O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?

“O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?”

Maria Susley Pereira

Pesquisadora do GEPA

A pergunta acima foi feita por uma professora da rede pública de ensino do DF muito comprometida com as aprendizagens dos estudantes. Este breve texto procura respondê-la.

Em primeiro lugar devo dizer que responder a esta pergunta em poucas linhas não é uma tarefa simples, pois falar sobre educação não nos permite discuti-la como uma ciência exata e, sendo assim, seria conversa “pra mais de metro”.

Sabemos que a reprovação e o abandono escolar são situações com as quais a educação brasileira convive há muito tempo e estão presentes desde os primeiros anos de escolaridade dos estudantes. No entanto, muito além desses dois efetivos problemas, enfrentamos um ainda mais complexo: muitos alunos seguem sua trajetória escolar com resultados inexpressivos em suas aprendizagens, resultando no que se tem chamado de “fracasso escolar”, mas que é possível ser denominado de um “fracasso da escola”, que produz a exclusão dentro dela mesma quando permite que o aluno ali permaneça sem aprender, inclusive contribuindo para o crescimento do fenômeno da defasagem série/idade. Continue lendo “O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?”

 

SÉRIES OU CICLOS?

Benigna Maria de Freitas Villas Boas – mbboas@terra.com.br

O regime seriado é nosso velho conhecido. Todos nós estudamos segundo sua organização e até temos dificuldade de aceitar outra lógica de funcionamento da escola. Nesse regime os estudantes são agrupados pelo seu nível de aprendizagem (séries). Cada série costuma ter várias turmas que iniciam o ano letivo juntas, desenvolvem as mesmas atividades e ao mesmo tempo. Todos os estudantes de uma mesma série passam pelo mesmo processo avaliativo. Várias escolas adotam a “semana de provas” para que estas sejam iguais para todos os estudantes, aplicadas ao mesmo tempo e os professores tenham seu trabalho facilitado. Como fica o estudante nesse formato de trabalho escolar? Costuma-se dizer que a escola existe em função dele. Será verdade? Em um dos encontros que tenho tido com professores da rede pública de ensino do DF, inconformada com a intenção da SEDF de ampliar o trabalho com ciclos, uma professora me disse: “se adotamos o regime seriado há tanto tempo por que mudá-lo agora? Não é isso que vai fazer os alunos aprenderem”. Esta pergunta pode ser o ponto de largada da SEDF para preparar suas equipes para a compreensão da organização da escolaridade por meio de ciclos.

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