PROGRESSÃO CONTINUADA: DÁ FORMATO PRÓPRIO À EDUCAÇÃO DA CADA ESTUDANTE

Benigna Maria de Freitas Villas Boas – mbboas@terra.com.br

O trabalho com ciclos requer a adoção da progressão continuada, um recurso pedagógico que possibilita o avanço contínuo dos estudantes de modo que: não fiquem presos a grupos ou turma; progridam sem interrupções, lacunas ou percalços; não repitam o que já sabem.

A progressão continuada pode ser desenvolvida por meio dos seguintes mecanismos:
– pela recomposição de turmas ao longo do ano letivo;
– pelo avanço dos estudantes de um ano a outro, durante o ano letivo, se os resultados da avaliação assim indicarem.

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SÉRIES OU CICLOS?

Benigna Maria de Freitas Villas Boas – mbboas@terra.com.br

O regime seriado é nosso velho conhecido. Todos nós estudamos segundo sua organização e até temos dificuldade de aceitar outra lógica de funcionamento da escola. Nesse regime os estudantes são agrupados pelo seu nível de aprendizagem (séries). Cada série costuma ter várias turmas que iniciam o ano letivo juntas, desenvolvem as mesmas atividades e ao mesmo tempo. Todos os estudantes de uma mesma série passam pelo mesmo processo avaliativo. Várias escolas adotam a “semana de provas” para que estas sejam iguais para todos os estudantes, aplicadas ao mesmo tempo e os professores tenham seu trabalho facilitado. Como fica o estudante nesse formato de trabalho escolar? Costuma-se dizer que a escola existe em função dele. Será verdade? Em um dos encontros que tenho tido com professores da rede pública de ensino do DF, inconformada com a intenção da SEDF de ampliar o trabalho com ciclos, uma professora me disse: “se adotamos o regime seriado há tanto tempo por que mudá-lo agora? Não é isso que vai fazer os alunos aprenderem”. Esta pergunta pode ser o ponto de largada da SEDF para preparar suas equipes para a compreensão da organização da escolaridade por meio de ciclos.

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Autoavaliação: processo de amadurecimento pessoal e profissional

Erisevelton Silva Lima
Texto adaptado do livro do mesmo autor: O diretor e as avaliações praticadas na escola. Brasília: Editora Kiron, 2012

É que Narciso acha feio tudo o que não é espelho.
Caetano Veloso

Inicio este texto-diálogo dizendo o que não é autoavaliação. Não se trata de pedir para que a pessoa, estudante, funcionário, etc., atribua-se uma nota seja por escrito ou oralmente, isto é autonotação. A autoavaliação é um processo que precisa desencadear resultados internos que farão modificar estruturas na mente de quem a realiza. Pode ser que com o passar do tempo ou, ao mesmo tempo, a autoavaliação ajude a modificar o olhar e o agir daquele que agora se autoavalia.

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“Como posso identificar a dificuldade de cada aluno quando tenho 10 turmas com cerca de 35 alunos?”

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

A pergunta acima me foi dirigida após minha apresentação na aula inaugural do ano letivo de 2013 da Secretaria de Educação do DF. Sempre que discuto com professores da educação básica os pressupostos da avaliação formativa essa dúvida vem à tona. É uma boa oportunidade para que questões dessa natureza sejam analisadas. De modo geral, os professores trabalham com turmas numerosas. O/a professor/a autor/a da pergunta deve encarregar-se de uma das disciplinas de um dos anos finais do ensino fundamental. Pensemos: ele/ela avalia seus alunos. Como avalia? Simplesmente aplica provas sem levar em conta em que nível de aprendizagem eles se encontram? Como organiza essas provas? A partir de quais informações? Todas as suas turmas do mesmo ano de escolaridade fazem a mesma prova e no mesmo dia? Para que servem as notas advindas de provas e de outros procedimentos?

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Happy Valentine’s Day

When I was a child in public school in Houston, we had an annual ritual of sending handmade valentines to everyone else in the class, so that no one was left out. It was a day to express not only love but friendship and kindness.

These days, teachers don’t get the love, kindness, respect, and gratitude they deserve. A lot of tinhorn politicians have been pretending to be tough guys by disparaging those who taught them.

Please draft a short thank-you to a teacher who affected your life. Tell them how much you appreciate what they did for you. Tell them you remember them.

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Incompreensões sobre avaliação

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

No momento em que a SEDF se prepara para dar continuidade à organização da escolaridade por meio de ciclos, têm surgido manifestações reveladoras do entendimento equivocado de avaliação. Sempre que se aborda esse tema a avaliação é mencionada, o que demonstra a necessidade de ser bem compreendido o seu papel. Dirimir dúvidas é indispensável.

Reportagem do Corrreio Braziliense do dia 07/02/2013, Caderno Cidades, p. 25, afirma: “Pelo planejamento do governo, os estudantes do ensino fundamental não serão mais avaliados a cada série, como acontece hoje a partir do 4º ano. A Secretaria de Educação vai ampliar o sistema de ciclos, já implantado da 1ª à 3ª série, para os dois anos subsequentes. Assim, somente no fim do 3º e do 5º anos, os alunos farão provas que poderão reprová-los”. Esta declaração presta um desserviço à comunidade e ao trabalho escolar porque transmite informação errada. Em primeiro lugar, os estudantes não deixarão de ser avaliados a “cada série” porque a avaliação é um processo que ocorre em todos os momentos do trabalho escolar. É comum confundir-se avaliação com reprovação. Reportagens como esta reforçam a ideia da necessidade da reprovação, um mito a ser derrubado. O objetivo da escola é promover as aprendizagens de cada estudante. A reprovação representa o fracasso da escola.

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SEDF promove aula inaugural do ano letivo de 2013: primeiras impressões

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

A Secretaria de Educação do DF promoveu aula inaugural do ano letivo de 2013 no Centro de Convenções de Brasília, no dia 7/2/2013. Centenas de profissionais da educação estiveram presentes. Participei da mesa-redonda pela manhã e à tarde. Apresentei o tema Desafios da avaliação na organização da escolaridade em ciclos. Pela manhã compareceram professores da educação infantil e ensino fundamental, assim como outros profissionais da educação das Coordenadorias Regionais de Ensino e das escolas. À tarde compareceram professores do ensino médio. Dando início à discussão, afirmei que os ciclos não são simples agrupamentos de anos ou séries.

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Novo livro sobre avaliação

Este mês foi publicado o livro: Freitas, L. C.; Malavasi, M. M. S; Sordi, M. R. L.; Mendes, F. S. C. V. e Almeida, L. C. Avaliação e Políticas Públicas Educacionais: ensaios contrarregulatórios em debate. Campinas: Leitura Crítica. 2012.

O livro é produto de seminário organizado pelo LOED da Faculdade de Educação da UNICAMP em agosto de 2011 e financiado pelo Programa Observatório da Educação.

Nele encontra-se um debate sobre avaliação e políticas públicas com a participação de 12 especialistas da área e várias contribuições à construção de formas de avaliação participativa em contraposição à responsabilização verticalizada que está em voga em muitas redes de ensino.

 

Currículo e avaliação

O currículo é importante porque é “um mapa rodoviário. Sem um mapa rodoviário, você vai dirigir em círculos e não chegará a parte alguma […] Não ter currículo, como geralmente é o caso das escolas americanas, deixa as escolas à mercê daqueles que demandam um regime de habilidades básicas e nenhum conteúdo. Não ter currículo é deixar as decisões sobre o que importa para os livros didáticos, que funcionam na prática como o nosso currículo nacional. Não ter currículo no qual basear uma avaliação é apertar ainda mais o estrangulamento da responsabilização baseada em testes, testando apenas habilidades genéricas, não o conhecimento ou a compreensão”.
Diane Ravitch. Vida e morte do grande sistema escolar americano: como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a educação. Porto Alegre: Sulinas, 2011, p. 264.

 

Para que servem os testes padronizados

“Os testes são necessários e úteis. Mas os testes devem ser suplementados pelo juízo humano. Quando definimos o que importa na educação apenas pelo que nós mensuramos, estamos em sérios problemas. Quando isso acontece, tendemos a esquecer que as escolas são responsáveis por moldar caráter, desenvolver mentes sãs em corpos saudáveis (mens sana in corpore sano) e formar cidadãos para nossa democracia, não apenas ensinar habilidades básicas. Nós até mesmo esquecemos de refletir sobre o que queremos dizer quando falamos em boa educação.

Certamente temos mais em mente do que meramente letramento e cálculo. E quando nós usamos os resultados dos testes, com todas as suas limitações, como meios rotineiros de demitir educadores, distribuir bônus e fechar escolas, então distorcemos o propósito da escolarização de uma vez só”.

Diane Ravitch. Vida e morte do grande sistema educacional americano: como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a educação. Porto Alegre: Sulina, 2011, p. 190.