PRODUÇÕES DO GEPA – SIMONE BRAZ FERREIRA GONTIJO – 2018

SIMONE BRAZ FERREIRA GONTIJO

VIII Semana de Produção Científica – Instituto Federal de Brasília

 

Evasão no ensino superior: quem são e o que pensam os estudantes evadidos do curso de letras/espanhol do IFB. Simone Braz Ferreira Gontijo, Juliana Harumi Chinatti Yamanaka, Mariana Rocha Fortunato

(1º Lugar na categoria Ciências Humanas – Iniciação Científica, na Sessão de Pôsteres da VIII Semana de Produção Científica).

24º Congresso de IC da UnB e 15º do DF

WorkIF 2018 – Cuiabá

As instituições de ensino, principalmente as públicas, são frequentemente questionadas pela sociedade sobre a qualidade de seus serviços e a garantia de bons resultados, sendo este último aspecto, segundo dados da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), associado ao número de pessoas certificadas por ano para o ingresso no mercado de trabalho. Relacionado a isso, em diversas organizações educacionais mundiais, a evasão tem sido identificada como um fenômeno que afeta não somente os resultados institucionais do ensino superior, mas também agrava os problemas sociais e econômicos. Por esse motivo, a discussão sobre os resultados do trabalho das Instituições de Ensino Superior (IES) tem sido conduzida, com frequência, por uma lógica economicista, na qual a eficiência é compreendida a partir do nexo existente entre custo-benefício expresso na exigência de maior produtividade das IES. Assim, diante das reivindicações pela garantia de resultados satisfatórios no ensino público, feitas pelos distintos grupos de interesses que compõem a sociedade, a Andifes criou uma Comissão Especial de Estudos sobre Evasão a qual destacou a necessidade uma investigação contextualizada e acurada em relação à evasão escolar no Brasil. Apesar da evasão ser um fenômeno social complexo definido como a interrupção definitiva por um estudante do curso, sem concluí-lo, suas causas podem ser distintas. Nesse sentido, esta pesquisa buscou identificar fatores intervenientes no processo de evasão de estudantes do curso de Licenciatura em Letras/Espanhol do Instituto Federal de Brasília, a partir da percepção desses estudantes. A metodologia quali-quantitativa foi empregada na coleta e análise dos dados. Aos estudantes evadidos no período de 2013-2016 foi encaminhado um questionário eletrônico composto por 48 questões com o objetivo de traçar o perfil socioeconômico, identificar os fatores externos e internos à instituição, bem como os fatores individuais que motivaram a evasão. Responderam ao questionário 59,67% dos estudantes evadidos. Quanto ao perfil socioeconômico 59,5% são mulheres; 70,3% se autodeclararam pretos, pardos ou indígenas e declararam ter cursado o ensino médio integralmente em escola pública; 53% trabalham oito horas por dia e 51% já tem outro curso superior. Ressalta-se que 77% dos respondentes evadiram ao longo do 1º semestre do curso. Apesar disso, 56% declararam ser muito importante fazer um curso de graduação; 80% contavam com o apoio da família e 97% afirmaram estar preparados para os desafios de cursar a graduação. Os principais aspectos motivadores da evasão estão relacionados a problemas pessoais (22%); ingresso em outro curso de graduação (22%); problemas com a instituição (19%) necessidade de trabalhar (16%) e falta de assistência e acesso ao campus (8%). Para os evadidos, o IFB poderia contribuir para a permanência efetiva do estudante com a implantação de políticas voltadas ao acompanhamento individualizado (30%), horários de aulas diversificados (30%), número maior de auxílios financeiros para assistência estudantil (14%). Ainda quanto à contribuição do IFB para a permanência do estudante na graduação 19% não souberam responder ao questionamento ou o fizeram de forma genérica (5%). É fundamental destacar que 78% dos evadidos informaram interesse em voltar ao ensino superior.

 

A primeira impressão é a que fica? Análises preliminares acerca do perfil dos estudantes ingressantes no curso em Letras/Espanhol. Simone Braz Ferreira Gontijo, Juliana Parente Matias, Micheli Suellen Neves Gonçalves, Maria Alice Fernandes de Sousa.

A licenciatura em Letras/Espanhol do Instituto Federal de Brasília (IFB) é reconhecido pelo Ministério da Educação como um curso de excelência fazendo parte do rol de cursos com conceito máximo no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Iniciado em 2013, com 40 vagas abertas anualmente, o curso já recebeu cerca de 240 estudantes. Entretanto, dados da pesquisa realizada no curso em 2018, relativa à percepção docente acerca da reprovação apontam para a influência do relacionamento interpessoal (estudante/professor); o atendimento individualizado; e a responsabilidade estudantil na trajetória formativa como fatores que podem promover tanto a aprendizagem quanto desmotivar o estudante ao longo do curso. Para os estudantes a percepção em relação a reprovação segue caminhos distintos em função do seu histórico acadêmico. Os que não têm histórico de reprovação atribuem tal feito tanto ao esforço pessoal quanto à manutenção de hábitos de estudo. Os estudantes que acumulam reprovações apresentam a falta de conhecimento prévio do idioma, falta de tempo para estudo, horário de atendimento individual disponibilizado pelo docente incompatível com a disponibilidade para estudar, dificuldade de relacionamento com o professor e com os colegas de classe e a política educacional que retirou a obrigatoriedade do ensino de língua espanhola do currículo de ensino médio como aspectos que geraram desestímulo e desinteresse pelo estudo culminando, na reprovação. Portanto, visando assegurar que os estudantes ingressantes no curso em 2018 tenham uma trajetória formativa exitosa, iniciou-se um projeto de acompanhamento pedagógico. Inicialmente foi aplicado um questionário eletrônico composto por 49 questões a 83% dos estudantes ingressantes, com o objetivo de traçar o perfil socioeconômico, identificar os hábitos de estudo e como se percebem em relação ao IFB e ao curso. Neste trabalho serão apresentadas análises dos dados relativos ao perfil socioeconômico. Dos respondentes 67% são mulheres; 71,4% são jovens com idade entre 17 e 26 anos; 82,4% são solteiros; 85,3% não têm filhos; 61,7% terminou o ensino médio a menos de três anos; 73,5% não trabalha e 70,6% tem os gastos financiados pela família. A partir das considerações de Bourdieu sobre o sistema educacional, podemos inferir que os dados apontam que esses estudantes reúnem várias condições favoráveis ao êxito no curso, uma vez que dispõem de tempo para estudo, não tiveram um grande intervalo sem estudar, o que indica uma motivação e incentivo para ingressar no Ensino Superior, já que a maioria não trabalha e tem seu sustento provido pela família. Destacamos também, que a escolaridade declarada da mãe, em relação ao índice de conclusão do curso superior é maior que a escolaridade dos pais. Além disso, a partir da profissão dos pais infere-se que, apesar da maioria dos estudantes serem de classes populares, o habitus familiar induz a experiências escolares de sucesso. Assim, a primeira impressão acerca do grupo de estudantes ingressantes é que ele reúne condições favoráveis ao êxito acadêmico cabendo, ao conjunto da instituição, prover os demais requisitos de permanência e, especialmente aos docentes do curso, desenvolverem estratégias de ensino e avaliação compatíveis com a construção da autonomia discente.

 

 

Cadê o estudante que estava aqui? A desistência estudantil no Curso Técnico Subsequente de Equipamentos Biomédicos. Juliana Parente Matias, Simone Braz Ferreira Gontijo, Ramiro Marques

A discussão acerca do abandono escolar está em pauta em todas as modalidades de ensino da educação brasileira e é uma preocupação de toda a comunidade escolar. As causas desse fenômeno envolvem aspectos individuais, institucionais e sociais. Neste artigo apresentamos algumas reflexões iniciais sobre a evasão de estudantes do curso técnico subsequente ao ensino médio em Equipamentos Biomédicos, modalidade destinada a estudantes que terminaram o ensino médio e tem interesse nessa formação técnica. Pesquisas anteriores apontam que os sujeitos que procuram a formação técnica na modalidade subsequente têm perfis distintos relacionados a diferentes faixas etárias, colocação no mercado de trabalho e tempo de afastamento da escolarização formal. A pesquisa tem caráter quali-quantitativo. Inicialmente, foram analisados dados do Sistema Nacional de Informações da Educação (SISTEC) para identificar o quantitativo de estudantes em abandono e desligados em 2016. Nesse ano foram matriculados 89 estudantes, em duas turmas com entrada semestral. Em 2016.1 o curso teve 8 alunos desistentes e, em 2016.2, teve 22 estudantes desistentes. Para identificar o perfil socioeconômico e entender os motivos que levaram os estudantes a desistir, em caráter definitivo do curso, foi elaborado um questionário com perguntas. O questionário foi encaminhado, como pré-teste ao e-mail dos 30 estudantes desistentes. Desses, 23 encaminhamentos foram efetivos, pois sete e-mails não conseguiram ser entregues ao destinatário e oito foram respondidos no prazo estabelecido período de 2 a 25 de maio. O perfil socioeconômico dos respondentes ficou assim caracterizado: a renda familiar de 85,8% é estimada entre um a 3 salários mínimos; 58% são homens, 42% trabalha e estuda, 14,3% reside em Ceilândia (cidade na qual o curso é ofertado) e nenhum dos estudantes trabalha na área do curso. Os motivos que fizeram esses estudantes escolher o curso estão relacionados à oportunidade de aperfeiçoamento profissional, ingressar no mercado de trabalho e abrir a própria empresa. As motivações de desistência estão relacionadas à distância do campus, dificuldade de conciliar trabalho, estudo e falta de domínio da matemática (um dos conhecimentos básicos do curso) e por falta de habilidade em conciliar demandas pessoais com o estudo. Os participantes apontam que a instituição poderia melhorar em aspectos relacionados ao processo seletivo, que atualmente é efetivado por meio de sorteio, oferta do curso em um campus mais centralizado, mas ressaltam que é uma ótima instituição de ensino. Essa pré – testagem possibilitou ampliar a investigação para questões relacionadas aos aspectos sociais em que serão inseridas questões relacionadas a estado civil, quantidade de filhos, tempo que o estudante permaneceu no curso e tempo que o estudante ficou sem estudar antes de ingressar no curso. Inicialmente, os dados corroboram o que apontam outras pesquisas na área da evasão escolar, isto é, seu caráter contextual multifacetado e motivação para o abandono do curso perpassando aspectos sociais, individuais e institucionais.

Contribuições do curso de licenciatura em Letras/Espanhol do IFB para a formação de habilidades sociais necessárias à atuação docente. Nádia Mangabeira Chaves, Simone Braz Ferreira Gontijo, Sónia Maria Gomes Alexandre Galinha.

O sistema educativo dispõe a funcionalidade de formar pessoas e profissionais capazes de adaptarem-se às transformações sociais e relacionais mediante o desenvolvimento de competências, capacidades, concepções. Por excelência, a educação e as instituições de ensino devem fomentar a sociabilidade, o estabelecimento de grupos interativos que desenvolvam vivências e experiências de aprendizagem numa diversidade de situações que os forme para a sociedade, como cidadãos. Com destaque para o processo de formação inicial de professores, esta pesquisa investigou de que maneira a formação docente ofertada pelo curso de licenciatura em Letras/Espanhol do Instituto Federal de Brasília (IFB) contribui para o desenvolvimento de habilidades sociais (HS) inerentes à atuação profissional do professor. Participaram da pesquisa estudantes do curso de Letras/Espanhol que ingressaram no ensino superior pelo SiSU (sem prévia formação de nível superior). A fim de identificar a percepção dos estudantes em relação às HS necessárias ao trabalho docente foram realizadas entrevistas semiestruturadas. Foi utilizado o Inventário de Habilidades Sociais (IHS-Del-Prette) para levantamento do repertório de HS relativas ao trabalho docente dos estudantes; a análise da contribuição do curso para a formação de HS foi completada por meio da análise documental do Projeto Pedagógico do Curso (PPC). Os resultados indicaram percepções dos participantes que descrevem habilidades técnicas, comunicativas, empáticas, tecnológicas, relacionais como inerentes ao trabalho do professor. Quanto ao repertório de HS, os dados coletados pelo IHS-Del-Prette indicaram necessidade de desenvolvimento de HS, especialmente as habilidades assertivas, de expressão do afeto positivo e de comunicação com o público desconhecido. A análise do PPC revelou que a proposta de formação do professor inclui o desenvolvimento de habilidades e competências sem objetivar, de modo explícito, a formação em HS. Ações e intervenções potencializadoras do desenvolvimento de HS em estudantes foram propostas considerando as especificidades do papel social do professor e da formação numa perspectiva global, tais como atividades interativas que abordem direitos humanos básicos relativos ao contexto de HS; inclusão de HS como parte da formação ética e política; articulação para participação dos futuros docentes em múltiplos espaços comunitários.

 

 

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