas escolas para selecionar o que será ensinado aos alunos.”

Parece que estaríamos todos de acordo com a análise, não é verdade? Engano.

Primeiro, quando os reformadores acham um problema com suas políticas de avaliação e responsabilização, eles não pensam em caminhar na direção frequentemente recomendada pela pesquisa educacional. Não. Eles apenas recuam ao nível do diagnóstico para alargar a base de apoio para em seguida, aprofundar a mesma solução agora com algumas correções. Uma espécie de “versão 2.0” do mesmo.

Segundo, o ENEM com ou sem dupla finalidade não é um bom instrumento nem para avaliar o ensino médio e nem para selecionar para a Universidade. Ele está marcado, entre outras coisas, pela necessidade de responsabilizar e não de avaliar. Toda a teoria da avaliação é contra decisões que afetam a vida das pessoas baseadas em uma única medida – ainda mais uma prova de múltipla escolha. Só isso seria suficiente para o governo e o INEP ficarem vermelhos ao pôr em prática esta sistemática.

Terceiro, como já disse por aqui, o ENEM é um atentado ao consumidor, digno de se acionar o Procon, se pudéssemos. Não são divulgados dados que mostrem a “saúde da produção do instrumento”. E no entanto estamos excluindo jovens das Universidades por centésimos nas notas classificatórias para ingresso na Universidade. Mais vergonha. O ENEM é uma verdadeira bomba relógio.

Quarto, o ENEM tem um tom de exame voluntário que incomoda os reformadores. Para eles deveria ser obrigatório e considerado como condição para concluir o ensino médio e receber o diploma. Até Haddad andou acreditando nisso quando passou pelo Ministério.

Quinto, qualquer que seja o exame, com ou sem currículo estabelecido, produzirá o efeito do estreitamento curricular. Mas não é isso que incomoda os reformadores. O que está de fato incomodando é que eles querem rever o currículo do ensino médio porque querem alinhar o ensino médio com a necessidade empresarial de aumentar a produtividade do trabalhador brasileiro. E agora, lembraram-se desta crítica para ampliar a base de descontentamento e justificar a proposta de Currículo Nacional Comum que está em discussão no país.

Ora, mesmo que se redefina o atual currículo, um exame como o ENEM não vai dar conta de incluir todo o conteúdo que é ensinado no ensino médio. Continuará a fazer escolhas sobre o que avaliar e continuará a produzir estreitamento curricular nas escolas. Mas, note, se o “currículo for bom” – ou seja, contiver o aval dos reformadores – então acreditam que o estreitamento curricular pode ser positivo.

Sexto, note-se a sutileza da crítica feita pela mídia. Nenhuma palavra é dita contra o INEP e até sua nota técnica sobre certificação  passa, agora, a ser sábia. Isso se deve a que o atual presidente do INEP está próximo do pensamento dos reformadores e portanto é uma pessoa crível para a mídia. Fala-se até em autonomia do órgão frente ao MEC, curiosamente alardeada também pelo Estadão durante as eleições.  A crítica, então, vai sendo dirigida “ao governo” e não ao INEP. Bem feito – quem sabe o governo aprende.

Ou seja, a crítica da mídia ao ENEM pode sugerir unanimidade, mas não é bem assim.

Continue lendo “ENEM EM DEBATE”

 

SOBRE A CARTA DA ANPED EM REPÚDIO À AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA DAS HABILIDADES NÃO COGNITIVAS DE CRIANÇAS E JOVENS

Sobre a Carta da ANPED em repúdio à avaliação em larga escala das habilidades não cognitivas de crianças e jovens no Brasil

Maria Susley Pereira

 

Ao ler a Carta da ANPEd, fiquei me perguntando: o que “de fato” nosso sistema educacional espera alcançar com a implementação de mais um exame padronizado e, especialmente, esse tipo de prova? Fiquei me questionando também: em que medida nosso sistema de ensino tem se esforçado para que a escola tenha condições de cumprir sua função?

Afinal, o que se espera é que a escola, sabedora de sua função social e de seu papel na formação dos alunos, não se limite aos conteúdos curriculares, bem como tenha consciência de que a aprendizagem desses conteúdos não se faz de forma isolada e é intimamente relacionada ao desenvolvimento das chamadas “habilidades não cognitivas”. Saber conviver, ser cooperativo, crítico, consciente, curioso, saber lidar com as emoções etc. são elementos naturalmente esperados do trabalho da escola. Continue lendo “SOBRE A CARTA DA ANPED EM REPÚDIO À AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA DAS HABILIDADES NÃO COGNITIVAS DE CRIANÇAS E JOVENS”

 

AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA DE HABILIDADES NÃO COGNITIVAS DE CRIANÇAS E JOVENS

CARTA ABERTA À COMUNIDADE ACADÊMICA E AOS REPRESENTANTES DE

SECRETARIAS E ÓRGÃO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO

EM LARGA ESCALA DE HABILIDADES NÃO COGNITIVAS DE CRIANÇAS E

JOVENS

A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) vem

manifestar seu repúdio à adoção e a institucionalização de uma avaliação em larga

escala de habilidades não cognitivas de crianças e jovens, no âmbito de iniciativas de

avaliação em larga escala em curso no Brasil.

Trata-se de rejeitar a adoção, como política pública, do programa de medição de

competências socioemocionais, denominado SENNA (Social and Emotional or Noncognitive

Nationwide Assessment), produto de iniciativa do Instituto Ayrton Senna em

parceria com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico). Continue lendo “AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA DE HABILIDADES NÃO COGNITIVAS DE CRIANÇAS E JOVENS”