UMA EXPERIÊNCIA DE APRENDIZADO CONTÍNUO
Profa. Dra. Maria Emília Gonzaga de Souza
Faculdade de Educação da UnB
Publicado em http://gepa-avaliacaoeducacional.com.br, em 11/07/2014
Acompanho a prof. Benigna Villas boas na disciplina Avaliação na educação básica para alunos da pós-graduação (mestrandos e doutorandos). Sinto-me privilegiada por essa experiência, primeiro por “beber na fonte” com a Prof. Benigna, depois por ter a oportunidade de ler e discutir a avaliação com um grupo muito interessado e responsável, com experiências bem diversificadas da SEEE/DF, IFB, IFG e outros, e por último compartilhar a responsabilidade da condução da turma. Esse compartilhamento foi graças ao comprometimento da professora Benigna com a formação docente. Ela tem essa característica que todos nós conhecemos: a partilha do conhecimento e a generosidade acadêmica. Cada dia de encontro foi um aprendizado muito rico. Por isso, resolvi narrar essa experiência no blog. Para mim, cada encontro foi um momento de autoavaliação. Aprendizado é isso, nos ajuda a rever posições, opiniões e planejamentos. Muito me ajudou na condução da avaliação para aprendizagem nas minhas turmas, tanto de Didática como na de Avaliação escolar. Os textos discutidos deram margem a novos conhecimentos e reformulações. “A avaliação dá margem para muitas reflexões!” Essa era uma frase constante nas discussões em aula.
Acredito que a formação continuada do docente da Educação Superior deve ser assim, termos um tutor mais experiente e conhecedor tanto da disciplina em si, como da metodologia. E esse tutor se encarregar de orientar e auxiliar os novatos na profissão e ou na instituição. Encaminhá-los no fazer pedagógico, para que o círculo que é vicioso se torne virtuoso. Isto é, que nossas experiências passadas com professores às vezes muito conhecedores do conteúdo, mas sem metodologia adequada para o bom desenvolvimento do processo, não sejam as nossas guias e o espelho na nossa prática. Pois, sabemos que a formação docente tanto inicial, como continuada, ainda não dá conta dessa demanda e que muitas vezes as práticas vivenciadas nas escolas de educação básica e nas instituições de educação superior com os professores é que irão nortear o fazer pedagógico do futuro professor. Como nos fala Arroyo,
Aprendemos o mestre que somos na escola, mas onde? Nos livros, nos manuais? Através de lições, discursos e conselhos? Aprendemos convivendo, experimentando, sentindo e padecendo a com-vivência desse ofício. Como se cada professora, professor que tivemos nos tivesse repetido em cada gesto: ―Se um dia você for professora, professor, é assim que se é. Elas e eles também eram, não representavam um papel. Convivemos por anos com nosso ofício personalizado, vivido. Fomos aprendendo essa específica forma de ser, de dever, vendo os outros sendo. ―Se um dia você for professor(a), é assim que deverá ser.(2002, p.124).
Então, a experiência na partilha da disciplina trouxe, entre muitas, essa dupla aprendizagem. Em relação ao conteúdo em si, foi muito significativo, lemos, refletimos e discutimos textos excelentes. Entre muitos, o documento novíssimo da Secretária do Estado de Educação do Distrito Federal: Diretrizes de avaliação educacional da SEDF. Para exemplificar como foram importantes esses encontros, alguns dos organizadores deste documento estiveram conosco e partilharam o processo dessa construção. A turma teve oportunidade de tirar dúvidas, tecer comentários, criticar e até mesmo dar sugestões.
Outra aprendizagem marcante e que foi compartilhada com os alunos da turma é a experiência de ser avaliado formativamente. Tenho certeza que esse grupo de alunos teve uma oportunidade única, de conhecer os conceitos da avaliação e ao mesmo tempo experimentar uma das suas vertentes que é a avaliação formativa. Os instrumentos avaliativos propostos foram dinâmicos e bem democráticos, leituras, participação, exposições e construção do texto final (artigo) que deveria ter relação com as discussões em sala e ao mesmo tempo com o objeto de estudo de cada um. A maneira como o retorno chegou a cada aluno é que fez a diferença, todos receberam retorno e comentários construtivos para, se necessário, reconstruir e ou acrescentar dados ao artigo. A oportunidade de refazer, de se autoavaliar e opinar sobre o resultado é muito formativo. Aprender e ao mesmo tempo experimentar a avaliação formativa trouxe, para cada um, uma experiência de formação que tenho certeza ponderou os significados de avaliação que muitos tinham ou para ser exata, dos exames vivenciados na trajetória acadêmica.
Obrigada Profa. Benigna, com você o aprendizado é contínuo e a avaliação é realmente formativa.
Professora Emília é, também, professora da UnB e me alegra bastante sua simplicidade, competência e humildade epistemológica contidas neste texto. Prezada professora Emília, muito bonito e significativo teu gesto ao publicar o que agora posso ler, aqueles que me conhecem sabem do meu carinho, respeito e admiração por nossa Lady, é assim que falamos dela nos bastidores da universidade e com alguns colegas muito pessoais. Aprendi com ela, especialmente, que o professor que sou revela muito dos professores que tive, aprendi com ela que avaliar não é corrigir, não se corrige o a vida ou o pensamento, pode-se reinterpretá-los e dar outros rumos, mas correção fica pra perna de cadeira, peça de automóvel e corte de tecido. Querida Emília, você me fez lembrar nosso poeta Gonzaguinha que disse em sua canção Caminhos do Coração o seguinte: “Eu aprendi que se depende sempre, de tanta, muita, diferente gente. E toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de tantas outras pessoas”. Obrigado pelo relato, grato por nos demonstrar que a universidade pode ser rica, ´seria, de qualidade sem a necessidade de ser dura, amarga e injusta. Abço prof Eri – eterno aluno da professora aqui destacada.