TRABALHO ESCOLAR, DISCIPLINA E REGIMENTO ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DF: INCOERÊNCIAS E CONTRADIÇÕES

TRABALHO ESCOLAR, DISCIPLINA E REGIMENTO ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DF: INCOERÊNCIAS E CONTRADIÇÕES

Edileuza Fernandes Silva (SEEDF/UnB)

Enílvia Soares Morato (SEEDF/GEPA)

 

O cumprimento da função social da escola requer uma organização que se desvela por meio de práticas que reclamam dos sujeitos que a integram, comportamentos considerados apropriados ao alcance desse fim. Organizar-se de forma a diminuir o grau de incertezas que dificultam, quando não impedem a escola de cumprir o seu papel social de ensinar a todos, se mostra, portanto, pertinente e necessário. A disciplina insere-se nesse contexto, tornando necessária a adoção de normas de convivência que possibilitem um ambiente favorável ao desenvolvimento das atividades escolares comprometidas com as aprendizagens de todos. Continue lendo “TRABALHO ESCOLAR, DISCIPLINA E REGIMENTO ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DF: INCOERÊNCIAS E CONTRADIÇÕES”

 

Bernardete Angelina Gatti: Por uma política de formação de professores

JC Notícias – 24/05/2019

Bernardete Angelina Gatti: Por uma política de formação de professores

Pesquisadora expõe obstáculos e desafios enfrentados na preparação de novos educadores

Poucos ruídos da rua chegavam à ampla e silenciosa sala de reuniões do Conselho Estadual de Educação de São Paulo (CEE) durante uma tarde de janeiro. “Hoje está tudo quieto, uma delícia, mas amanhã estará bem cheio”, comentou a educadora Bernardete Angelina Gatti, de 75 anos, presidente do conselho desde agosto de 2016. No dia seguinte, todos os assentos estariam ocupados para debates sobre processos de avaliação de instituições de ensino superior e outros temas. É Bernardete quem comanda, sempre às quartas-feiras, as sessões plenárias abertas ao público realizadas na sede do CEE, órgão criado em 1963 com o objetivo de estabelecer regras para as escolas estaduais e particulares e orientar as instituições públicas de ensino superior do estado. O conselho está instalado no segundo andar do edifício Caetano de Campos, na praça da República, região central de São Paulo. Inaugurado em 1894 e conhecido como “escola da praça”, o prédio histórico formou gerações de normalistas e, desde o final dos anos 1970, abriga a sede da Secretaria Estadual de Educação.

Na antessala da diretoria, quadros com imagens de crianças sorridentes manuseando lápis e papéis remetem ao início da carreira de Bernardete, que, durante a graduação em pedagogia na Universidade de São Paulo (USP), na década de 1960, lecionou para crianças e adolescentes em colégios públicos. A experiência como alfabetizadora e o doutorado em psicologia na Universidade Paris VII, na França, prepararam o terreno para que ela iniciasse em 1971 a carreira de pesquisadora na Fundação Carlos Chagas, instituição que é referência em avaliação educacional. Desde então, coordenou estudos pioneiros sobre a formação de professores no Brasil.

Revista Pesquisa Fapesp

 

AVALIAÇÃO E APRENDIZAGEM: UMA RELAÇÃO INDISSOCIÁVEL?

 

AVALIAÇÃO E APRENDIZAGEM: UMA RELAÇÃO INDISSOCIÁVEL?

Enílvia Rocha Morato Soares

Pesquisadora do GEPA

 

A avaliação carrega, ainda hoje, marcas acentuadas dos exames escolares criados no século XVI com o objetivo de selecionar estudantes em função da capacidade de memorização por eles demonstrada. A presença desse modo de avaliar se mostra fortalecido pelas atuais políticas de avaliação que se ocupam de avaliar sistemas de ensino por meio de exames, cujos resultados têm servido muito mais para ranquear escolas e estudantes do que para incitar a adoção de políticas públicas necessárias à melhoria da qualidade da educação. Continue lendo “AVALIAÇÃO E APRENDIZAGEM: UMA RELAÇÃO INDISSOCIÁVEL?”

 

Giroux: a guerra contra o ensino superior

 

Giroux: a guerra contra o ensino superior

por Luiz Carlos de Freitas, no blog do Freitas

“Giroux, autor de Neoliberalism’s War on Higher Education (“a guerra do neoliberalismo contra o ensino superior”, sem edição no Brasil), critica que as universidades estejam sendo atacadas com cortes contínuos em seu financiamento, especialmente os departamentos de humanas, para que deixem de ser centros de pensamento. E cita o caso brasileiro. Na semana passada, depois […]

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Luiz Carlos de Freitas | 14/05/2019 às 9:18 PM | Tags: Direto do fundo do poço, Resistência | Categorias: Assuntos gerais, Weintraub no Ministério | URL: https://wp.me/p2YYSH-6SH

 

A pós-verdade de avaliação censitária

Leitura obrigatória

A pós-verdade da avaliação censitária

por Luiz Carlos de Freitas

Avaliações de larga escala, feitas para abranger municípios, estados ou mesmo uma nação podem ser feitas tanto de forma censitária, ou seja, envolvendo todas as escolas e estudantes, como de forma amostral, utilizando-se de procedimentos estatísticos fartamente conhecidos e utilizados em vários campos. Em princípio, avaliações de larga escala devem servir para avaliar políticas educacionais […]

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Luiz Carlos de Freitas | 10/05/2019 às 9:14 AM | Categorias: Assuntos gerais | URL: https://wp.me/p2YYSH-6Sy

 

ANÁLISE DA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO NO REGIMENTO ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DF

 

ANÁLISE DA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO NO REGIMENTO ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DF

Grupo de pesquisa Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico – GEPA

06/05/2019

A Secretaria de Estado de Educação do DF (SEEDF) vem construindo concepção e práticas de avaliação formativa desde 2000. Quatro versões das diretrizes de avaliação foram elaboradas nesse período, sendo que as três últimas tiveram a participação de professores. A quinta versão foi concluída ao final de 2018, mas não foi implementada. Um esforço gigantesco foi empreendido, durante os últimos anos, por meio da formação continuada dos educadores, para ampliação da compreensão dessa função avaliativa.

Contudo, ao final de abril deste ano, as escolas foram surpreendidas por uma proposta de alteração do regimento escolar a elas enviada para oferecimento de sugestões, que entra em conflito com os preceitos da avaliação formativa inseridos nos documentos oficiais da rede pública do DF.   Continue lendo “ANÁLISE DA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO NO REGIMENTO ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DF”

 

“O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?”

“O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?”

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

A pergunta acima foi feita por uma professora da rede pública de ensino do DF, muito comprometida com o trabalho que desenvolve. Como o DF mantém a organização da escolaridade em ciclos há algum tempo e suas escolas receberam documentos orientadores da sua implementação, fui consultá-los para entender a razão da pergunta da professora. Não encontrei a resposta para sua dúvida. Fiquei preocupada. Ela deveria constar das orientações. Tento aqui refletir sobre o tema.   Continue lendo ““O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?””

 

Manifesto urgente pelas Ciências Humanas é lançado por sociólogos brasileiros

JC Notícias – 29/04/2019

Manifesto urgente pelas Ciências Humanas é lançado por sociólogos brasileiros

Nota da Sociedade Brasileira de Sociologia em Defesa do Ensino e Pesquisa nas áreas de Ciências Humanas

Leia a manifestação abaixo:

A Sociedade Brasileira de Sociologia vem expressar publicamente sua critica veemente as declarações do Presidente da República no sentido de “descentralizar” recursos nas universidades para as áreas de humanas como filosofia, sociologia, com o propósito de “focar” em áreas como veterinária, engenharia e medicina.

Certamente, as áreas de veterinária, engenharia, medicina e outras como biologia, química, etc. fundamentais para o desenvolvimento social e econômico do país.

No entanto, torna-se necessário salientar que as áreas de humanas possuem uma longa trajetória na história do conhecimento, elaborado em várias universidades espalhadas em diferentes partes do mundo são igualmente importantes para a construção de um país moderno, desenvolvido e mais solidário.

A sociologia é parte integrante do conhecimento científico, ao lado de outras áreas, como física, medicina, química, biologia, etc. Os conhecimentos que ela produz estão baseados em fatos empíricos oriundos da realidade social que são confrontados com teorias e conceitos. Desta forma, os conhecimentos elaborados pela sociologia utilizam métodos rigorosos de obtenção de dados, utiliza múltiplas fontes de informação, inclusive através de meios proporcionados pela informática e pela rede web e possui também técnicas sofisticadas no tratamento de dados quantitativos e qualitativos. Neste sentido, a Sociedade Brasileira de Sociologia não pode aceitar a acusação sem fundamento que a sociologia tanto nacional quanto internacional produz ideologias ou coisas semelhantes. A sociologia é uma ciência como as demais que integram esta modalidade específica de conhecimento, apartada de noções do senso comum.

A sociologia encontra-se atualmente presente em praticamente todos os países que possuem universidades. Ela vem fornecendo contribuições relevantes para os diversos países nas quais se encontra presente ao analisar questões de interesse público, como violência, desigualdades, sociais, a vida nas cidades e no campo, etc. Seu resultado tem contribuído para realização de políticas públicas para enfrentar uma diversidade de questões problemáticas existentes nas diversas sociedades.

A sociologia, tal como afirmou um dos mais respeitados sociólogos contemporâneos, Anthony Giddens, tornou-se um ator fundamental das sociedades modernas na medida em que seus conhecimentos permitem os cidadãos compreender o mundo contemporâneo que nos cerca e os contextos mais amplos nos quais vivemos.

Nunca será demais alertar que os países mais desenvolvidos – basta mencionar os Estados Unidos, Inglaterra, França Alemanha e outros- possuem vigorosos departamentos de ciências humanas e particularmente de sociologia, como os de Harvard, Columbia, Yale, etc., o mesmo ocorrendo com a Inglaterra, ilustrado pela presença da London School of Economics e na França pela École des Hautes Études em Sciences Sociales, os Departamentos de Sociologia presentes nas Universidades alemãs, como Bielefeld, Hamburg, Berlin, bem como China, através de sua Academia Chinesa de Ciências Sociais.

Ao invés de sofrer investidas e ameaças de cortes orçamentários estas instituições e seus Departamentos de Sociologia possuem o respeito social e intelectual de suas populações e ao mesmo tempo a proteção e incentivo acadêmico de seus respectivos governos.

Por fim, torna-se importante salientar em várias sociedades nacionais, determinados Editais internacionais para execução de grandes projetos tecnológicos (meio ambiente, saúde em geral e saúde pública, engenharia, por exemplo) têm exigido a participação, nas equipes de pesquisadores, de sociólogos uma vez que encontra-se em discussão nas arenas políticas internacionais os possíveis desdobramentos e consequências dos resultados desses projetos nas condições de vida de amplos segmentos populacionais.

Decretar e/ou estimular o fim do ensino e da pesquisa em sociologia, como de resto nas ciências sociais e nas humanidades, é estimular e promover o isolamento internacional do país do que se faz de mais avanço em todos os campos da ciência pelo mundo.

A Sociedade Brasileira de Sociologia conclama a comunidade universitária nacional e internacional a se juntar na defesa da preservação dos Departamentos de Sociologia no Brasil, bem como as demais áreas do campo das humanas.

A SBS conclama também a sociedade brasileira a defender a liberdade de pensamento e de pesquisa, a preservação do diálogo acadêmico entre as diversas áreas do conhecimento, ou seja, o intercâmbio intelectual entre as ciências naturais, as áreas tecnológicas e as áreas das humanas para construir em conjunto um conhecimento relevante científico e socialmente para a construção de uma sociedade moderna e solidária no Brasil.

A SBS acredita que este empreendimento necessita contar com o apoio governamental em termos de recursos financeiros adequados para esta tarefa bem como um espírito de tolerância intelectual a atividade científica empreendida pelas diferentes áreas de conhecimento no Brasil

Brasília, 26 de abril de 2019.

Carlos Benedito Martins

Presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia

Blog da Cidadania

 

O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?

“O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?”

Maria Susley Pereira

Pesquisadora do GEPA

A pergunta acima foi feita por uma professora da rede pública de ensino do DF muito comprometida com as aprendizagens dos estudantes. Este breve texto procura respondê-la.

Em primeiro lugar devo dizer que responder a esta pergunta em poucas linhas não é uma tarefa simples, pois falar sobre educação não nos permite discuti-la como uma ciência exata e, sendo assim, seria conversa “pra mais de metro”.

Sabemos que a reprovação e o abandono escolar são situações com as quais a educação brasileira convive há muito tempo e estão presentes desde os primeiros anos de escolaridade dos estudantes. No entanto, muito além desses dois efetivos problemas, enfrentamos um ainda mais complexo: muitos alunos seguem sua trajetória escolar com resultados inexpressivos em suas aprendizagens, resultando no que se tem chamado de “fracasso escolar”, mas que é possível ser denominado de um “fracasso da escola”, que produz a exclusão dentro dela mesma quando permite que o aluno ali permaneça sem aprender, inclusive contribuindo para o crescimento do fenômeno da defasagem série/idade. Continue lendo “O que prova que a organização em ciclos é melhor que seriação e não significa apenas diminuir os números de reprovação no sexto e no oitavo anos?”

 

SBPC divulga manifesto em defesa da educação, da ciência e da democracia

JC Notícias – 30/03/2019

SBPC divulga manifesto em defesa da educação, da ciência e da democracia

O documento foi produzido por ocasião da Reunião Regional da SBPC em Sobral, no Ceará, com apoio de pesquisadores, professores, estudantes, Prefeitura e instituições públicas do município

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulga neste sábado, 30 de março, a “CARTA DE SOBRAL”, conclamando a comunidade científica, acadêmica e escolar, sociedade civil, lideranças políticas e parlamentares a atuarem vigorosamente contra os retrocessos que ameaçam a educação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a democracia no País.

O documento foi produzido por ocasião da Reunião Regional da SBPC em Sobral, no Ceará, realizada nesta semana, entre 27 e 30 de março, evento que reuniu mais de 3 mil pessoas. O texto tem apoio de pesquisadores, professores, estudantes e Prefeitura e instituições públicas do município.

“Queremos que todos os cidadãos, em especial as crianças e os jovens, tenham garantidos seus direitos educacionais e sociais. Motivos justos para comemorações intensas pelo conjunto dos brasileiros, nos próximos anos e décadas, serão a superação do analfabetismo e da miséria, o avanço significativo na educação, na ciência e na tecnologia, uma melhor qualidade de vida para todos, a redução das desigualdades, a preservação do meio ambiente e de nossas riquezas naturais, que estão em causa neste momento, e o desenvolvimento sustentável do País”, afirma o manifesto.

Leia abaixo a carta na íntegra:

CARTA DE SOBRAL

Sob o Sol de Sobral: por uma educação básica de qualidade, pela ciência e pela democracia

O problema imaginado por minha mente foi solucionado pelo céu luminoso do Brasil

[Albert Einstein, 1925]

A SBPC e os participantes de sua Reunião Regional, realizada em Sobral entre os dias 27 e 30 de março, se manifestam firme e decididamente em defesa da educação pública de qualidade, da ciência e da democracia no País.

Comemoramos neste ano o centenário do eclipse solar de 1919, cujas observações, feitas em Sobral, foram decisivas para a confirmação da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, que alterou profundamente a ciência e a nossa visão do Universo. Deste município do Ceará, Terra da Luz – primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão –, vem, ainda, o exemplo notável de melhoria significativa no desempenho dos estudantes das escolas básicas, um processo que foi construído a partir de políticas públicas continuadas e que priorizaram a educação. Outros exemplos similares, e exitosos, provêm de diversos municípios brasileiros. Um desafio grande é estendê-los para abarcar todo o País.

A valorização efetiva do professor e sua formação adequada são fatores essenciais para a melhoria da educação básica. Outros fatores importantes são condições de trabalho adequadas, boa gestão escolar, avaliações criteriosas e mobilização da comunidade local em prol da educação. O ensino de ciências é fundamental para a formação de um cidadão no mundo contemporâneo. No momento em que ganham proeminência ideias obscurantistas e correntes anticientíficas, é essencial destacar a importância decisiva do conhecimento científico para as tomadas de decisão individuais e coletivas, para a gestão pública e para o desenvolvimento social e econômico do País.

O papel do Estado é essencial para a garantia dos direitos sociais dos brasileiros. A vinculação orçamentária de recursos para a educação e saúde foi uma importante conquista da Constituição de 1988, e a desvinculação desse orçamento, como anunciada recentemente, é uma ameaça muito grave e terá consequências catastróficas para a educação, a saúde e a qualidade de vida da imensa maioria dos brasileiros. Conclamamos todos os brasileiros a se unirem em um movimento amplo em defesa da educação pública de qualidade, laica, que respeite a diversidade e assegure direitos e oportunidades iguais para todas as crianças e jovens. O destino do povo brasileiro deve estar acima dos interesses financeiros ou de setores privilegiados da sociedade.

Por outro lado, os drásticos cortes realizados recentemente no orçamento de Ciência, Tecnologia e Inovação (da ordem de 40%), que já estava em nível muito baixo, colocam o Brasil na contramão da história. Os países desenvolvidos investem de maneira ainda mais acentuada em CT&I em momentos de crise econômica. Pesquisas demonstram que o investimento em ciência tem repercussão social significativa e retorno econômico grande. É inaceitável que sejam feitos novos cortes em um orçamento já tão reduzido. As consequências afetarão toda a estrutura de pesquisa no País e, ainda, os setores empresariais que buscam promover a inovação. Eles comprometem o funcionamento do sistema nacional de CT&I, construído ao longo de décadas, dificultam a recuperação econômica e certamente irão afetar seriamente a qualidade de vida da população brasileira e a soberania do País.

Recursos para educação e para ciência e tecnologia não são gastos, são investimentos do presente em um futuro melhor para o País!

A SBPC, ao longo de sua história, juntamente com muitas outras entidades científicas acadêmicas e da sociedade civil, se destacou por sua luta pela educação, pela ciência e pela democracia no Brasil. Atuamos contra as práticas autoritárias de um regime ditatorial, em defesa das liberdades democráticas, pela redemocratização do País e pela construção da Constituição de 1988 que incorporou os direitos da cidadania. Neste momento crítico da vida nacional, reafirmamos a importância do livre pensar e da democracia em sua plenitude. Não aceitaremos o retorno do cerceamento às liberdades democráticas, da censura, das perseguições políticas, da ausência da liberdade de expressão, que são direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.

Queremos que todos os cidadãos, em especial as crianças e os jovens, tenham garantidos seus direitos educacionais e sociais. Motivos justos para comemorações intensas pelo conjunto dos brasileiros, nos próximos anos e décadas, serão a superação do analfabetismo e da miséria, o avanço significativo na educação, na ciência e na tecnologia, uma melhor qualidade de vida para todos, a redução das desigualdades, a preservação do meio ambiente e de nossas riquezas naturais, que estão em causa neste momento, e o desenvolvimento sustentável do País.

É essencial, neste momento, uma atuação vigorosa e permanente da comunidade científica, acadêmica e educacional como um todo, por meio de suas entidades e instituições de pesquisa. É necessária uma mobilização mais intensa dos pesquisadores, professores e estudantes, das entidades científicas e das instituições de ensino e pesquisa brasileiras, em conjunto com outros setores da sociedade civil, lideranças políticas e parlamentares, para exercerem uma pressão social legítima, que poderá ser determinante para a reversão do atual quadro de retrocessos no apoio à educação e à ciência e tecnologia e de ameaças à democracia no País.

Que o Sol luminoso do Brasil inspire e motive a todos nós na resolução dos problemas do País.

Sobral, 30 de março de 2019

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