EJA: “AQUI É MAIS FÁCIL SER APROVADO E MAIS RÁPIDO”
Benigna Maria de F. Villas Boas
Publicado em http://gepa-avaliacaoeducacional.com.br
Reportagem da Folha de São Paulo do dia 09/06/2014 comenta que os adolescentes de 15 a 17 anos que frequentam os anos finais do ensino fundamental se tornaram o maior grupo de alunos a se encaminhar para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). No ano passado, eles somavam 466 mil estudantes. Em segundo lugar, vinham os jovens de 20 a 24 anos cursando o ensino médio (442 mil alunos). Em terceiro, apareciam os adultos com mais de 39 anos de idade nos anos iniciais do ensino fundamental (370 mil).
Segundo a reportagem, o objetivo do “ensino acelerado” era oferecer oportunidade aos adultos que não conseguiram terminar os estudos ou buscavam uma segunda chance. A reportagem se refere ao trabalho da EJA como “ensino acelerado”, o que é bastante questionável.
Ainda segundo a reportagem, a partir de “analistas” consultados, a ida de jovens para a EJA é uma das causas do afastamento de adultos, que se sentiriam inseguros estudando com os jovens.
Os mais jovens veem na EJA uma forma mais rápida de se formarem e conseguirem uma vaga que exija diploma. Um estudante assim se posicionou: “Aqui é mais fácil ser aprovado e é mais rápido. Para mim, foi uma boa solução porque estava atrasado na escola e quero trabalhar”. Este mesmo estudante diz que, no entanto, se pudesse voltar atrás, teria se dedicado mais à escola para ter uma formação melhor. Completa: “o ensino aqui é mais fraco”.
Esta é uma triste realidade. Por que os estudantes que têm idade não correspondente ao ano ou série escolar têm de se submeter a atividades mais fracas e desenvolvidas de maneira mais rápida? Se eles próprios reconhecem a existência desse fato, por que não reivindicam seu direito à aprendizagem? Esse direito incluiria tempo maior de trabalho na escola e não “ensino acelerado”, como comumente se faz.
Chama também a atenção a constatação do estudante de ser mais fácil ser aprovado na EJA. Embora ele reconhecesse isso como vantagem no momento da sua necessidade de obtenção de emprego, entende que se pudesse voltar atrás teria estudado mais. Contudo, ele coloca a culpa apenas em si, deixando de atribuir à escola a responsabilidade por lhe ter negado a aprendizagem. Haverá condescendência pedagógica em EJA? É justo que isso aconteça?